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AS REFLEXÕES SOBRE ALFABETIZAÇÃO

Por:   •  5/6/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.231 Palavras (5 Páginas)  •  126 Visualizações

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DAIANE ANDRADE DE OLIVEIRA

REFLEXÕES SOBRE ALFABETIZAÇÃO

Trabalho apresentado à disciplina Metodologia da Alfabetização pela Faculdade de Agudos

Professora: Quelly Sacomman

AGUDOS SP

2013

REFLEXÕES SOBRE ALFABETIZAÇÃO

Emilia Ferreiro

A escrita pode ser considerada como uma representação da linguagem ou como um código de transcrição gráfica das unidades sonoras. A construção de qualquer sistema de representação envolve um processo de diferenciação dos elementos e relações reconhecidas no objeto a ser representado e uma seleção daqueles elementos e relações que serão retidos na representação. As escritas de tipo alfabético (tanto quanto as escritas silábicas) poderiam ser caracterizadas como sistemas de representação cujo intuito original – e primordial – é representar as diferenças entre os significantes.

Ao concebermos a escrita como um código de transcrição que converte as unidades sonoras em unidades gráficas coloca-se em primeiro plano a discriminação perceptiva nas modalidades envolvidas – visual e auditiva, o problema é que ao dissociar o significante sonoro do significado destruímos o signo linguístico. O pressuposto que existe por detrás dessas praticas é quase transparente: se não há dificuldades para discriminar entre duas formas visuais próximas, nem entre duas formas auditivas próximas, nem também para desenhá-las, não deveria existir dificuldade para aprender a ler, já que se trata de uma simples transcrição do sonoro para um código visual. A consequência ultima desta dicotomia se exprime em termos ainda mais dramáticos: se a escrita é concebida como um código de transcrição, sua aprendizagem é concebida como a aquisição de uma técnica; se a escrita é concebida como um sistema de representação, sua aprendizagem se converte na apropriação de um novo objeto de conhecimento, ou seja, em uma aprendizagem conceitual.

Os indicadores mais claros das explorações que as crianças realizam para compreender a natureza da escrita são suas produções espontâneas, entendendo como tal as que não são o resultado de uma cópia (imediata ou posterior). Quando ela escreve como acredita que poderia ou deveria escrever certo conjunto de palavras, esta nos oferecendo um valiosíssimo documento que necessita ser interpretado para poder ser avaliado, prender a interpretá-las é um longo aprendizado que requer uma atitude teórica definida. O modo tradicional de se considerar a escrita infantil consiste em se prestar atenção apenas nos aspectos gráficos dessas produções, ignorando os aspectos construtivos. Os aspectos gráficos têm a ver com a qualidade do traço, a distribuição espacial das formas, a orientação predominante (da esquerda para direita, de cima para baixo), a orientação dos caracteres individuais. Os aspectos construtivos têm a ver com o que se quis representar e os meios utilizados para criar diferenciações entre as representações. O modo tradicional de se considerar a escrita infantil consiste em prestar atenção apenas nos aspectos gráficos dessas produções.

O processo construtivo da escrita segue uma linha de evolução surpreendentemente regular, distinguido por três grandes períodos, cada um resulta da interação que ocorre entre o sujeito e o objeto de conhecimento, sendo que no primeiro período há distinção entre o modo de representação icônico  e não icônico, diferenciação entre as marcas gráficas figurativas e não-figurativas. Nas formas do grafismo figurativo representam a forma do objeto. Nas formas do grafismo figurativo representam a forma do objeto. No segundo período a construção de formas de diferenciação entre as escritas, a criança estabelece critérios de diferenciação, que são critérios intrafigurais e critérios interfigurais – os primeiros consistem no estabelecimento das propriedades que um texto escrito deve ter para poder ser interpretável. Se expressam sobre o eixo quantitativo como se a quantidade mínima de letras, em geral três, que uma escrita deve ter para que seja possível atribuir-lhe uma significação, e sobre o eixo qualitativo, como se a variação interna necessária para que uma serie de grafias possam ser lidas. Os segundos consistem na caracterização de diferenciações entre as escritas produzidas, modos de diferenciações estabelecidos entre uma escrita e a próxima precisamente porque para dizer coisas diferentes são necessárias grafias diferentes.

Há práticas que levam a criança à convicção de que o conhecimento é algo que os outros possuem e que se pode se obter da boca dos outros sem nunca ser participante na construção do conhecimento. Há práticas que levam a pensar que “o que existe para se conhecer” já foi estabelecido, como um conjunto de coisas fechado, sagrado, imutável e não modificável. Há práticas que levam a criança a ficar de “fora” do conhecimento, como espectador passivo ou receptor mecânico, sem nunca encontrar respostas aos “porquês” e aos “para quês” que já nem se quer se atreve a formular em voz alta.

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