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ATIVIDADES LÚDICAS: AUXÍLIO PEDAGÓGICO ÀS CRIANÇAS E JOVENS EM TRATAMENTO HOSPITALAR

Por:   •  11/4/2018  •  Artigo  •  6.164 Palavras (25 Páginas)  •  258 Visualizações

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ATIVIDADES LÚDICAS: AUXÍLIO PEDAGÓGICO ÀS CRIANÇAS E JOVENS EM TRATAMENTO HOSPITALAR

Sonia Mara de Araújo Peta

RESUMO

Quando uma criança passa por uma situação de internação, essa acaba sendo separada de sua rotina, de sua família, de seus amigos, da escola, de sua realidade. Esta separação brusca pode afetar diretamente o desenvolvimento biopsicossocial desta criança, podendo trazer sérios problemas tanto na qualidade de vida, na aprendizagem e também em seu processo de recuperação. Este artigo buscou investigar as influencias que as atividades lúdicas, realizadas através de práticas pedagógicas, podem exercer na recuperação dessas crianças e também no desenvolvimento intelectual das mesmas. O lúdico permite que a criança expresse seus sentimentos, seus medos, seus anseios para entender e aceitar melhor o momento ruim pelo qual está passando, sendo também um caminho para amenizar o período de hospitalização. Pode e isso é bastante importante, manter o elo com a escola, ainda que distante dela. Diante do estudo elaborado, identifica-se que verdadeiramente a presença do pedagogo e o uso do lúdico no local hospitalar infantil/adolescente, são de essencial importância.

Palavras-Chave: Internação. Atividades Lúdicas. Pedagogo. Hospital.

  1. INTRODUÇÃO

Ser internado em um hospital é umas das piores experiências que o ser humano pode ter e por isso essa experiência pode se tornar traumática, principalmente se nela estiver envolvida uma criança ou adolescente. A criança sente a hospitalização de maneira mais intensa, pois não possui a maturidade do adulto. Sente-se impotente por se ver longe de sua casa, de sua família, de seus amigos, de sua escola, enfim, de tudo aquilo que faz parte de sua rotina. Essas crianças hospitalizadas são pequenos estudantes e precisam de incentivos e intervenções para que não fiquem reduzidos a apenas mais um número no prontuário médico. É necessário que sejam tratadas de froma humana e integral. Considerando inclusive, que não é porque ela está doente que precisa cortar relações com a escola.

O profissional pedagogo ao exercer sua função em ambiente hospitalar, traz para a criança internada a chance de a mesma ver seus estudos tendo continuidade e sua aprendizagem indo avante. Essa possibilidade facilita até mesmo a melhora do quadro clínico dessa criança e o modo adequado de lidar  com os procedimentos que ela necessita enfrentar no hospital enquanto lá precisar permanecer. São diversas as maneiras de intervenções que o pedagogo pode utilizar com as crianças hospitalizadas, mas uma prática pedagógica que vem fazendo sucesso, merecendo destaque e tornando-se bastante forte é a intervenção lúdica.

O brincar ajuda a acriança na compreensão em relação às pessoas, ao lugar e a situação que ela está vivenciando, coopera para lidar com situações dolorosas e sofrimentos, pois ao brincar ela tem como expressar o que está sentindo. Com o brinquedo a criança faz o que mais gosta d e fazer, pois o brinquedo está associado ao prazer, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade. Brincar não se trata somente de se divertir e ter prazer. Com a mediação do pedagogo, ao brincar, a criança também tem uma fonte de aprendizagem e desenvolvimento.

Dentro desse contexto, essa monografia objetiva, compreender a influencia do lúdico no desenvolvimento e aprendizado de crianças em ambiente hospitalar, assim como no processo de restabelecimento da saúde dessas crianças. A pesquisa aqui apresentada é de origem teórica, elaborada através de pesquisas bibliográficas com tratamento qualitativo, na procura de esclarecimentos e informações acentuadas na compreensão da influencia do lúdico no ambiente hospitalar infantil.

2. BENEFÍCIOS E CONCEITO DO LÚDICO

O lúdico é um fim em si mesmo, ou seja, ele não é um meio através do qual se alcança outro objetivo: seu objetivo é um viver cheio de prazer ao realizar sua atividade. O lúdico é o “gosto porque gosto” que as crianças tantas vezes usam para expressar as suas preferências. É espontâneo. Difere, assim, de toda atividade imposta, obrigatória e é aqui que prazer e dever não se encontram, nem no infinito, nem na eternidade. O lúdico se baseia na atualidade, ocupa-se do aqui e do agora, não da preparação de um futuro inexistente. Sendo o hoje a semente do qual germinará o amanhã, pode-se dizer que o lúdico favorece a utopia, a construção do futuro a partir do presente.

Para Marcellino (2003) a dificuldade que muitas vezes encontra-se em levar o lúdico para a sala de aula decorre do fato de que seu exílio foi longo. Desde o início foi repelido, em benefício de tarefas mais racionais, que tivessem maior utilidade social. Viram as crianças sentadas em bancos, obedientes, silenciosas, passivas; viu o brilho da infância se apagar aos poucos de seus olhos, enquanto o refrão “Primeiro o dever, depois o prazer” era cantado em seus ouvidos. E o prazer foi ficando cada vez mais para depois, tão depois que quase já não se sabe muito bem como vivenciá-lo.

A escola, aparelho ideológico do estado, não pode se furtar à responsabilidade que possui na construção da sociedade. Tanto tempo mantenedora do status quo, é hora de se virar para a renovação de suas estruturas arcaicas e assumir o compromisso utópico da criação de um novo mundo: um mundo no qual a magia, o sonho, o desejo tenham seu lugar e não precisem mais habitar os porões da sociedade. (MARCELLINO, 2003, p.23)

Reconhecer o lúdico é reconhecer a particularidade da infância: deixar que as crianças sejam crianças e vivam como crianças; é preocupar=se e ocupar-se do presente, porque o futuro dele depende, é ignorar o discurso que fala da criança e ouvir as crianças falarem por si mesmas. Há entre o lúdico e a criança um eterno elo e por meio dele as crianças se manifestam, se expressam, ganham conhecimento de um meio mais satisfatório e divertido, não deixando de ser eficiente para o desenvolvimento infantil.

Segundo Moyles (2002), a criança pequena que assume o papel da bailarina está experimentando como é adotar o papel de outra pessoa. Ela imita movimentos, maneirismos, gestos, expressões: Ela realmente sente como é estar vestida com um tecido armado como é o denominado tule, as texturas que se contrastam, as propriedades que elas ofertam e as diversas qualidades e posturas físicas que inspiram. Por meio do espelho, ela se olha examinando em outra aparência, possivelmente estimulada também por variados fatores como a brilhante cor cereja do tecido e o contraste branco-creme do tule, a forma diferente de seu corpo com esta roupa especial, e como ela “se ajusta” ao quadro apresentado pela imagem no espelho. Ao realizar piruetas, ela está conhecendo suas próprias capacidades físicas, hesitante e sem jeito a principio, mas com uma pose e agilidade que aumentam rapidamente. Ela não está desejando ser aquela bailarina e ainda está firmemente posicionada no mundo da infância.

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