A gestão escolar na educação infantil e a realidade nos municípios de pequeno porte

A gestão escolar na educação infantil e a realidade nos municípios de pequeno porte.

A educação infantil foi tardiamente implantada e expandida no sistema público, que anteriormente priorizava o ensino voltado para a formação de trabalhadores especializados para trabalhar nos mais diversos setores da economia.

Diante dessa implantação tardia, nos dias atuais existe um grande desafio para se garantir uma educação infantil de qualidade, desafio este que só será cumprido eficazmente se houver uma boa gestão escolar.

Para que isso ocorra na prática, a gestão escolar deve priorizar ações como um bom planejamento pedagógico, pois esse planejamento se refletirá na equipe, que precisa compreender a essência de cada etapa de desenvolvimento das crianças na educação infantil, como também os profissionais da educação estarem em processo de formação continuada para permanecerem sempre atualizados.

Um bom planejamento pedagógico terá como consequência a valorização das atividades feitas com as crianças no dia a dia, como as brincadeiras, o desenvolvimento de iniciativa por parte das crianças, bem como o desenvolvimento nos aspectos físicos, cognitivos, social e emocional, as primeiras noções de trabalho em grupo e o trabalho individual.

Para que essas atividades ocorram, a gestão escolar precisa disponibilizar ambientes e materiais diversos para que essas experiências sejam internalizadas como aprendizado.

A gestão escolar também necessita resgatar a participação da comunidade como um alicerce no desenvolvimento das crianças, pois é preciso estabelecer uma relação de confiança entre os pais, responsáveis e comunidade no geral, como atuantes diretamente envolvidos no processo de educação de seus filhos.

E não menos importante, a gestão escolar deve valorizar sua equipe de trabalho, pois são os funcionários os grandes responsáveis pelo funcionamento de uma escola, desde os professores, cuidadores, inspetores, cozinheiros, merendeiros e funcionários da limpeza, é preciso manter uma equipe unida e  valorizar o trabalho desses profissionais.

Entretanto, apesar dessas concepções práticas que devem ser aplicadas na gestão escolar infantil, infelizmente, a atual conjuntura nos mostra que essa não é a realidade de muitas escolas brasileiras, principalmente se estas unidades estão situadas em municípios de pequeno porte, que recebem menos repasse dos órgãos federais para investimento em educação.

O que se observa na realidade são diversos problemas citados por Correa (2015, p.14) como: “ estruturas frágeis, tanto quantitativa quanto qualitativamente; número insuficiente de profissionais para apoio e acompanhamento das unidades de Educação Infantil; desconhecimento de dados fundamentais para o planejamento e ampliação da oferta de vagas; relações de mando e submissão, com brechas para a ocorrência de clientelismo; desigualdades em termos de remuneração e jornadas; permanência de contratação de “outros” profissionais, e não de docentes, para atuar diretamente com as crianças. Essa configuração sugere efeitos negativos sobre a qualidade da Educação infantil oferecida”.

Portanto, observa-se que uma gestão escolar efetiva tanto no planejamento pedagógico quanto nas concepções práticas são extremamente importantes para garantir uma educação infantil de qualidade, mas o que a realidade de muitos municípios mostra é que na prática existem problemas relacionados ao acesso, a permanência e a qualidade do ensino infantil, que são direitos assegurados constitucionalmente, sendo necessária então a intervenção de políticas públicas, em parceria com o sistema educacional e a população no geral para reverter esses problemas e assim então assegurar uma gestão eficaz e uma boa qualidade de ensino na educação infantil.