Alfabetização Científica no contexto das séries iniciais.
Por: Eliana1966 • 17/3/2017 • Resenha • 1.679 Palavras (7 Páginas) • 1.806 Visualizações
LORENZETTI, Leonir e DELIZOICOV, Demétrio. Alfabetização Científica no contexto das séries iniciais. Santa Catarina: Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências, 2001. Vol. 3 – nº 1.
O texto de Leonir Lorenzetti e Demétrio Delizoicov busca retratar e compreender trabalhos referentes ao processo de desenvolvimento da Alfabetização Científica no Brasil e no mundo nos últimos vinte anos. Tema presente em vários trabalhos, o ensino de ciências nas Séries Iniciais da Educação Fundamental ainda que pouco pesquisado, vem tendo um aglomerado de elaborações e estudos sobre essa questão desde os anos 80.
Estes trabalhos podem ser divididos em dois grandes eixos: a formação de professores e materiais e métodos de ensino de ciências, ambos direcionados às Séries Iniciais e muito importantes na formação escolar das crianças.
Neste artigo os autores buscam retratar discussões sobre a grande importância da alfabetização científica na construção da cidadania a fim de alcançar critérios de orientação que busquem delimitar a importância das peculiaridades da Alfabetização Científica nos anos iniciais do Ensino Fundamental enfatizando que livros que tratam deste assunto se preocupam mais com a alfabetização científica em um termo abrangente do que com a voltada para as séries iniciais e por esse motivo há uma carência muito grande de literaturas específicas para a formação dos alunos deste nível.
Para Fourez (1994: 11) assuntos sobre a alfabetização científica e técnica está em alta nos dias atuais em países anglo saxões e no norte da Europa. Este autor define como “um tipo de saber, de capacidade ou de conhecimento e de saber-ser que, em nosso mundo técnico-científico, seria uma contraparte ao que foi alfabetização no último século”, isto é, para ele, complementa o estudo das ciências. Segundo Bybee (1995: 28) “a maioria dos educadores concorda que o propósito da ciência escolar é ajudar os estudantes a alcançar níveis mais altos de alfabetização científica”, levando-nos à conclusão de que esta tem uma grande importância no dia-a-dia de todos nós.
Mas se para Bingle & Gaskell (1994: 186) “tem muitas características de um slogan educacional no qual o consenso é superficial, porque o termo significa coisas diferentes para pessoas diferentes”, nos deparamos com muitos questionamentos, entre eles: qual o significado da alfabetização científica e técnica? Qual a sua importância para o currículo escolar? Como promovê-la?
Vários são os autores que buscam responder estes questionamentos contribuindo assim para nossa melhor compreensão. Para Leal & Souza (1997: 330), a alfabetização científica e técnica no Brasil é “entendida como o que um público específico – o público escolar – deve saber sobre ciência, tecnologia e sociedade (CTS) com base em conhecimentos adquiridos em contextos diversos (escola, museu, revista, etc.); atitudes públicas sobre ciência e tecnologia e, informações obtidas em meios de divulgação científica e tecnológica”. Krasilchik (1992: 06), contribui com uma das grandes linhas de investigação neste estudo, onde o ensino de ciências se relaciona à mudança dos objetivos em direção à formação geral da cidadania, pois está “estreitamente relacionado à própria crise educacional e a incapacidade de a escola em dar aos alunos os elementares conhecimentos necessários a um indivíduo escolarizado”.
Hurd (1998) enfatiza que a alfabetização científica provoca mudanças revolucionárias na vida do homem, com consequências na democracia, no progresso social e nas necessidades de adaptação do ser humano quando envolve a produção e utilização da Ciência. Nos apresenta que as características de uma pessoa que está cientificamente instruída estão dentro do currículo escolar e não são ensinadas diretamente, pois são atividades que vâo prepará-lo para que exerça sua cidadania de maneira melhor.
Segundo Shen (1975: 265), “pode abranger muitas coisas, desde saber como preparar uma refeição nutritiva, até saber apreciar as leis da física”. Para que isso aconteça, especialistas são necessários para que qualquer pessoa saiba levar esses conhecimentos para sua vida cotidiana.
A definição de alfabetização científica mais usada atualmente é a elaborada por Miller (1983: 29) que diz:
“Quando se fala em alfabetização, normalmente não se percebe que a expressão ser alfabetizado apresenta dois significados diferentes: um, mais denso, estabelece uma relação com a cultura, a erudição. Por conseguinte, o indivíduo alfabetizado é aquele que é culto, erudito, ilustrado. O outro fica reduzido à capacidade de ler e escrever”.
Contudo, se o fato de que o indivíduo tem a capacidade de ler e escrever e se levarmos o significado dessa expressão para um sentido mais amplo, podemos entender que a alfabetização científica é a “capacidade de ler, compreender e expressar opinião sobre assuntos de caráter científico” (Miller 1983: 30), chegamos a outro questionamento dentre muitos: O que é uma sociedade cientificamente alfabetizada? Cazelli (1992: 32) vem colaborar para nosso entendimento, com outro questionamento: “Uma sociedade habilitada para desempenhar funções nas áreas relacionadas à ciência ou uma sociedade preparada para adquirir visão geral e integrada do processo científico?”.
Se partirmos do pressuposto de que a alfabetização científica é a capacidade de ler, compreender e expressar opinião em assuntos que envolvam a Ciência, então, estamos supondo que o indivíduo já tenha interagido com a educação formal e já saiba ler, compreender e expressar opiniões. Embora saibamos que é possível desenvolver trabalhos voltados para a alfabetização científica nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental, antes do aluno aprender a escrever, fazendo com que este ensino o auxilie a adquirir o processo de aquisição da escrita propiciando uma ampliação de sua cultura.
Shen (1975) nos ensina três noções de alfabetização científica: a prática, a cívica e a cultural.
A alfabetização científica prática está voltada para as necessidades básicas dos seres humanos, como a alimentação, a saúde, a habitação. Mesmo sem ter um conhecimento científico aprofundado, uma pessoa tem noções de como deve agir para preservar sua saúde, o que é saudável para comer e higiene em geral. Deveria ser ensinada não somente nas escolas mas também com a ajuda da sociedade. A criança não precisaria ler e escrever para que aprenda ciência, poderíamos abordar com elas temas diversos que envolvam uma melhor qualidade de vida ao mesmo tempo em que aprenderiam a escrever.
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