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ENSINO E APRENDIZAGEM DE LINGUAGEM II

Por:   •  27/5/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.598 Palavras (7 Páginas)  •  337 Visualizações

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Universidade Federal de Ouro Preto

Centro de Educação Aberta e a Distância

EAD284 – ENSINO E APRENDIZAGEM DE LINGUAGEM II

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NOME:  Luciana Lacerda Neves

DATA: 30/05/2016

TURMA: Pedagogia 2014.2                  

POLO: Caratinga 4° Período

PROFESSORA: Glaucia Maria dos Santos Jorge

TUTOR A DISTANCIA:Jussara aparecida da Cunha / Luiz Antônio da Costa

Produção textual como prática social e cognitiva

A produção de textos é uma atividade cognitiva e social. Percebemos que a produção de textos envolve a ativação e a coordenação de diversas ações, como as cognitivas complexas (elaboração e seleção de ideias e conteúdo, textualização, registro e revisão), e também a consideração dos aspectos relativos às condições de produção dos textos (finalidade, destinatário, gênero textual, situação de interação, entre outros). 

Produzir textos é uma prática de linguagem e uma prática social assim como a leitura. A escrita tem como finalidade a comunicação, mas é uma atividade altamente complexa e mediar essa produção é uma tarefa bem difícil, pois requer a coordenação de diversas ações para criar as condições necessárias à aprendizagem das crianças durante a construção do texto e também exige a consideração de vários aspectos ao mesmo tempo, que envolve diversas demandas cognitivas. Isso querdizer que quando se pratica o ato de escrever ao produzir um bilhete, textos, cartas, etc., o escritor se concentra em determinado assunto e acaba esquecendo-se de outros, como exemplo, quando o aluno tenta dar conta de um texto, acaba concentrando mais na elaboração e seleção de ideias, e que pode acabar deixando de lado os aspectos como a ortografia e a pontuação. 

De acordo com Geraldi (1997) quando vamos produzir um texto é necessário que se tenha não somente o que escrever, mas também para que e para quem escrever. Em uma construção de texto, considerando as teorias sócio interacionais, há influência de crenças, convicções, atitudes dos interactantes, conhecimentos partilhados, entre outros. Escrever também é ter que tomar várias decisões complicadas, mas algumas vezes essa tarefa pode se tornar simples, isso acontece quando nos é passado as características do que vamos escrever, por exemplo, deixar um bilhete em casa para que se dê descarga quando usa o sanitário. Nesses casos, está claro o conteúdo, como também a estrutura, as características, a intenção e o destinatário da escrita. Esse é, no entanto, um caso peculiar: o fato dos vários processos e decisões ocorrerem de modo automático está certamente ligado à natureza privada do gênero e ao fato de já os termos praticado várias vezes

Escrever um texto não é apenas escrever por escrever, e sim analisar as circunstâncias em que ocorrem está escrita, em qual condição ela aconteceu e também o lugar a qual se escreve. Na vida devemos analisar o papel que desempenhamos e os vínculos que assumimos, quais responsabilidades teremos, pontos de vista a partir dos quais os acontecimentos são analisados, recomendações são feitas, atitudes são tomadas.

 Ser um escritor proficiente significa saber lidar com todas as características do contexto de produção dos textos, de maneira a orientar a produção do seu discurso pelos parâmetros por elas estabelecido. É necessário, então, considerarmos a situação comunicativa e o contexto em que a atividade de produção ocorre de modo a formar, na escola, produtores de textos não apenas capazes de escrever, mas de, sobretudo, interagir através da escrita.

O ato de escrever como uma prática social pressupõe a diferenciação entre escrever e o ato de produzir um texto com significados sócio-compartilhados, assim, para que a produção textual seja uma prática social, é necessário ter uma visão mais rica, com planejamento, revisão e edição, e consequentemente atingir o leitor com trocas objetivas.

Nesses termos, um gênero textual é uma combinação entre elementos lingüísticos de diferentes naturezas – fonológicos, morfológicos, lexicais, semânticos, sintáticos, oracionais, textuais, pragmáticos, discursivos e, talvez possamos dizer também, ideológicos – que se articulam na “linguagem usada em contextos recorrentes da experiência humana, [e] que são socialmente compartilhados” (MOTTA-ROTH, 2005, p. 181) ou ainda:

formas recorrentes e significativas de agir em conjunto, que põem alguma ordem no contexto da vida em coletividade (nos termos de Clifford Geertz, 1983:21); como formas de vida que se manifestam em jogos de linguagem, de tal sorte que a linguagem é parte integral de uma atividade (nos termos de Ludwig Wittgenstein ([1953] 1958:88, § 241) a ponto de o gênero tornar-se um fenômeno estruturador da cultura. (Idem, p. 184)

Há, pelo menos, duas propostas relevantes para o ensino de produção textual na escola que se pautam por uma concepção do escrever como prática social, ambas desenvolvidas em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A primeira, publicada por Zatt e Souza (1999) na forma de livro, apresenta o projeto desenvolvido por essas duas autoras com seus alunos de sexta série, em duas escolas das comunidades de Morro Alto e Morro da Polícia, na periferia de Porto Alegre. Consiste na troca de impressões dos alunos sobre si mesmos, sua vida, o lugar onde moram, para se conhecer e mapear as variadas vidas em pontos diferentes da cidade de Porto Alegre. A princípio, a publicação do livro foi artesanal e custeada pelas comunidades atendidas pela escola. O livro traz as cartas trocadas entre as professoras-amigas e entre seus alunos.

As professoras encorajaram seus alunos nas práticas sociais de se reconhecerem, se descreverem, narrarem as experiências vividas e conhecerem outras pessoas cursando a mesma série em uma escola diferente, tudo isso por meio de cartas (evidentemente, em vista de os alunos não terem telefone, isso se torna ainda mais significativo).

Essas cartas são uma espécie de desabafo sobre o desafio de tornar significativa a aprendizagem de produção textual dos seus alunos. Conforme expresso na correspondência entre elas, a prática pedagógica baseada no gênero carta pessoal transformou a tarefa, criando uma rede interdiscursiva entre os textos, que pode ser percebida pela alusão a contextos, fatos ou textos compartilhados por eles:

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