A DESCOBERTA DA INFANCIA
Por: Natacha Calvo • 21/4/2015 • Resenha • 953 Palavras (4 Páginas) • 11.119 Visualizações
Livro: A História Social da Criança e da Família.
Capítulo 2: A Descoberta da Infância (Resenha)
Neste capítulo do livro, Philippe Áries faz considerações de qual tratamento era dispensado à criança e sua infância no período que corresponde ao século XI até o século XVII, podemos observar no decorrer da leitura que a infância foi conquistando aos poucos seu espaço e importância na sociedade, para tanto Áries usa em suas pesquisas obras, pinturas e retratos da época.
Para Áries, no período que decorre do século XI ao século XIII, a imagem da criança com suas características particulares e suas necessidades eram ignoradas. A arte pertencente à época mostra a criança como um adulto em tamanho reduzido, com traços fortes e musculatura, sem se importar com as verdadeiras características da criança, assim como foi retratado pelo pintor o menino Ismael, logo após seu nascimento no livro de salmos de São Luís de Leyde. O que dá a entender que a infância não passara de uma fase vital sem nenhuma importância (pág. 17), daí a falta de interesse em guardar sua verdadeira imagem, esta não precisava ser lembrada (pág. 18).
A partir do século XIII surgem obras que retratam as crianças de forma um pouco mais próxima a sua constituição física real. Áries cita as obras de Versalles, nelas as crianças apareciam em formas de anjos, crianças um pouco maiores, mas com traços redondos e graciosos. Crianças que eram espécies de seminaristas e ajudavam na missa, era o primeiro tipo de criança. Um segundo tipo era o modelo do menino Jesus ou Nossa Senhora menina, o menino Jesus em momentos ternos com a mãe. Eram raras, mas haviam cenas familiares, os pais cercados com seus filhos, como exemplo podemos citar um retrato com a família de Moisés, o marido e a mulher dão as mãos, enquanto as crianças que os cercam (homenzinhos) estendem as mãos para a mãe. Um terceiro tipo era a criança nua, que representava a morte, os cadáveres eram menores que os corpos vivos, ou a alma, o anjo da Anunciação entrega a Virgem uma criança nua, a alma de Jesus. È neste século então que se dá início a descoberta da infância. (pág. 18 e 19).
Essas cenas vão se tornando mais freqüentes no século XIV, a graciosidade da figura infantil se faz despertar, a criança brincando, comendo, com um animalzinho. As obras com temas religiosos exporiam a evolução na consideração que começava a ser dispensada à infância, a virgem estudando, os cuidados durante o nascimento da mesma, outras crianças santas como São João, companheiro de jogos do menino Jesus, São Tiago, os filhos de Maria-Zebedeu e Maria Salomé. (pág. 20).
Já no século XV e XVI as pinturas deixam de ser apenas representações estáticas de personagens simbólicas, passa a haver pinturas informais, reiais, a criança começa a fazer parte da vida dos adultos, participa de atividades que até então eram excluídas, se faz presente em reuniões, participa de passeios e jogos, se vê na escola, inicia-se o aprendizado de um ofício (pág. 20 e 21).
Embora já existisse certo sentimento brotando quanto à infância, esta ainda era considerada causadora de problemas e a perda de um filho poderia ser substituído por outro. A mortalidade infantil era tão alta que as pessoas evitavam se apegar e a consideravam uma eventualidade, talvez uma forma de defesa, daí o fato de não retratarem quase crianças sozinhas, pra que se lembrar de uma existência
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