Crianças e infância: definição de conceitos, divisão do campo
Resenha: Crianças e infância: definição de conceitos, divisão do campo. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: luciana230 • 14/5/2014 • Resenha • 623 Palavras (3 Páginas) • 772 Visualizações
As crianças e a infância: definindo conceitos, delimitando o campoi
MANUEL JACINTO SARMENTO e MANUEL PINTO1
A VISIBILIDADE SOCIAL DA INFÂNCIA E DAS CRIANÇAS
As crianças e as problemáticas associadas à infância estão na ordem do dia das agendas política,
mediática e da investigação. Ainda que a actual visibilidade do fenómeno social da infância tenha uma
dimensão internacional — sendo imediatamente percepcionável no impacto público de situações
dramáticas envolvendo crianças, como a da descoberta da rede pedófila da Bélgica, a situação de
morte pela fome de milhões de crianças vítimas de conflitos armados, perseguições étnicas ou
catástrofes naturais — em Portugal há indicadores específicos que assinalam a entrada das
condições sociais de vida das crianças no universo das referências quotidianas. Assim, a título de
exemplo, podem considerar-se sintomáticos da crescente emergência da infância na cena social,
entre outros, fenómenos e situações como a proclamada intenção governamental de criação do
lugar de Provedor(a) da Criança, a inusitada importância mediática atribuída às crianças, com
sucessivos programas de televisão dedicados às problemáticas da infância (na Primavera de 1997, os
principais canais de televisão disputaram as audiências dos programas informativos com programas
sobre crianças vítimas de maus-tratos, em situação de risco de exclusão social ou em situação de
pré--delinquência...), o debate judicial em desenvolvimento sobre a responsabilidade criminal de
crianças e adolescentes e as reformas judiciais em curso nessa área, as sucessivas denúncias de
situações da abandono e maus-tratos infantis, de que são paradigmáticos os casos das crianças
ciganas de Oleiros-Briteiros e dos meninos de rua das grandes cidades, etc.
Também no campo investigativo, o estudo das crianças, a partir da década de 90, ultrapassou
os tradicionais limites da investigação confinada aos campos médico, da psicologia do
desenvolvimento ou da pedagogia, para considerar o fenómeno social da infância, concebida como
uma categoria social autónoma, analisável nas suas relações com a acção e a estrutura social. Deste
modo, a partir do início da década assiste-se, em Portugal, ao surgimento dos primeiros relatórios
que consideram aspectos específicos da situação social da infância no nosso país, nomeadamente
sobre a pobreza infantil (Silva, 1990), o trabalho infantil (Instituto de Apoio à Criança/CNASTI, 1996),
as crianças vítimas
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