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A essência do processo pedagógico no registro da emancipação humana

Por:   •  9/9/2015  •  Resenha  •  1.301 Palavras (6 Páginas)  •  227 Visualizações

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O artigo discute as questões que constituem, ou deveriam constituir a essência do processo pedagógico no registro da emancipação humana, a educação para a diversidade a produção do pensamento crítico, o exercício do dissenso.

Milton Santos lembra que as comemorações normalmente exaltam as vitorias, mas deveria haver comemorações para exaltar as derrotas e obstáculos que fazem parte da vida de quem trabalha e de quem luta, que nem sempre são levados em conta. Segundo ele, são obstáculos, as derrotas e as utopias vencidas, que ficaram pelo caminho, que constituem a única via para as possíveis vitórias: são eles, em última análise, a essência da história (SANTOS, 2004).

Por outro lado, o tempo histórico, como nos ensina Fernand Braudel, compreende a pluralidade dos tempos sociais – a dialética continuidade/perpétua mudança – que nos envolve a todos. Ao longo de mais de trinta os avanços políticos e institucionais no que diz respeito ao esquema educação/prática pedagógica/construção da cidadania, que certamente, devem ser levados em conta. Todos sem exceção, foram produzidos pela pressão das trabalhadoras e dos trabalhadores do ensino e da sociedade organizada. A maioria destes avanços, no entanto, sofre de quase insuportável lentidão, insuficiência e ineficácia, muitos deles tem sido drasticamente distorcidos e/ou aniquilados pelos desmandos do Estado e do mercado.

A essência do processo pedagógico, entendidas como dimensões básicas da construção da cidadania. A saber: a diversidade, a produção do pensamento crítico, o exercício do dissenso. Ou, para dizer de outra maneira, reforçar o lado da barricada que procura construir projetos, propostas/movimentos pedagógicos contra hegemônicos para combater a situação de barbárie vigente.

Estabelecido o conceito de pluralidade/diversidade, transformamos em afirmações as seguintes perguntas, como praticar este tipo de processo pedagógico contra hegemônico – que contempla a diversidade, a construção da cidadania, a produção do pensamento crítico, o exercício do dissenso? Não é, ou deveria ser papel do docente buscar a construção da consciência histórica, não importa a disciplina ministrada por ele? Mas como fazê-lo nestes tempos que parecem ter cronificado uma crise de dimensões estratosféricas e caráter apocalíptico que compreende o fim das grandes causas, o fim da luta de classes, o fim das ideologias, o fim da razão, o fim das grandes sínteses, o fim das utopias – o fim do sujeito, o fim da história?

Todas estas perplexidades são geradas pelo processo dito pós-moderno de estabilização defeituosa da história, segundo o qual a mera possibilidade de se admitir uma alternativa real para o projeto hegemônico é demonizada e/ou desqualificada como irreal, patológica, caótica, inadmissível. O projeto hegemônico é esse totalitarismo neoliberal apontado por Francisco de Oliveira como combinação de duas espécies de fundamentalismo: o do mercado total e o do pensamento único (OLIVEIRA, 2000). Impõe-se a tirania do não-há-o-que-fazer/não-há-o-que-discutir, pois a humanidade já teria chegado ao ápice de sua trajetória; este seria o telos da história oficialmente correta, para usar expressão de E. P. Thompson.

Um dos subprodutos mais deletérios deste quadro é a instauração de um processo de naturalização de barbárie e de banalização da violência engendrada por ela. Para que o mercado total se mantenha e se reproduza não basta conter nada menos que os dois terços da população do planeta que são considerados supérfluos – porque postos fora do mercado de consumo e de trabalho – e estão completamente excluídos das benesses deste sistema. É preciso também convencer que esta situação é o estado natural da humanidade. Passa-se, por um lado, a tolerar o intolerável, e por outro, simultaneamente, a consolidar a intolerância. É como se todas as iniquidades que testemunhamos no nosso dia a dia fizessem parte da natureza, como se tudo fosse paisagem, não cultura e história. Trata-se de uma “auto apologia da rendição, reduz-se tudo ao mero credo de que não há alternativa – uma política enfim, que louva e promove o conformismo” (BAUMAN, 1999), bem no estilo da durkheimiana sábia resignação: este não é o melhor dos mundos, mas não há outro possível, quem tem bom senso não deve contestá-lo, pois qualquer tentativa neste sentido seria vã.

É aí que se encaixam a criminalização da contestação da reflexão do debate, do dissenso, da polêmica – a criminalização do outro e dos movimentos sociais – nada menos que o congelamento da história. O presente se torna perene e absoluto: não existe passado nem futuro, não há mais para onde ir. Fora do capitalismo, no seu mais selvagem avatar, não há salvação. Esta reflexão de Bauman nos remete ao terrível vaticínio de Hannah Arendt que agora se realiza: ela disse: “o que temos diante de nós é a perspectiva de uma sociedade de trabalhadores sem trabalho, ou seja, privados da única atividade que lhes sobra. Não podemos imaginar nada de pior”. O totalitarismo neoliberal comete, assim, o mais selvagem ataque a mera possibilidade do exercício da política – tomada aqui no sentido

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