A Educação dos Remanescentes de Quilombos no Município de Maraú
Por: LilianLara • 12/11/2018 • Trabalho acadêmico • 4.566 Palavras (19 Páginas) • 321 Visualizações
A Educação dos Remanescentes de Quilombos no Município de Maraú
Altanira Santos Pinheiro
Eliete Santos Silva
Fábio Pinheiro da Silva
Lílian Santana Vieira
Mailane Lemos Santos
Prof. Andreia Ribeiro Silva
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em Pedagogia (PED 0918) – História da Educação
09/12/13
RESUMO
A pesquisa teve como objetivo conhecer a educação dos quilombolas, descobrir como funcionam os projetos educacionais e também comparar os quilombolas de antes e nos dias de hoje. As interpretações dos dados dessa pesquisa possibilita um entendimento mais estruturado sobre a vida dos quilombolas, como surgiram os primeiros remanescentes de quilombo, o que levou ao seu surgimento, quais foram seus principais representantes. Sabe-se que o quilombo mais conhecido foi o Quilombo de Palmares que teve como principal representante Zumbi dos Palmares. Assim no município de Maraú identificou-se alguns remanescentes de quilombos como A Associação dos Quilombos da Região do Empata Viagem, A Associação de Moradores e Amigos Agricultores Quilombolas e Afro descendentes da Vila da Paz do Povoado do São Raimundo, Associação de Quilombolas, Agricultores e Moradores de Terra Verde e Minério. Percebeu-se assim que a educação escolar quilombola ainda é uma problemática na região de Maraú, pois o difícil acesso as áreas remanescentes de quilombos impossibilita o melhor reconhecimento desses remanescentes.
Palavras-chaves: remanescente de quilombo; quilombo de palmares; educação dos quilombolas.
1 INTRODUÇÃO
Quilombola significa grupo formado por descendentes de escravos foragidos em quilombos.
Para o diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro, Alexandro Reis, é necessário haver a contextualização histórica para garantir o respeito à identidade cultural das comunidades quilombolas. “Não adianta falar da história do Brasil, dizendo que o quilombo era espaço de resistência da escravidão sem trazer a importância da comunidade quilombola. O quilombo era um espaço de negros que fugiram da escravidão. Só isso? Quem eram esses negros? Quais eram suas línguas? Se não contextualizar, perde a riqueza histórica”, analisa Reis.
O Ministério da Educação (MEC) considera que a diversidade étnica e o multiculturalismo do país exige a adoção de estratégias diferenciadas para públicos-alvo específicos, como os de áreas remanescentes de quilombos. Essa ação tem como princípio que “o direito à educação é universalmente reconhecido como direito fundamental do homem, sem distinção de gênero, raça, idade ou classe social”.
A adoção de estratégias diferenciadas para a educação em áreas remanescentes de quilombos considera que o governo reconhece suas responsabilidades com relação à população afro-brasileira, apoiando e implementando ações que ofereçam a promoção socioeconômica, educacional e cultural desta parcela, no entanto, há uma gama de problemas localizada principalmente em zonas rurais de difícil acesso, habitadas por grupos populacionais que se encontram excluídos dos benefícios sociais.
Para se discutir a educação escolar quilombola é preciso considerar a constituição histórica dos quilombos do Brasil. Pois, a luta contra o racismo e discriminação racial, assim como, pela vida, saúde, moradia e educação encontra-se atrelada à história de opressão sofrida, os avanços e as conquistas decorrem das ações do movimento social organizado das comunidades quilombolas.
A educação no município de Maraú – BA vem ganhando espaço a cada dia, sendo que é um dos municípios com maior número de escolas da região litoral sul do Estado da Bahia, possuindo assim 65 escolas municipais sendo 07 situadas em áreas quilombolas, inclusive com uma escola situada na região do Empata Viagem a Escola Municipal Vitório Magalhães, que trabalha com ensino fundamental I multisseriado onde os alunos remanescentes de quilombos cursam as séries iniciais e depois se deslocam para outras localidades para cursar o ensino fundamental II e o ensino médio. Esses alunos enfrentam grandes dificuldades para chegarem até as escolas, pois as estradas encontram-se em situações precárias e em épocas chuvosas chegam até a ficarem ilhados.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A fundação do Quilombo de Palmares e seu herói Zumbi
O quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas, em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras.
Com a chegada de mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam com vilas. O mocambo do macaco localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares.
Alguns anos após a sua fundação, o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife, de Porto Calvo (hoje em Alagoas) que o batizou de Francisco e o alfabetizou, ensinando-lhe português e latim. Aos dez anos tornou-o seu coroinha. A população local não aprovava a atitude do pároco, que criava Francisco como filho e não como servo.
Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públicas. Por isso, com 15 anos, Francisco foge, e retorna a Palmares.
Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. O nome de Zumbi apareceu pela primeira vez em 1673, em relatos portugueses sobre a expedição chefiada por Jácome Bezerra, que foi desbaratada pelos quilombolas. Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de ministro de guerra nos dias de hoje.
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