A Oficina de Artes para Alunos com TDAH
Por: Suell3n • 21/9/2018 • Trabalho acadêmico • 2.285 Palavras (10 Páginas) • 2.991 Visualizações
Oficina de Artes para Alunos com TDAH
1. Introdução.
O diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças em idade escolar tem aumentado muito nos últimos anos e preocupado cada dia mais pais e profissionais da educação. A estimativa é de que os sintomas de desatenção, hiperatividade afetem entre 3 e 5% das crianças em idade escolar.
O TDAH é um transtorno que começa a apresentar sintomas na infância, mas que frequentemente acompanham o indivíduo por toda a adolescência e vida adulta, causando muitas complicações que podem levar a um afastamento social, bem como a perda de autoestima – por não se encaixar nos padrões pré-estabelecidos como aceitáveis pela sociedade em geral.
A arte tem um papel importante na intervenção junto a alunos que apresentem TDHA, pois por meio de atividades artísticas é possível que o aluno trabalhe e desenvolva a parte afetiva, melhorando sua autoestima e socialização, bem como a sua atenção, autocontrole, foco, motricidade e atenção.
2. TDAH e a arte.
Segundo Benczik (2000) o TDAH vai impactar significativamente na vida familiar, escolar e social da criança, pois a criança apresentará “um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade, mais frequente e severo do que aquele tipicamente observado em crianças de mesma idade que estão no nível equivalente de desenvolvimento.” (p.25)
Essas crianças podem mostrar sintomas de desatenção – por exemplo, cometendo erros não porque não sabe, mas sim porque não se atentou a detalhes como pontuação da palavra ou no sinal de uma conta de matemática; não prestando atenção ao que foi dito, se distraindo facilmente com qualquer ruído ou movimento externo; desorganização, distração e perda de materiais, atividades, prazos; evitando coisas que exijam atenção e sempre deixam as tarefas e atividades inacabadas, mudando constantemente o foco; não conseguindo seguir instruções, mesmo que seja algo simples, etc. – bem como sintomas de hiperatividade – por
exemplo, inquietação excessiva e falta de controle corporal, o que faz com que a criança não consiga se manter concentrada por longos períodos de tempo; envolvimento em atividades perigosas sem pensar em consequências; necessidade de correr e subir em móveis em momentos inapropriados; não conseguir ficar em silêncio, sempre precisando fazer barulho ou falar durante as atividades; não conseguir aguardar a sua vez, seja em filas ou em conversas, sempre interrompendo ou se intrometendo na vez ou fala do outro; atividade corporal excessiva, sem um objetivo definido, etc.
Vale lembrar que tais comportamentos podem estar presentes em todas as crianças em idade escolar, mas o que diferencia tais comportamentos como características do desenvolvimento normal da criança e os sintomas de TDAH, são a intensidade e periodicidade em que tais comportamentos se apresentam e impacto dos mesmos no cotidiano social e escolar da criança.
As crianças com TDAH geralmente tem dificuldades para lidar ou aceitar frustrações e demonstram resistência ao “não”, além de apresentarem uma baixa autoestima, pois acabam desenvolvendo uma visão negativa de si mesmos.
A arte pode contribuir muito para que o aluno com TDAH possa trabalhar suas capacidades e desenvolver-se a ponto de ter as mesmas oportunidades de aprender e interagir com o conhecimento, tal e qual os demais colegas de classe. Por meio da arte é possível que o aluno desenvolva a sua afetividade e cognição, bem como outros recursos – tais como foco, atenção, autocontrole – que serão muito úteis para que ele possa desenvolver estratégias para lidar com as dificuldades e questões que surjam na sua vida de forma mais prática e benéfica para si e para os que o cercam.
O psicopedagogo poderá utilizar variadas técnicas e recursos artísticos para trabalhar com crianças que apresentem TDAH, visando desenvolver e trabalhar diversos aspectos de desenvolvimento. Como sugere Vieira (2017) podem ser utilizados:
• Elaboração de retratos e autorretratos: Desenvolve o autoconhecimento, autoestima, conhecimento maior do real. • Manipulação de objetos com os olhos vendados, e verbalização de
seus atributos: Trabalha a representação mental e discriminação de estímulos táteis. • Expressão oral, plástica, corporal: Tem fundamental importância no desenvolvimento global. • Pintura a dedo: Atividades artísticas como estas favorecem o desenvolvimento afetivo, especialmente por facilitarem a livre-expressão e assegurarem o equilíbrio emocional. • Argila ou massa de modelar: Ao manipularem, os alunos desenvolvem a coordenação motora fina e a relação com o espaço. • Atividades de recorte e colagem: Além de contribuir para o desenvolvimento cognitivo, trabalha a motricidade fina e a imaginação. • Dobraduras: Desenvolve a criatividade, a atenção e a coordenação motora. • Jogos com regras: Trabalha o raciocínio, atenção, antecipação de situações através de diferentes estratégias. Ajuda às crianças de baixa tolerância à frustração a lidarem melhor com seus sentimentos. • Brincadeiras de teatro com o uso de fantoches: O objetivo é propiciar o desenvolvimento da criatividade, da linguagem e da expressão corporal. • Espumas coloridas: O objetivo desta atividade é trabalhar a percepção, os sentimentos, as emoções e a criatividade. Após colocar água e detergente em um recipiente, deverá ser feita bastante espuma e, sobre esta, acrescentar várias cores de anilina. Em seguida, uma folha branca de papel deve ser colocada sobre a espuma com o objetivo de tingir o papel. Depois, levanta-se a discussão do por que determinadas escolhas, de cor, desenho ou frase. (p.149-150).
Desse modo propomos a elaboração de uma oficina de criatividade a ser realizada com alunos do primeiro ano do ensino fundamental l que apresentam um diagnóstico de TDAH.
2.2. Oficina de criatividade em grupo
Como citado anteriormente, as crianças que apresentam desatenção possuem dificuldade para manter o foco e acabam por deixar as atividades inacabadas. Já as crianças que apresentam hiperatividade não conseguem se manter focadas em uma única atividade por muito tempo, o que acaba levando a que façam as atividades de forma rápida e desleixada para “acabar logo”.
Dessa forma propomos uma oficina de criatividade em grupo, onde possamos trabalhar em dois momentos diferentes com atividades e materiais que sejam instigantes e que ofereçam ao aluno a possibilidade de mudar de atividade, mas com a premissa de que para que a mudança seja realizada é preciso que
finalize devidamente
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