ENTREVISTA COM PROFESSOR DO EJA

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE COSTA RICA - FECRA

KELLY CRISTINA DIAS

BRUNO FRANCISCO DA SILVA

 

ENTREVISTA COM PROFESSOR DO EJA.

Costa Rica – MS

2017

KELLY CRISTINA DIAS

BRUNO FRANCISCO DA SILVA

ENTREVISTA COM PROFESSOR DO EJA

Trabalho apresentado na Disciplina de Educação de Jovens e Adultos, professora responsável Claudia Regina Renda Bíscaro Herreira.

Costa Rica – MS

2017

A professora entrevistada se formou pela Fecra em 2005, leciona as aulas de português, matemática, ciências e geografia na fase I do EJA, que corresponde aos três primeiros anos da alfabetização no ensino fundamental.

1 - A senhora acha a EJA, importante?

Prof. Ah! Eu acho.

Porque?

Prof. Porque se a pessoa não teve uma oportunidade enquanto era novo né, ali ele tá tendo a oportunidade que ele não teve enquanto era jovem. Ele tem a oportunidade de fazer, agora depende da vontade dele né, porque senão entrar la também e não tiver uma vontade pra pode se sobressai vai ficar amarrado naquilo ali, toda a vida e nunca vai virar nada também. Mas é importante a EJA. Porque já tem pessoa que fez a EJA que já está fazendo faculdade. Tem uma aluna que está naquela Unigran fazendo a faculdade.

 2 – Como a senhora entende a EJA?

Prof. É um curso muito bom pra pessoa que não teve. É isso que eu entendo, a EJA ela é uma oportunidade mesmo para a pessoa. Uma oportunidade que eles têm pra fazer alguma coisa na vida, pra ser alguém. Como diz o outro, sem... A pessoa que não tem leitura é cego. Aí ali, é uma oportunidade que eles têm de abrir o olho. De enxergar.

São muitas as pessoas que chegam lá sem o conhecimento prévio de leitura e escrita?

Prof. Nossa! Demais. Demais da conta.

A senhora da aula na fase 1?

Prof: É, na alfabetização.

Qual é o nível de evolução nesta fase de ensino?

Prof: Tem aluno que evolui rápido. Que ele tem assim, parece que cê enxerga que ele tá cheio de desejo de fazer alguma coisa ainda, mas tem uns que parece que não evolui não, vai amarrando, amarrando não sobre sai não.

A senhora já deu aula para crianças do ensino fundamental?

Prof: Já, já trabalhei em educação infantil, na Ambrosina, em 2009. No maternal.

E no ensino fundamenta de primeiro ao quinto ano?

Prof: Já, assim aula de substituição. Já trabalhei assim mês dando aula de substituição pra muitos professores que falta. Ai eu vou para substituir. E as vezes cobrir faltas por mês.

 A senhora vê grande diferença nestas duas modalidades de ensino?

Prof: Têm. Têm diferença. Porque na EJA a pessoa parece ter mais vontade do que no ensino fundamental.

Apesar do trabalhar o dia inteiro?

Prof: É, apesar deles chegar já cansado que tem uns que não tem condições de... fica ali um pouco e diz eu vou embora porque eu não aguento mais, é, ainda é mais satisfativo que trabalhar no ensino fundamental. Bem mais, dá mais satisfação pra gente, porque você vê que eles tem desejo de aprender. Eles estão cansados e ainda tá esforçando ainda... Então eu acho que tem uma diferença, que ensino fundamental, aluno, não quer nem saber de nada, responde a gente, já, cê fala uma coisa, o menino faz favor, ishiii, ele já responde na tampa dá...

Como se deve trabalhar no EJA?

Prof: Na EJA, tem que ter muita paciência, cê tem que entender, éééé, cê tem que trabalhar com muita paciência. Se você não tiver paciência na EJA não funciona. Porque eles não responde nadinha, as vezes você fala alguma coisa com eles, que magoa, eles não te responde nadinha, mas só que não volta nunca mais. Vai embora e não volta mais. Eles não responde, eles fica caladinho só que não volta mais.

E como relação a didática, a ser usada na sala, quais estratégias se deve utilizar?

Prof: É, tem que ser trabalhado diferente. É diferenciado o trabalho com eles, mesmo que você ensine gramatica, essas coisas assim, mas tem que ter paciência com eles. Porque não entra na cabeça deles só uma vez que você ensina, não, você tem que ensinar repetitivo, toda vez. Igual eu tô ensinando pra eles substantivos. Passei na lousa o resumo, expliquei, ontem perguntei: - O que é substantivo? – Ficou todo mundo olhando para a minha cara. Eles dá risada, e diz professora a gente não sabe nada. Eu falo gente pega o caderno tem lá escrito. Estuda e me responde. Mas eles não sabe responder.

Ao que a senhora atribui esse déficit, falta de atenção?

Prof: Eu  faço uma ideia que é por causa do cansaço do trabalho né. E ai a pessoa já esta com a mente mais lenta, porque o cérebro tem que ser trabalhado, dia a dia, se não for trabalhado corretamente assim, ééé, a pessoa num consegue assim gravar muita coisa mesmo não.

O que é mais desafiador para trabalhar no EJA?  

Prof: A evasão.

Tem muita evasão?

Prof: uuhhhh! Meu Deus do céu...Tem gente que vai lá faz a matricula e nunca aparece. Ai outros aparece, vai dez vinte dias desaparece. É demais a evasão, é muito grande.

E porque tem tanta evasão professora?

Prof: Eu falo que é a falta de interesse. Eu já falei com meus colegas de serviço que é um pouco falta de interesse. Eles não têm assim aquela responsabilidade de falar assim, eu me matriculei, eu tenho que ir pra escola. Não, se o menino tá chorando, eles não vai na escola, se acontece alguma coisinha lá na casa já não vão mais na escola. Então a evasão eu falo que é mais por causa disso.

Nos estágios percebi que na sala possui muitos idosos, a senhora atribui essa falta de interesse devido à falta de perspectiva para o futuro?

Prof: Só que os mais velhos são os mais interessados  a ir. Eles é os que menos falha na escola. Os que mais falha é os novo, que tem criança em casa, que o marido não deixou ir, porque a mulher é nova ainda, por ciúmes. Eu tenho alunos de sessenta e poucos anos ontem que ele faltou na escola, ele vai. Ele tem sessenta e oito anos, do começo do ano até agora, ontem foi a primeira vez que ele faltou. E os novo não, tem um mocinho que tem uns vinte anos do começo do ano até agora ele deve ter ido uns trinta dia. Então os mais novos são os mais desonestos. Eu falo que a pessoa fez a matricula ele tem que responsabilidade que ele está matriculado naquela entidade, ele tem que tá ali, né.  E eles não tem essa responsabilidade.