Desafios Contemporâneos da Coordenação Pedagógica
Por: Jarrier Franklin • 24/9/2015 • Monografia • 13.869 Palavras (56 Páginas) • 829 Visualizações
Desafios Contemporâneos da Coordenação Pedagógica
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Pós-Graduação em Educação
Coordenação Pedagógica
Resumo
Os desafios contemporâneos da coordenação pedagógica são grandes e carecem de reflexão crítica, rigorosa e de totalidade, pois ela está inserida num processo de transformação social, econômica, tecnológica. Pensar os desafios que estão colocados atualmente para a educação é tarefa complexa e exige abordagem ou pelo menos leituras em algumas áreas, além de temáticas específicas, como mercado de trabalho, modo de produção e organização das práticas de consumo, relação do sujeito com o universo simbólico, problemas ambientais, entre outros. A base teórica está centrada no pensamento complexo sobre a contemporaneidade e a coordenação pedagógica, entendida numa perspectiva de ação coletiva, inserida no conjunto das relações e das problemáticas intra e interinstitucionais. A análise de elementos teóricos para orientar uma prática coletiva de gestão escolar é um objetivo a ser perseguido.
Palavras-chave: Desafios contemporâneos. Coordenação pedagógica.
1 . Introdução
O pensamento complexo é, essencialmente, o pensamento que trata da incerteza e que é capaz de conceber a organização. É o pensamento capaz de reunir (complexus: aquilo que é tecido conjuntamente), de contextualizar, de globalizar, mas, ao mesmo tempo, capaz de reconhecer o singular, o individual, o concreto (MORIN; LE MOIGNE, 2000, p. 206).
É comum encontrarmos em textos acadêmicos, ou mesmo noticiários, a afirmação de que estamos no meio de um processo de transformação social, econômica e tecnológica. Entretanto, historicamente, é necessário reconhecer que a transformação é parte integrante da dinâmica do modelo de desenvolvimento capitalista. Portanto, as transformações que vivemos não deixarão de existir, não se trata de uma fase que estamos atravessando e que podemos aguardar que finde para entrarmos numa fase de estabilidade. Enquanto vivermos sob a égide do sistema capitalista, conviveremos com transformações constantes, sejam de base tecnológica, econômica ou social. Os rumos dessas transformações vão se fazendo, vamos construindo-os com maior ou menor capacidade de intervenção.
Certamente, podemos concordar de antemão que, a cada período, a estrutura social torna-se mais complexa. As relações se adensam em função das possibilidades de contato e de relacionamento que se abrem. Com isso, pensar os desafios que estão colocados atualmente para a educação é tarefa complexa e exige abordagem ou, pelo menos, leituras em algumas áreas. No período atual, talvez como nunca antes, caiba o conceito de totalidade como caminho para a compreensão do real.
No entanto, não se trata de tarefa fácil. Neste texto, serão abordadas algumas questões de áreas que possuem algum vínculo com a educação, sem pretender abarcar a totalidade de variáveis, contextos e problemáticas que perpassam a educação. Foram eleitos, para discussão, aspectos relacionados ao mercado de trabalho, modo de produção e organização das práticas de consumo. Também é importante entender a relação do sujeito com o universo simbólico, seja na forma dos produtos da mídia, nas relações com o espaço-tempo ou com as tecnologias. Finalmente, serão feitas algumas considerações acerca dos problemas ambientais.
Retomando a afirmação anterior, buscaremos construir um pensamento complexo sobre a contemporaneidade, sem desconhecer que se trata, aqui, de uma leitura possível deste tempo, objetivando reunir, de forma complexa (complexus: aquilo que é tecido conjuntamente), o contexto de forma globalizada, mas que nos permita, ao mesmo tempo, reconhecer o que há de singular, de individual, de concreto no fazer da coordenação pedagógica.
A atuação da escola, portanto, é vista, no seu conjunto, enquanto instituição social, que expressa, mas, ao mesmo tempo, é perpassada pela dinâmica e pelo imaginário social de seu tempo e de sua cultura. Neste sentido, a atuação da coordenação pedagógica é entendida numa perspectiva de ação coletiva, inserida no conjunto das relações e das problemáticas intra e interinstitucionais. Não é possível, na atualidade, pensar de forma compartimentalizada a atuação dos profissionais da educação. Professores, coordenadores, funcionários, comunidade enfim, cada agente do processo tem sua particularidade, mas a capacidade de entendimento deve ser compartilhada entre todos.
Por isso, as questões aqui tratadas não sugerem uma orientação exclusiva da atividade de coordenação, não se pretende, neste texto, trazer uma listagem de tarefas e atribuições que o coordenador deve seguir, mas, sim, elementos para orientar uma prática coletiva de gestão escolar.
2 . Complexidade: cenários da atualidade I
2.1 Economia e educação
As discussões acerca das mudanças que ocorreram no mundo do trabalho nas décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial assumiram grandes dimensões no Brasil nas décadas de 1980 e 1990 e centraram-se em algumas áreas, sendo a educação uma das principais. O panorama econômico internacional, em meados da década de 60 do século XX, colocava em xeque a hegemonia estadunidense – pelo menos econômica –, principalmente quando se evidenciou que os mercados internos da Europa Ocidental e Japão começaram a ficar saturados. As políticas norte-americanas para solucionar os problemas internos tornaram o dólar instável como moeda de reserva internacional, fazendo com que países da Europa Ocidental, Japão e outros começassem, por conta própria, uma expansão no modelo fordista, desafiando a superioridade daquele país, levando ao rompimento do acordo de Bretton Woods1.
Economicamente, o ponto fulcral deste processo de reestruturação era a rigidez dos investimentos corporativos, dos contratos de trabalho e do Welfare State, só restando uma alternativa para manter estável a economia: a impressão de moedas, trazendo, como consequência, um aumento crescente da inflação. A tentativa de conter a inflação, em 1973, expôs muita capacidade excedente, gerando uma crise nos mercados. Isso implicou um aumento do custo relativo dos insumos de energia, levando alguns setores a buscarem mudanças tecnológicas e organizacionais para economizar energia e encontrar mercados no qual pudessem investir os petrodólares excedentes. Desse processo, emergiu o problema das finanças públicas, mostrando que o Estado gastava muito mais do que podia (HARVEY, 1994).
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