A Filosofia da Educação: Hilda
Por: Kate Filgayras • 1/2/2024 • Trabalho acadêmico • 3.627 Palavras (15 Páginas) • 53 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
A ANIMAÇÃO HILDA SOB AS CONCEPÇÕES MODERNAS E PÓS MODERNAS DE ROUSSEAU E GHIRALDELLI
Discentes: Fernanda Prates Volcan Nunes - 20.1.3146
Kate Alves Filgueiras - 20.1.3324
Larissa Gabriela de Araújo - 20.1.3179
Nicolas Gomides Hermenegildo - 20.1.3292
Docente: Marcus Vinicius Fonseca.
MARIANA, MG
2021
Sumário
1 INTRODUÇÃO 2
2 HILDA E A EDUCAÇÃO MODERNA NO CONCEITO DE ROUSSEAU 4
3 HILDA E A EDUCAÇÃO PÓS-MODERNA NO CONCEITO DE GHIRALDELLI 7
4 CONCLUSÃO 12
REFERÊNCIAS 13
1 INTRODUÇÃO
A disciplina de Estudos Filosóficos da Educação abarca diversas análises fundamentadas em saberes filosóficos, com o objetivo de compreender a prática educativa e de que maneira ela se desenvolveu sob uma perspectiva histórica. Ao longo da disciplina foram trabalhadas algumas obras relevantes, que trouxeram a luz o que se pensava sobre a questão da infância e educação em cada momento da história.
E estas obras serviram para apresentar a visão de grandes filósofos, contribuindo para que em um primeiro instante, fosse possível fazer análises a respeito dos seguintes filósofos: Platão, Montaigne, Descartes, Locke, Rousseau, Kant, Vygotsky, Dewey, Piaget e Lipman, os quais, foram discutidos na obra “Aspectos da educação da criança na história da filosofia da educação: a perspectiva de filósofos e educadores” (SILVA; DA MOTA, 2013).
Neste ínterim, foram trabalhadas as perspectivas do que pensavam Ariès e Gélis sobre o retrato da criança no mundo primitivo. Entretanto, a partir dos pensamentos de Rousseau, Dewey, Ghiraldelli e Hanna Arendt, que se estabelece a noção de infância no mundo moderno e pós-moderno, a qual é debatida por diferentes autores na atualidade.
Na intenção de relatar as concepções de infância apresentadas ao longo da disciplina, o presente trabalho, optou por escolher um desenho de 2018 chamado Hilda (disponível na plataforma virtual Netflix), que traz consigo alguns apontamentos relevantes sobre a questão da infância e educação moderna/pós-moderna.
Haja vista que se trata de uma animação referente à contemporaneidade, o estudo que se segue utilizou-se dos pensamentos de Rousseau presentes na obra: “Rousseau & a educação” (STRECK, 2004), e “As concepções de infância e as teorias educacionais modernas e contemporâneas” e “A teoria educacional no Ocidente entre modernidade e pós-modernidade” (GHIRALDELLI, 2000), como fontes principais correlacionando-os ao longo do texto com a vivência e experiência da personagem no desenho.
Estado de natureza apresentado por Rousseau, é a percepção de que a criança é pura e que precisaria ter a sua liberdade de experimentar, tocar objetos, sentir o seu ambiente, e a partir disso ser desenvolvida através da educação, orientada por um adulto que respeite cada etapa de sua vida. A educação defendida por Rousseau, tem como objetivo, oferecer a autonomia necessária para a criança ter a capacidade de adaptação à vida, assim conquistando a sua liberdade. Neste sentido, é possível traçar um paralelo entre a filosofia de Rousseau e a necessidade de adaptação por parte da personagem Hilda para cada nova aventura.
Em seus anos iniciais, Hilda é criada na floresta, com toda liberdade para explorar cada parte desse universo, sendo ela a responsável por solucionar qualquer problema. O seu maior conflito aparece quando a sua mãe deseja mudar para a cidade Trolburgo, um meio urbano diferente do qual ela estava adaptada, para que ela pudesse fazer amizades com outras crianças de sua idade.
A partir disto, foi possível elencar os aspectos discutidos em Ghiraldelli, o qual, destaca outros autores como Davdson e Rorty ao tratar do mecanismo tradicional da escolarização e trazer elementos dos efeitos da modernidade discutida em Rousseau, para que então pudesse apresentar a visão pós moderna dessa noção de infância e educação e fosse permitido relacionar o desenho Hilda como representação destas ideias.
2 HILDA E A EDUCAÇÃO MODERNA NO CONCEITO DE ROUSSEAU
Entende-se a educação como papel fundamental na formação humana, e para Rousseau, mais essencial do que estudar e analisar as matérias a serem ensinadas, é estudar as crianças. Através disto, compreende-se que a criança deve ser o centro do processo educacional, buscando nela o que a faz querer aprender.
Ao longo de anos, os interesses dos adultos foram determinantes na vida das crianças, esquecendo-se que elas carregavam desejos e interesses próprios. Desta maneira, Rousseau ressalta em diversas passagens, a importância de a criança ser vista em seu próprio mundo e não como projeção do adulto. Ao afirmar isto, mesmo que na época não houvesse uma ciência, a qual, estudasse de fato a criança, o filósofo antecipa o conceito moderno de infância e, por esta razão, Rousseau pode ser considerado, o inventor de tal definição.
As primeiras noções de infância advêm de descobertas da criança por meio de si mesmas. No decorrer de sua vida, a criança utiliza de três elementos educativos para seu desenvolvimento, sendo eles: a educação da natureza, na qual a criança utiliza da natureza através de sua capacidade de fazer perguntas e respondê-las.
As experiências e os fatos; pelos quais se compreende que as experiências educam, haja vista, que para Rousseau, o professor deve apontar os fatos, preservar os instintos e proteger as crianças do afastamento de sua natureza e dos julgamentos dos outros, a fim de desenvolver nas mesmas, sua própria capacidade de julgamento, além de contar com o terceiro elemento que decorre por meio da educação dos homens, na qual se forma o cidadão.
Paralelamente aos ideais rousseaunianos, pode-se citar o desenho britânico-canadense, Hilda (2018), no qual traz situações sob a perspectiva infantil. Durante o período de sua vivência na floresta, junto a mãe, a garotinha se sente livre em sua própria visão de mundo, por intermédio da natureza que reside dentro dela, levando-a a preservar sua bondade e desenvolver sua autonomia, com vias a fortalecer sua independência em relação aos outros.
Entretanto, no momento em que ela se muda para a cidade, sente a necessidade de se adaptar às novas formas de encarar o mundo e os estudos. Segundo Rousseau (1964, p.351), "O homem nasceu livre e por toda parte se encontra sob grilhões", nesta conjuntura, Hilda se encontra em um local onde as perspectivas dos interesses dos adultos sobrepõem aos interesses das crianças, inviabilizando a liberdade das mesmas de serem enxergadas em seu próprio mundo.
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