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Centro Educacional Carneiro Ribeiro Escola em Tempo Integral

Por:   •  4/7/2019  •  Pesquisas Acadêmicas  •  8.385 Palavras (34 Páginas)  •  370 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O Centro Educacional Carneiro Ribeiro, é um marco para na Educação pública do Brasil e desde seu surgimento, quando se chamava “Centro Popular”, buscou o desenvolvimento educacional e integral, a formação e informação de todos os educandos, principalmente dos mais carentes, aqueles que habitam aos arredores da escola, visando primordialmente sua socialização e inserção no mercado de trabalho como seres e profissionais críticos e participativos de nossa sociedade.

No entanto, a justificativa da presente pesquisa, que apesar de ter sido sorteada ao nosso grupo, despertou-nos o interesse como futuras pedagogas, em evidenciar que o modelo de escola integral e único no Brasil, procurou e procura inserir tais educandos, crianças, jovens, inclusive adultos, no futuro, em homens e mulheres, em sua sociedade cujas quais ainda se encontram arraigadas nos preconceitos contra os menos afortunados moradores da periferia afrodescendentes, ou seja, páreos na sociedade, cujo aprendizado dar-se de forma significativa, por meio de práticas pedagógicas.

Assim, o primeiro capítulo, traça o cenário da educação pública na Bahia de 1940, a formação do C.E.C.R., a precariedade do ensino primário no Estado, bem como a reverencia o ilustre educador Anísio Teixeira, então, Secretario da Educação, que foi o genitor do projeto e a experiência dos docentes em dada época. No segundo capítulo, será abordada a realidade educacional, que apesar das décadas decorridas, as ideias “anisianas” as quais continuam sendo consideradas inovadoras e disseminadas ao Brasil, como modelo de escola em tempo integral, bem como disseminadas ao mundo e enfim, relatar sumariamente a respeito dos núcleos Escola Parque e Escola Classe.

1.        HISTÓRICO DO CENTRO EDUCACIONAL CARNEIRO RIBEIRO C.E.C.R.

Partindo do cenário educacional brasileiro, percebe-se que desde o final do século XX vem sofrendo um acentuado processo de alterações, tanto de cunho social e político, quanto no que tange aos aspectos didáticos pedagógicos. De certa maneira, estas mudanças deram um novo rumo à concepção de aprendizagem, apresentando uma definição de educador e, consequentemente, de educando, os quais configuram o novo conceito de educação e novo perfil de homem que se pretende formar.

Neste contexto de mudanças, vale se destacar o Manifesto da Educação de 1932, que surgiu de um embate entre católicos e liberais em torno da educação, sendo que a Igreja, que se colocava em oposição aos novos modelos liberais, defendia o ensino da doutrina religiosa na escola, a separação entre os sexos nos espaços escolares, o ensino particular e a responsabilidade da família quanto à educação e por outro lado, existiam os escolanovistas ou renovadores, educadores e intelectuais que aderiram as ideias liberais, voltadas para a formação de uma escola pública para todos, ou seja, laica e gratuita, buscando novos rumos a educação.

Tais vertentes produziram os principais debates em torno da educação e tornaram evidente a diversidade de interesses, assim, os escolanovistas, durante o governo de Getúlio Vargas, apresentaram, um Plano de Reconstrução Nacional, que ficou conhecido como Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, oriundo do movimento por reformas educacionais que vinha acontecendo desde os anos de 1920, tendo à frente Fernando de Azevedo e assinado por 26 educadores, nos quais se destaca Anísio Teixeira, Afrânio Peixoto, Lourenço Filho, Antônio F. Almeida Junior, Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima e Cecília Meireles e outros.

Na Bahia da década de 1940, não muito diferente de outros grandes centros urbanos, constatava-se um cenário de insuficiência e improvisação dos serviços educacionais, principalmente no que se referia às instalações físicas e aos equipamentos escolares.

Os professores ministravam suas aulas aglomerados em prédios cuja capacidade de alunos era excedida, sem assistência técnica e administrativa e carecendo de recursos materiais. A gestão da educação baiana instalava-se e com a precariedade e a centralização, desta forma, o governante estadual à época, Otávio Mangabeira, em 1946, ordenou a construção de centros educacionais, os quais tinham por finalidade a recuperação do ensino primário, criação de espaços físicos, e visavam implantar novos currículos, novos programas, a contratação e a qualificação de professores. Assim, Mangabeira nomeou como seu Secretário de educação Anísio Spínola Teixeira.

Baiano de Caetité, jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro, Anísio, foi incumbido pelo governador de reestruturar o sistema educacional vigente, a fim de resolver a crescente demanda por vagas nas escolas públicas e, consequentemente, contribuir, mesmo que paulatinamente, para a democratização do ensino. A partir de então, nascia um dos principais personagens da Escola Nova no Brasil, que além de defender a escola pública e a gratuidade dela, o educador baiano via a necessidade da implantação de experiências práticas nas salas de aula. Deu-se ao anúncio de uma escola única, do trabalho e da comunidade, isto é, uma escola para todos, onde se desenvolvesse o hábito e a técnica do trabalho e se ensinasse a viver em cooperação, a ênfase no desenvolvimento do intelecto e na capacidade de julgamento, em preferência à memorização. Como foi além de suas atribuições dadas pelo governador, Anísio também fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935, depois transformada em Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.

Com base em tais referenciais, Anísio definiu três eixos sobre os quais a educação básica deveria se sustentar, quais sejam: o estudo do currículo formal; o jogo, através de atividade de recreação e educação física; e o trabalho, através das aulas profissionalizantes, tais como marcenaria, corte e costura padaria, confeitaria, etc.

Na matriz conceitual de Teixeira, a Educação é evidenciada como uma ação vivenciada na prática. De acordo com o educador, “não se aprende senão aquilo que se pratica. Aprender é um processo ativo de reagir a certas coisas, selecionar reações apropriadas e fixá-las depois no organismo. Não se aprende por simples absorção” (TEIXEIRA, 1967a, p.43). Todavia, defendia e previa, bem antes de muitos educadores e “novos” paradigmas educacionais, que o aluno deveria ser um sujeito ativo, o construtor de seu próprio conhecimento, não apenas um receptor de ideias propostas pelo professor:

A escola, pois, já não é, hoje, uma instituição para assegurar, apenas, como se pensava no século XIX, o “progresso”, mas a instituição fundamental para garantir a estabilidade e a paz social e a própria sobrevivência da humanidade. Já não é, assim, uma instituição voluntária e benevolente, mas uma instituição obrigatória e necessária, sem a qual não subsistirão as condições de vida social, ordenada e tranquila. (TEIXEIRA, 1953, p. 4)

Originariamente a intenção de Anísio Teixeira era que fossem instalados, inicialmente, sete sistemas semelhantes que seriam localizados nos bairros mais carentes de Salvador, mas no populoso e pobre bairro da Liberdade, surge o Centro de Educação Popular, atualmente como Centro Educacional Carneiro Ribeiro – C.R.C.R. compostos por Escolas-Classe e Escola Parque.

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