Análise Crítica Apóstolos da Civilização
Por: Zumbitabua • 1/10/2018 • Resenha • 905 Palavras (4 Páginas) • 203 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
ANÁLISE CRÍTICA DO TEXTO “TEMPLOS DE CIVILIZAÇÃO: A IMPLANTAÇÃO DA ESCOLA PRIMÁRIA GRADUADA NO ESTADO DE SÃO PAULO – APÓSTOLOS DA CIVILIZAÇÃO” DE ROSA FÁTIMA DE SOUZA
2018
Resumo
A educação popular paulista no final do século XIX começou a tomar força por meio da valorização social do professor e da profissionalização do magistério primário, encarando a profissão como a responsável pela transformação reformadora da sociedade.
Para tanto, novos professores formados na égide da Escola Normal, conscientes de sua missão, abandonariam a palmatória e trariam as concepções modernas de acordo com os novos valores da pátria, quais sejam, da república.
Neste processo de um novo paradigma escolar o magistério passou a ser uma profissão digna e edificante, mas trazendo também consigo uma organização do trabalho escolar pela distribuição de seus poderes e disto surge a figura do Diretor e da caracterização da mulher como mais talentosa à docência.
Como fundamentação da tendência feminista para o magistério argumentou-se pela natureza da mulher voltada para o cuidado, guarda natural da criança e instinto maternal, mas principalmente pela necessidade de se suprir a evidente demanda e o potencial laborativo feminino.
Para atender esta oferta de trabalho e demanda educacional, o governo se utilizou de duas escolas complementares correspondentes ao segundo grau do curso primário para formação destes professores.
Em um relatório da Escola Normal pode se constatar as matérias do programa ministrado abrangendo Comenius, Locke, Rousseau, Pestalozzi, Forebel, Herbet Spencer, acompanhados de psicologia, educação intelectual, moral, dos sentidos, cultura, sensibilidade, caráter e disciplina escolar, bem como da estrutura organizacional em geral, classificação dos alunos, tipos de escolas primárias, programas de ensino, emprego do tempo, material escolar, preparo da classe, etc.
Insta salientar que a grande maioria da base filosófica educacional era de origem francesa, com todos ideais libertários que coadunavam com o contexto republicano brasileiro da época.
De outro lado, o quadro curricular da escola complementar abrangia português, francês, noções de geografia, história e trigonometria, elementos de aritimética e álgebra, geometria plana, noções de física e química, escrituração mercantil, noções de economia política e doméstica para mulheres, desenho, exercícios militares, ginástica e trabalhos manuais, ou seja, para a escola complementar um único professor seria encarregado de ministrar todas estas matérias a cada ano do curso.
A consequência disto é a mesma da base teórica, uma mera noção de aprendizado fazendo com que a formação fosse extremamente precária, apesar de mais barata do que a da Escola Nova.
No entanto, essa dualidade de existência de escolas complementar e nova demonstrou claramente os limites do projeto republicano, uma política educacional paradoxal de convivência de instituições precárias com outras de excelência.
Mesmo assim, frente a todo este panorama, a formação acadêmica passou a ser critério fundamental para ingresso na carreira, havendo um jogo de interesses de competência legitimada por meio de concursos, algo que foi instituído no final do século XIX, e de outro lado as interferências políticas.
Porém, inicialmente os professores não foram legitimados por concursos públicos e sim foram os profissionais já efetivos das escolas isoladas absorvidas por ocasião da reunião das escolas, recebendo, estes professores, a denominação de adjuntos do diretor – professor de grupo escolar.
Dado ainda curioso sobre a escola isolada é que o professor adjunto era auxiliar do professor em escolas com mais de 30 alunos, já demonstrando a preocupação na época com a super lotação das salas de aula.
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