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AS CRIANÇAS AUTISTAS NA ESCOLA

Por:   •  22/10/2015  •  Projeto de pesquisa  •  2.248 Palavras (9 Páginas)  •  263 Visualizações

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CRIANÇAS AUTISTAS NA ESCOLA

Publicado em 24 de Jan de 2014 por Leticia Maciel | Comente!

Inclusão de crianças portadoras de autismo na rede de ensino regular é essencial para o desenvolvimento de suas habilidades. Saiba como identificar o autismo infantil e o caminho certo para o desenvolvimento das crianças.

Texto: Diego Benine/Fotos: Shutterstock, Divulgação/Adaptação: Letícia Maciel

Inserir o autista  na sala de aula é a melhor forma de estimular as capacidades do portador.

Foto: Divulgação.

A professora entra na sala no primeiro dia letivo na escolinha e a criançada, cheia de energia, conversa e brinca para aliviar as expectativas. A única exceção é um garotinho sentado na primeira fileira: calado, permanece o tempo todo com os olhos fixos em um ponto indetectável pelos colegas de classe. Até que, durante a aula, ele repentinamente se levanta e começa a passear pelo recinto. Ao tentar levá-lo para a carteira onde ele estava sentado, a professora é surpreendida com gritos, arranhões e pontapés. Em seguida, o silêncio. O menino fecha-se novamente em seu universo particular. Esse tipo de comportamento é comum em portadores de autismo e acaba escondendo suas habilidades criativas e intelectuais — as quais podem ser desenvolvidas com acompanhamento adequado e vivência escolar. Contudo, as reações aparentemente desconexas representam também uma das muitas dificuldades que os educadores, pais e familiares encontram para inserir o autista na sala de aula. Quando bem-sucedida, a inclusão escolar traz benefícios à criança e às pessoas que convivem com ela

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“Inserir o autista na sala de aula é a melhor forma de estimular as capacidades do portador. Além disso, as outras crianças da turma aprendem a lidar com as diferenças e tornam-se adultos com menos preconceitos”, explica César de Moraes, coordenador do Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). “Devemos lembrar também o que é definido na Constituição: todo cidadão tem direito à saúde e educação. Partindo dessa premissa, o autista é um cidadão e o processo educacional é o mesmo”, completa Fábio Oliveira, da Associação Brasileira de Assistência e Desenvolvimento Social (Abads). Para contribuir efetivamente com esse processo, é preciso entender o que, de fato, é o autismo. De acordo com Francisco Baptista Assumpção Júnior, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), trata-se de um transtorno de desenvolvimento de base biológica que compromete a cognição (habilidade ligada ao aprendizado, memória, percepção, entre outros atributos) e provoca alterações na sociabilidade, na linguagem e na capacidade imaginativa do indivíduo. Sua causa ainda é um mistério. “Acredita-se que fatores genéticos estão envolvidos, embora aspectos ambientais como quadros infecciosos ou traumáticos — também podem estar relacionados. Assim, não se deve pensar em uma causa única, mas sim em um conjunto delas, o qual ainda, infelizmente, não foi esclarecido.”

Alterações na linguagem e na capacidade

imaginativa são sinais de autismo.

Foto: Shutterstock.

Níveis de intensidade do autismo infantil

O autismo possui graus de intensidade. Segundo o médico, quadros mais severos normalmente são acompanhados de total isolamento e mutismo , quando o indivíduo não fala ou de linguagem e movimentos estereotipados intensos. “É diferente dos casos mais leves. Nestes, as alterações no falar são sutis e envolvem, muitas vezes, uma linguagem pedante ou a criação de neologismos (inventar palavras)”, afirma Francisco. O psiquiatra César enfatiza que essa condição não deve ser confundida com retardo mental. “De forma alguma podemos afirmar que são a mesma coisa. Apesar da maioria dos indivíduos autistas apresentarem o retardo associado, por volta de um quinto deles possui um nível intelectual normal”, afirma. Sabe-se também que algumas crianças que possuem o distúrbio apresentam habilidades extraordinárias, como memória fotográfica, aptidão para realizar cálculos matemáticos complexos ou afinidade com instrumentos musicais.

E as escolas, como vão?

Segundo Fábio, a inclusão só acontece quando a família mapeia detalhadamente todos esses sintomas e informa a instituição de ensino a respeito deles. Esta, por sua vez, deve contar com as metodologias adequadas para ajudar a criança a suprir suas deficiências. Entretanto, o desafio não está somente nas características do autista ou no diálogo entre família e educador. A viabilização financeira dos métodos especializados de ensino também é um problema. “Por meio deles, é possível reduzir a incidência de comportamentos inadequados e ajudar o autista na organização do seu dia a dia, bem como na tarefa de se comunicar com os outros e de ingressar em qualquer espaço. No entanto, são metodologias caras  e  de serem implantadas. Além de ser necessário profissionais qualificados, o que ainda é um pequeno número no pais”, ressalta. Em dezembro de 2012, foi sancionada a lei que classifica o autista como deficiente. Ela não apenas garante proteção aos direitos do portador, como também torna sujeito à punição gestores escolares que se recusarem a matricular indivíduos com suspeita ou diagnóstico de autismo. Para o pedagogo, isso representa mais do que um conjunto de benefícios legais: “Daqui cinco anos, mais ou menos, o Brasil saberá muito mais sobre o assunto. Será algo normatizado e bastante conhecido. Todas as escolas já terão as metodologias, o número de profissionais especializados crescerá e o portador será incluso, deixando de ser um mero ouvinte para tornar-se participante.”

No Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, a psicóloga Silva Brito, do Centro Atendimentos e Estudos em Psicologia, em entrevista ao Acre TV, falou sobre o transtorno, as dificuldades enfrentadas pelas famílias que convivem com essa situação e deu dicas de como identificar os sinais do problema em uma criança.

De acordo com ela, o autismo é denominado pelos profissionais da psicologia como Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD) e, por isso, não deve ser considerado uma doença. "Se ele é um transtorno, já nasceu com a pessoa. A doença você acredita que vá haver um tratamento, um processo de cura. O TGD, no caso o autista, não tem cura", comenta.

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