A Docência para a Educação Profissional
Por: Monique Rana • 14/5/2018 • Resenha • 2.342 Palavras (10 Páginas) • 228 Visualizações
ATIVIDADE I
I – IDENTIFICAÇÃO
Professora: Ma. Renilce Miranda Cebalho Barbosa
Curso: Pós-graduaçãoEspecialização em Docência para a Educação Profissional, Científica e Tecnológica
Disciplina: Profissão Professor
Discente: Monique Rana de Souza Azevedo
Atualmente, uma das profissões mais comumente discutida sob as mais variadas visões, seja histórico-educacional, econômico, jurídico, sociológico, psicológico e etc., é a profissão docente. Normalmente, todas as teorias das profissões são abordadas pela vertente sociológica. Porém, o interesse sociológico, não é por essa orientação, mas sim por uma perspectiva histórico-educacional.
Araújo (2010), diz que entre o final do século XIX e começo do século XX, quando as teorias das profissões ganharam força dentro do cenário científico, muito por conta da importância da industrialização e da urbanização, e também tendo em o aprofundamento da divisão social do trabalho e suas consequências em torno da divisão social do saber, a profissão docente passou a ocupar espaço nas discussões, já que naquela conjuntura tal profissão também passou a se apresentar como coparticipante do cenário urbano, industrial e educacional.
A profissão docente carrega algumas particularidades que foram surgindo ao longo da história, que estão relacionadas com real papel do professor, a função da escola, e a real noção do que é educação escolar.
No texto analisado, Libânia Xavier relata que alguns formuladores e gestores das políticas educacionais, tinham um ponto de vista diferente e o desejo de fazer da prática pedagógica e da ação do professor um trabalho calçado em parâmetros racionais, com a expectativa de ter desses trabalhos, resultados previsíveis e imediatos, e isso gerou confusões, críticas infundadas e representações equivocadas sobre os vários aspectos da prática educativa, e que em contrapartida, gerou certo descrédito em relação às instituições, mais especificamente sobre a escola, que contribuiu para reforçar uma imagem bastante instável do seu real papel e da influência positiva exercida pelo(a) professor(a) na vida de seus alunos e no próprio desenvolvimento social de maneira geral.
O texto traz um trecho onde Hutmacher, fala de maneira resumida, porém, bastante clara sobre essa difusão da função da escola e o papel do profissional docente, que diz:
As concepções que comumente se difundem sobre a função da escola e o papel do professor, em geral, aparecem associadas a duas noções recorrentes: a noção de que a educação escolar encontra-se em crise e a convicção de que é preciso promover uma mudança. Contra essa corrente, alguns estudos apresentam argumentos que nos permitem desestabilizar certas ideias e noções naturalizadas pela familiaridade que temos com o modo de vida escolar (Hutmacher,1992, apud XAVIER 1992, p.830).
Dentro dessa retrospectiva da história, outros estudos mostraram que de uma forma geral, a formação e atuação dos profissionais docentes, sempre foi marcada por uma segregação entre o eu profissional e o eu pessoal. Ou seja, mostram uma nova perspectiva dos professores, onde fora resgatado o quanto a individualidade do professor, influenciava na atuação da sua profissão.
Com relação essa perspectiva, Libânia Xavier relata que estudos de Tardif; Lessard; Lahaye, (1991); Hutmacher (1992), sobre as formas de organização do trabalho pedagógico e (Perrenoud, 1993), sobre as tensões que marcam as práticas docentes, onde os primeiros pesquisaram sobre a construção do saber docente em situações de trabalho, onde se destacam três questões no centro dessa problemática, que são:
- As características particulares do saber docente;
- Os aspectos que distinguem o saber docente do saber universitário – no âmbito das chamadas “ciências da educação” – e dos conhecimentos incorporados nos cursos de formação de professores;
- As relações entre as três instâncias de produção de saberes – a formação universitária, a formação pedagógica e a profissionalização ocorrida na prática cotidiana e no ambiente escolar.
O que se podemos dizer é que essas pesquisas nos trazem aspectos que corroboram toda a contextualização histórica do desenvolvimento da profissão, e do profissional docente, de forma a nos dar a real compreensão e visão sobre a constituição do saber docente.
Além disso, quando permeamos pela leitura e compreensão do texto, aliando aos estudos desenvolvidos por vários autores, compreendemos quando eles afirmam que “os saberes docentes são temporais, plurais, e heterogêneos, personalizados e situados e, ainda, carregam consigo as marcas do seu objeto, que é o ser humano. (XAVIER, 2014 p.831)”. Pois, da mesma forma, apesar das suas singularidades, o ser humano em seu caráter, também é plural, heterogêneo, personalizado na sua forma de orientar, transmitir os saberes docentes, os conhecimentos.
Com toda essa evolução e desenvolvimento da construção social e histórica do saber docente e da profissão docente e todas as suas particularidades, dentro do contexto atual, os educadores ainda vivenciam e sofrem as consequências de uma situação de “mal-estar”, causada pelas mudanças recentes na educação, que são claramente representadas por sentimentos e sensações que foram produzidos em termos de educação ao longo da história. Sensações como, medo do que irá enfrentar ao ingressar na profissão, desmotivação pessoal, que muitas vezes se torna decepção, com o baixo investimento na educação escolar e na formação do profissional docente por parte dos governantes, a desvalorização do profissional professor que não mais é visto como “autoridade” máxima dentro da sala de aula, e acaba gerando esgotamento físico, psicológico e estresse, como consequência do acúmulo de tensões diárias, e a ausência de uma reflexão crítica sobre a ação profissional e outras reações que permeiam a prática educativa e que acabam, em vários momentos, provocando um sentimento de autodepreciação e e abandono da própria profissão.
Em relação da socialização e identidade profissional, o texto de Libânia Xavier destaca a abordagem sociológica francesa, que norteou a maioria dos estudos brasileiros sobre a profissão docente, onde o que prevaleceu foi explanar e explicar a preocupação da ideia recorrente de crise das instituições escolares e compreender suas repercussões sobre o trabalho docente, onde essas questões, de certa forma incentivaram o estudo das negociações identitárias, destacando os processos de construção individual e coletiva das identidades docentes.
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