Texto Literário E Texto Científico
Pesquisas Acadêmicas: Texto Literário E Texto Científico. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Evaneide • 31/5/2014 • 1.046 Palavras (5 Páginas) • 480 Visualizações
Texto literário e texto científico: distinções fundamentais — O que distingue o texto literário do texto científico? O que permite a alguém reconhecer que está diante de uma obra de arte verbal e não de uma obra de informação do saber? São perguntas que geralmente o leitor se faz como ponto de partida para a compreensão de obras literárias, como um romance, um conto ou um poema. * * * Mas, antes de se responder, este leitor precisa ter em mente o que entende por literário e por literatura. Como se sabe, a expressão vem de littera, letra, modo de escrever, ou mesmo, carta. A partir daí, literatura seria tudo que é escrito, como bula de remédio, bibliografia sobre doenças, anúncio de cartomante, livro de Arnaldo Antunes etc. Com uma sutil diferença – a inicial maiúscula –, Literatura seria, para alguns estudiosos, a arte da escrita criativa. Ou o conjunto de obras artísticas de natureza verbal. Mas, nem sempre, os estudiosos estiveram de acordo entre si, quanto à observação deste critério definidor. Na idade média, por exemplo, quando a escrita era uma arte dominada por poucos, quase tudo que era escrito se confundia com literatura. A Literatura Brasileira inclui no seu acervo textos como a Carta de Pero Vaz de Caminha ou os vários tratados e impressões de viajantes do século XVI sobre a terra descoberta. Escritor é aquele que escreve, não importa o quê, se tratados de botânica, manuais de ética ou histórias de ficção. Supondo que o leitor considere literatura, mesmo escrita com inicial minúscula, como apenas a obra de arte verbal, podemos estabelecer algumas distinções básicas entre a linguagem literária, de natureza estética, e a linguagem científica, de natureza pragmática. Tais distinções valem ainda para outras modalidades de discurso, como o informativo, o emotivo, o coloquial etc. * * * O texto literário é antes de tudo um jogo de linguagem, no qual esta pode aparecer tanto quanto o próprio conteúdo veiculado. Como esta linguagem artística é opaca, isto é, retém o olhar sobre si, antes de conduzi-lo ao objeto retratado, ela aparece como parte do objeto. Já o texto destinado a ensinar, a comunicar o saber da ciência, é uma modalidade de discurso informativo onde a linguagem é transparente, permitindo que a atenção do leitor atravesse as palavras e frases e veja de forma clara aquilo que é informado. Como o objetivo é mostrar algo, é explicar um conjunto de saberes, a linguagem científica é transparente – invisível aos olhos que buscam um objeto definido. Neste ponto, o texto literário se opõe a diversas modalidades de texto, quer sejam elas científicas, informativas ou pragmáticas. Estaria um tanto próximo do texto coloquial, como a fala do dia-a-dia, bem mais complexa do que as outras, porque contém em si a semente e a soma de todos os registros do falante. Ela, a linguagem do dia-a-dia, é um pouco científica, informativa, e um pouco inventiva, artística. É pragmática e também emotiva, especulativa – lúdica. É da sua riqueza esquecida por entre as frases cotidianas que se constróem os primeiros jogos de sentido da arte verbal. É no saber arcaico da linguagem coloquial que importação de relógios se procuram as pedras que servem de base para as torres da dicção artística. No texto literário a linguagem é opaca; ela não apenas refrata, distorce ou redimensiona o objeto, como retém o olhar sobre si mesma, compartilhando a atenção do leitor com o objeto que constitui o plano do conteúdo da obra. A tessitura do texto não permite de pronto visualizar o objeto focado, assumindo o lugar de extensão complementar. Retomando a divisa de McLuhan, pode-se dizer que no texto literário o meio é a mensagem. O veículo da mensagem transmitida, isto é, a linguagem, já traz em si mesma muito daquilo que se diz. Se no discurso objetivo a fidelidade ao objeto da mensagem evita
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