A Perpetuação das Desigualdades Educativas
Por: gaaraomaniaca • 11/1/2022 • Trabalho acadêmico • 1.187 Palavras (5 Páginas) • 99 Visualizações
Nota Introdutória
O portefólio de pesquisa permitiu a seleção dos autores mais referenciados nas
bases de dados de acordo com a temática massificação escolar. Procurei, de acordo com
os resultados, responder à minha pergunta de investigação: “Que fatores levam à
perpetuação das desigualdades educativas de ordem socioeconomica?”. Para tal,
baseei-me na leitura de artigos de Neves, T., Ferraz, H., Nata, G. e Krüger, N, autores dos
artigos mais citados sobre a referente temática da massificação e desigualdades
educativas.
Os primeiros três autores apresentam um estudo o longitudinal baseado em
grandes bancos de dados de pontuações no ensino secundário e acesso ao ensino
superior em Portugal. Os resultados deste estudo demonstram como o acesso ao ensino
superior se baseia e reforça as desigualdades sociais. Apontam para variadas causas
como as escolas secundárias privadas e pagas que aumentam a pontuação dos alunos e
que consequentemente melhora injustamente as hipóteses de acesso ao ensino
superior.
Outro fator que aponta para uma das possíveis respostas à minha pergunta de
partida é a ineficácia do programa nacional português de educação compensatória
perante a superação de uma lacuna no desempenho académico entre os menos
priveligiados e as restantes escolas. O estudo expõe como as classes altas são
desproporcionalmente beneficiadas pela massificação do ensino superior.
Trata-se da realidade não apenas portuguesa, mas também em países não
europeus. A massificação dos sistemas educacionais latino-americanos leva a
reconsiderar o conceito de inclusão/exclusão educacional uma vez que, em parte, as
desvantagens sociais têm sido transferidas para o interior da escola, configurando
situações de inclusão desigual. Krüger (2019) concentra o seu estudo numa das
principais dimensões de inclusão social, a aprendizagem, que segundo o autor é pouco
estudada na região da América Latina. Os resultados posicionam a região como aquela
que apresenta o menor nível de integração social nas escolas, apesar de uma certa
redução na segregação em alguns países nos últimos anos. Dada a intensidade do
problema e seu impacto potencial sobre a desigualdade de oportunidades, o objetivo
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final do trabalho é contribuir para a visibilidade da questão e fornecer informações para
o desenho de políticas.
Pude verificar através das leituras que os artigos mais citados, têm como objeto
de estudo a segregação e desigualdade económica centradas na realidade do ensino
secundário, o que me leva a crer que a oferta de estudos relacionados com a temática
da massificação e desigualdades educativas, será maior sobre esta realidade do que
sobre os restantes ciclos de escolaridade. Este fator estará relacionado com o
prosseguimento de estudos e a entrada no ensino superior, que provavelmente será o
caso mais impressionante relativamente às desigualdades de ordem económica.
O caso da América Latina
Vários autores destacam que a exclusão não se manifesta apenas nas
dificuldades já habituais de entrada ou expulsão precoces, mas também atinge quem
está na escola e não tem acesso a uma aprendizagem equivalente de grande relevância
ou interação democrática dentro da escola.
A escola pode ser considerada um espaço privilegiado para promover a
socialização entre os diferentes estratos socioeconômicos, apoiando a educação nos
valores de respeito e na igualdade. No entanto, a possibilidade de a educação contribuir
para a construção da cidadania democrática é limitada na maioria dos países da região,
devido à segregação social e acadêmica dos alunos. A segregação escolar por nível
socioeconômico refere-se ao facto de grupos de alunos de diferentes origens sociais
estarem desigualmente distribuídos entre as escolas.
Segundo os dados do estudo de Krüner(2019), pode sugerir-se que a intensidade
da segregação escolar na América Latina está ligada a fatores estruturais como elevados
níveis de pobreza e desigualdade socioeconómica, bem como gastos com educação
insuficiente ou ineficiente. Por sua vez, a crescente participação do setor privado na
educação, parece demonstrar uma contribuição no aprofundamento da situação.
Algumas das razões apresentadas para massificação nos países da América Latina
foram, no caso do Chile que excede em muito os outros países nas dimensões de acesso
e aprendizagem, mas mostra níveis significativos de segregação, poderá estar
relacionado com o facto de por um lado, o país ter um perfil demográfico moderno e
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com rendas altas, o que o torna semelhante
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