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A SÍNTESE: CARTA DE PRINCÍPIOS

Por:   •  25/8/2022  •  Dissertação  •  791 Palavras (4 Páginas)  •  86 Visualizações

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SÍNTESE: CARTA DE PRINCÍPIOS

A Reforma Protestante completou 500 anos em 2017. Houve algumas implicações do pensamento da Reforma Protestante manifestadas na interação entre europeus protestantes e nativos brasileiros, um intercâmbio cultural, religioso e social associado à figura do reformador João Calvino. Quando duas culturas se encontram, acontecem intercorrências, tanto positivas quanto negativas, especialmente quando se trata de culturas tão diferentes, e quando há choque entre as cosmovisões, o resultado são marcas profundas. Porém, a troca de experiências culturais é muito importante para o desenvolvimento civilizatório. Os cinco séculos da história após a Reforma Protestante, coincidem com os cinco séculos da história do Brasil. A extraordinária história do Brasil, aponta europeus que vieram a esta terra com propósitos construtivos, de elevada nobreza, e alinhados com os valores que a Reforma Protestante do século XVI legou à civilização moderna. Esse lugar de tolerância e solidariedade estava no ideário do viajante Jean de Léry, que desembarcou no Brasil por causa dos ideais da Reforma Protestante, como um missionário sapateiro e estudante de teologia. Sua vinda e convivência com os indígenas veio a ser um útil instrumento para apresentar aos demais europeus um povo brasileiro que eles não conheciam. Léry renunciou à perspicácia de observador antropólogo, e o fez através das lentes de uma cosmovisão cristã, fruto de sua fé reformada. As igrejas protestantes cresciam e agregavam adeptos, as pessoas encontravam na fé cristã reformada um modo de vida abrangente, assim o cristianismo podia ser aplicado a todas as áreas da existência humana. A teologia calvinista promoveu transformações inclusive de cunho acadêmico-científico. Após a propagação da cosmovisão cristã, o ocidente não foi mais o mesmo e esses resultados foram recebidos como uma ameaça à religião dominante europeia. Léry associou-se a Igreja Reformada de Genebra, cujo pastor era João Calvino, e começou a preparar-se para o ofício pastoral. As perseguições contra os adeptos da reforma partiram para a ofensiva. Assim, países como a França passaram a perseguir os cristãos reformados. Léry teve a oportunidade de acompanhar alguns de seus irmãos de fé numa viagem à França Antártica (atualmente, Baía da Guanabara, Rio de Janeiro). A Igreja de Genebra recebeu um pedido de ajuda vindo da França Antártica, solicitando que pastores cristãos reformados fossem enviados à colônia para estabelecer uma visão reformada. A missão genebrina chegou ao Brasil em 10 de março de 1557, e com a chegada dos cristãos calvinistas, aconteceu o primeiro culto protestante a Deus em solo brasileiro e americano. Nicolas Durand de Villegaignon, principal responsável pela fundação da França Antártica, mudou seu comportamento. Ele tinha feito a promessa aos cristãos europeus de liberdade religiosa. Após oito meses da chegada dos viajantes, esses missionários perceberam as crescentes tensões e o perigo iminente. Estes, foram expulsos da ilha e foram rumo ao desconhecido no Continente. A perseguição também chegou à terra do Brasil, e Léry e seus companheiros tiveram de procurar abrigo na floresta continental. Nesse momento a Reforma Protestante e o povo brasileiro promoveram um encontro inesquecível. Os missionários foram acolhidos pelo povo Tupinambá. Léry enfrentou as privações até conseguir retornar à Europa. Nem todos os missionários conseguiram retornar à Europa, e acabaram retornando ao arraial francês. Quatro de cinco missionários foram aprisionados por Nicolas e acusados de heresia, mas um conseguiu fugir para o continente. Três deles, foram brutalmente mortos por Nicolas. Através de seu livro, Léry pode mostrar ao povo europeu, quem de fato eram os Tupinambás. Suas narrativas foram guiadas pelo olhar da cosmovisão cristã. Após o acolhimento dos Tupinambás para com Léry e os outros missionários, o que se sucedeu ficou conhecido como os primeiros passos da Antropologia moderna. Léry não se limitou a interpretar os Tupinambás como selvagens, incrustrados, sem lei, sem conhecimento, sem um rei, sem sendo moral, sem fé. Léry se aproximou dos Tupinambás com um olhar simpático e sensível. A partir desse momento, ele os descreve como um povo generoso, leal, dado à hospitalidade e capaz de receber o Evangelho, e foi capaz de perceber que aquele povo tinham uma clareza muito maior sobre a avareza do que os europeus. Ele queria interpretar e descrever o povo brasileiro através dos olhos de Deus. Léry fez antropologia a partir do pressuposto da criação, queda e redenção, reconheceu que os Tupinambás eram pessoas criadas por Deus, feitas à sua imagem e dotadas de dignidade intrínseca. Apresentavam momentos em sua cultura, que refletiam as verdades do Criador, mesmo que inconscientemente. Como qualquer povo, os tupinambás praticavam rituais que acreditavam trazer sentido a sua existência, até mesmo canibalismo contra seus inimigos. Após 500 anos da Reforma Protestante, podemos olhar para trás e enxergar a nossa história, e enxergar um futuro melhor, no qual criação, queda e redenção nos fazem ver as pessoas e suas culturas com respeito e dignidade

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