FUNÇÃO DO GESTOR: UMA QUESTÃO DE CONCEITOS
Por: Bianca Campos • 21/9/2020 • Artigo • 1.803 Palavras (8 Páginas) • 161 Visualizações
FUNÇÃO DO GESTOR: UMA QUESTÃO DE CONCEITOS
Segundo Paro (2010, p.25) o papel do diretor é administrar e utilizar racionalmente “recursos para a realização de fins determinados”, coordenando o esforço humano coletivo responsavelmente. Ele ainda define as diferenças entre diretor e administrador:
[...] considere-se que uma cousa é ser diretor, outra é ser administrador. Direção é função do mais alto nível que, como a própria denominação indica, envolve linha superior e geral de conduta, inclusive capacidade de liderança para escolha de filosofia e política de ação. Administração é instrumento que o diretor pode utilizar pessoalmente ou encarregar alguém de fazê-lo sob sua responsabilidade. Por outras palavras: direção é um todo superior e mais amplo do qual a administração é parte, aliás, relativamente modesta. Pode-se delegar função administrativa; função diretiva, parece-nos, não se pode, ou, pelo menos, não se deve delegar. (RIBEIRO apud PARO, 2010, p.22).
Ainda, de acordo com Paro (2010) direção nos remete uma chefia, administração, governo e enfatiza que o diretor de escola necessita uma formação em administração escolar, ou gestão.
Assim podemos compreender que o processo de administrar vai além, a gestora observada destaca: “São muitas coisas, tanto que tu tá sempre assim tentando fazer com as coisas fluam, andem em todos os setores, né, tanto pedagógico, quanto estrutura da escola, enfim, mas a gente percebe assim que é um desafio bem grande, porque assim é uma preocupação constante em tentar fazer sempre o melhor para que as coisas caminhem, e para que a escola então funcione de fato, como tem que ser”.( ENTREVISTA COM GESTORA, 16/10/2015)
Deste modo, foi perceptível que o trabalho de gestão desta escola não ocorre de forma isolada, este processo perpassa toda equipe tanto gestora quanto docente, partindo um princípio de democracia, constituindo assim uma comunicação ativa entre todos os setores escolares.
3.3.2 TRABALHO EM EQUIPE E COOPERAÇÃO: UMA RELAÇÃO COM A LIDERANÇA COMPARTILHADA
Em relação ao trabalho em equipe, em um ambiente democrático onde as opiniões e modos de agir heterogêneos são respeitados, é preciso respeitar opiniões e fazer concessões para na escola se atinja o bem comum. Para isso, os profissionais que assumem pertencer a uma instituição devem aceitar algumas normas de conivência para que o trabalho aconteça com base no eixo do trabalho em equipe.
De acordo com CARDOZO, o trabalho em equipe segue correspondendo seu significado conforme sua definição:
Uma equipe tem como essência a colaboração mútua e integrada. A palavra colaboração vem da frase em latim cum laborare, que significa “trabalhar junto”. “Junto” é a palavra chave, entretanto ela por si só não define equipe, visto que uma equipe não é apenas um grupo que trabalha em conjunto. (2003, p.17)
Em nossas observações, podemos perceber que o trabalho das gestoras segue este princípio, partindo do trabalho em equipe para a resolução dos conflitos da instituição:
Enquanto a vice-diretora fazia estas atividades, as demais gestoras estavam reunidas na sala da direção [...] Me chamou a atenção que durante toda a observação a sala da direção permaneceu aberta, demonstrando a receptividade da equipe ao corpo docente e discente (1ª OBSERVAÇÃO- BIANCA CAMPOS DA SILVA, 09/09/2015) |
Trabalhar em equipe objetiva o resultado final, visto como um empenho individual de cada um visando o resultado de um trabalho coletivo. Uma equipe precisa resolver seus problemas de forma que ambas as partes possam se sentir confortável no seu local de trabalho, incentivando o bem-estar comum. Numa equipe é fundamental contar com a colaboração, empenho, organização de cada integrante, nesse caso analisado, da Escola Municipal cabe ressaltar que esta equipe tem um trabalho que deve “complementar” o outro apesar de todas as dificuldades desse processo, conforme relato da gestora: “ Para o trabalho em equipe ocorrer tem que ser assim, uma coisa em que todos possam opinar, que todos possam participar, com ideias, com suas manifestações. Eu acredito assim ó, a gente tenta pelo menos fazer o máximo pra que isso aconteça, mas não é uma coisa tão fácil não! “ (ENTREVISTA COM GESTORA, 16/10/2015)
Desse modo, um trabalho coletivo deve ter como orientação um gestor com embasamento para sua função, o desenvolvimento da liderança. Esta deve ser compartilhada entre os demais profissionais gestores, usando como base a democracia. Nesse sentido, LÜCK ressalta:
[...] uma pessoa não consegue exercer, efetivamente, a liderança em todos os momentos, aspectos e espaços. Ela pode exercer a liderança num momento e não noutro, em decorrência de uma série de fatores, sejam pessoais, sejam contextuais. Pela co-liderança e liderança compartilhada, os espaços vazios deixados por uma pessoa poderão legitimamente ser ocupados por outra a partir dos princípios de gestão compartilhada e responsabilidade conjunta pelos resultados de formação e aprendizagem dos alunos. (LÜCK, 2008, p. 51)
As observações realizadas nos permitiram observar que a vice-diretora ocupa um papel de liderança, bem como fiscaliza as atividades que se desenvolvem na escola. Abaixo transcrevemos dois excertos de observações, que identificam tal postura:
Após, chega o horário de intervalo dos alunos da escola, a vice-diretora se dirige para o pátio da escola com um caixa com bolas. As crianças correm em sua direção pegando as bolas. Ela permanece por ali, na pista de atletismo, na casinha montada no pátio, conversando com os alunos. Sua tarefa é também cuidar desse período de intervalo. (1ª OBSERVAÇÃO- CAMILA GUNTZEL ELY, 09/09/2015) |
Neste sentido a liderança não pode ser apenas da equipe diretiva da escola, mas sim deve ser compartilhada por sua equipe. É necessário sim, ter em alguns momentos de tomadas de decisões individuais, e nessa situação cabe o gestor tomar a frente na resolução desta problemática, em caso relatado pela gestora de fato isso acontece “tem certas coisas assim, que a gente não tem como consultar todo mundo, o tempo todo, então tem coisas que tem que ser resolvidas assim quase que momentaneamente” (ENTREVISTA COM GESTORA, 16/10/2015)
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