Educação do Surdo no Brasil e Mundo
Por: Flavia Cristina • 29/3/2019 • Trabalho acadêmico • 1.995 Palavras (8 Páginas) • 211 Visualizações
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO BRASIL E NO MUNDO
Aluna: Flavia Cristina
Observando a história da humanidade, é fácil identificar que as sociedades consideradas “civilizadas” criavam barreiras para a aceitação do que era dito como diferente. Onde para se entender como sociedade se fazia necessárias ideologias, senso comum, o pensar e agir de forma padronizada, assim, tudo que estava fora desses padrões de percepção de mundo, estava às margens da sociedade. Assim, com os sujeitos surdos não foi diferente.
Acreditava-se por séculos, que os indivíduos surdos e a conseguinte mudez, fossem ineducáveis, com inteligência limitada, não tendo autoridade para responder por si.
Os grecoromanos atribuíam os surdos como não humanos, baseados na idéia que não era possível desenvolver o pensamento sem a fala, e a não verbalização do pensar, materializava o não desenvolvimento intelectual, reafirmando a não humanidade.
O autor Sacks (1989 p.31) diz que até mesmo nos escritos bíblicos observa-se negativas ao modo de se ver a surdez ), “A condição sub-humana dos mudos era parte do código mosaico e foi reforçada pela exaltação bíblica da voz e do ouvido como a única e verdadeira maneira pela qual o homem e Deus podiam se falar (‘no princípio era o verbo’)”
De conformidade, a Idade Média, o poder estava centrado nas mãos da igreja católica, e a mesma afirmava que os surdos não tinham a tão almejada salvação, pois somente através da escuta da palavra de Deus, se era possível consegui-la. Já nos séculos seguinte, com o intuito de possibilitar a salvação dos surdos, alguns religiosos passaram a ensiná-los, somente com o propósito de transmitir a palavra de Deus, os mantendo sob controle, e não para seu desenvolvimento ou bem estar e inteiração social.
Somente nos meados do século XVI, o médico italiano Girolamo Cardamo “concluiu que a surdez não prejudicava a aprendizagem, uma vez que os surdos poderiam aprender a escrever e assim expressar seus sentimentos” (JANNUZZI, 2004, p.31). E assim, dessa contrapartida, começou-se o interesse de vários educadores no desenvolvimento e criação de metodologias de aprendizagem para surdos. Um nome que se destaca é o Pedro Ponce de Leon, que destinou-se a ensinar surdos, mas os surdos da nobreza, a fim de que se o aluno aprendesse a ler, escrever, poderia receber o tão almejado “título de cidadão”, e como cidadão receber títulos e herança que antes eram negados, para além, os ensinamentos religiosos da fé católica eram rigorosos, como de praxe na época.
A forma de como a sociedade via os surdos se modificou a medida que eram oferecidas oportunidades educacionais e de socialização aumentando consideravelmente o interesse por educá-los já na Idade Moderna.
A primeira escola pública para surdos foi inaugurada em 1760, por Charles-Michel de L’Épeé, que veio com a iniciativa de defender a língua de sinais, considerando os sinais já conhecidos pelos surdos e inventando outros, sendo, sua metodologia importante para influenciar educadores de outras localidades, conseqüentemente, o surgimento de novas escolas.
Em contramão destaca-se o congresso de Milão em 1880, uma conferência internacional de educadores de surdos. Em deliberação a plenária do congresso declarou que a educação oralista superior à língua gestual, aprovando uma resolução que proibia o uso da língua gestual nas escolas.
Sendo assim, o oralismo suprimiu a língua de sinais, como a justificativa de que a oralidade é a única forma de comunicação para surdos.
Oralismo, ou método oral, é o processo pelo qual se pretende capacitar o surdo na compreensão e na produção de linguagem oral e que parte do princípio de que o indivíduo surdo, mesmo não possuindo o nível de audição para receber os sons da fala, pode se constituir em interlocutor por meio da linguagem oral (SOARES, 1999, p. 01).
Já no Brasil, somente há relatos ao atendimento às pessoas com deficiência, a partir de 1854, onde médicos confrontaram os conceitos da época, vindo a admitir possibilidades educacionais do indivíduo antes considerados ineducáveis, mas infelizmente, os relatos desses atendimentos são bastante rasos e pouco sustentáveis para considerá-los atendimentos educacionais.
Todavia, o marco da história da educação brasileira para surdos, é no ano de 1855, com o Frances Hernest Huet, que veio ao Brasil a pedido de D. Pedro II, para a fundação da primeira escola para surdos – Imperial Instituto de surdos, que existe até os dias de hoje, com o nome Instituto Nacional de Educação para Surdos (INES) somente para meninos, localizando no bairro das laranjeiras, no Rio de Janeiro.
outras alternativas a fim de se comunicarem, a exemplo, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Tal língua foi instituída oficialmente a partir da Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002. A Lei nº 10.436 de 2002 que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais, a reconheceu como língua primeira e meio legal de comunicação da comunidade surda.
Em relação à educação de surdos este documento salienta que a educação bilíngüe deve priorizar o ensino da língua materna dos surdos, a língua brasileira de sinais, como primeira língua (L1) e a língua portuguesa ao qual deve ser ensinada como segunda língua (L2) e em modalidade escrita. E ainda o referido documento prevê o direito da presença de um tradutor/intérprete de LIBRAS e língua portuguesa e o ensino de LIBRAS para os demais alunos
E no que se refere aos alunos surdos, esse atendimento especializado deve ser realizado por profissionais capacitados com conhecimentos em LIBRAS e desenvolvido em um ambiente bilíngue, ou seja, em um espaço em que se utilize a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa. Intermediada pelas políticas públicas mencionadas anteriormente entre outras, e por movimentos sociais representados por surdos e pessoas envolvidas com a causa, as escolas bilíngues e profissionais para o ensino inclusivo hoje são uma realidade no país. Embora ainda não se apresentem em números expressivos, mas se consolida a cada dia buscando garantir ao aluno surdo seu direito à uma educação de qualidade.
Posteriormente já na década de 60 do século XX, a língua de sinais ressurgiu combinada à forma oral na tentativa de suprir as falhas do oralismo por si só, combinação essa relacionada ao termo Comunicação Total.
A Comunicação Total propõe o uso concomitante de todos os meios linguísticos, orais e visuais
a comunicação total propunha uma habilidade linguística, porém em contrapartida a leitura e a escrita se mostravam insuficientes. Sendo assim, passou-se então a pensar em uma educação a 19 partir da língua de sinais, língua materna dos surdos, metodologia denominada de Educação Bilíngue para surdos.
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