Metodologias do ensino de português
Por: Sury Cota • 26/5/2015 • Artigo • 4.823 Palavras (20 Páginas) • 244 Visualizações
METODOLOGIAS DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA PESSOAS SURDAS
Ismael Souza Damaceno
Prof. Orientador Dalva Fabíola Buttembender
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em Língua Portuguesa (LED1951) – Trabalho de Graduação
18/03/2012
RESUMO
Falar sobre metodologias do ensino da Língua Portuguesa para pessoas surdas é trilhar um longo caminho pela história da Educação de Surdos. É conhecer as características deste indivíduo e respeitar suas especificidades. Estamos vivendo um momento ímpar da educação inclusiva, e o professor é parte integrante deste processo. Esse trabalho pretende apresentar algumas metodologias, das quais se têm valido muitos educadores, para o ensino da língua portuguesa para alunos surdos. Há os que se julgam incapazes de ensinar e dizem não terem recebido orientações de como trabalhar com esses alunos. Buscar novas metodologias, que facilitem o aprendizado do educando surdo é um desafio que precisamos vencer, e esse trabalho visa apresentar, de forma simplificada, caminhos para a tarefa do ensino da Língua Portuguesa aos surdos. Esse desafio precisaria ser superado pelos profissionais que atuam na área da educação de surdos, pois ensinar Português para surdos requer conhecimentos, como o domínio da Língua Brasileira de sinais – LIBRAS – para que o aprendizado do Português seja realmente significativo.
Palavras-chave: Métodos. Surdos. Professores.
1 INTRODUÇÃO
Muitas reflexões surgiram ao longo dos anos na tentativa de fazer com que os surdos pudessem aprender a ler e a escrever. A primeira foi o Oralismo, na qual se acreditava que os surdos deveriam aprender a falar para que fosse possível a aquisição da Língua Portuguesa escrita. A segunda filosofia utilizada para o ensino do Português aos surdos foi a Comunicação Total, que utilizava gestos, a Língua de Sinais, a fala, enfim, todos os recursos para que fosse possível ensinar os surdos a Língua Portuguesa escrita. A terceira e também considerada atual é o Bilinguismo, que prioriza a Língua de Sinais como meio mais eficiente de ensino da escrita para pessoas surdas, já que os Surdos podem adquirir a escrita através de sua própria Língua.
Como toda língua oral tem sua estrutura própria, o mesmo acontece nas Línguas de Sinais, portanto deve-se ter em mente que a Língua de Sinais, como, por exemplo, a Língua de Sinais Brasileira ou LSB, conhecida como LIBRAS, é uma Língua que não segue a estrutura da Língua Portuguesa. Ao contrário do que se pensa, as Línguas de Sinais do mundo não são universais, assim como não são as línguas orais, tendo cada país a sua própria Língua de Sinais.
A partir do exposto, esse trabalho pretende, através de uma pesquisa bibliográfica, refletir sobre os métodos de ensino da Língua Portuguesa para pessoas surdas, visto que a inclusão tem sido tema recorrente nas propostas educacionais e destacando que os surdos de nascença não adquiriram a língua oral, por isso, apresentam maiores dificuldades no processo de aquisição da escrita.
2 OS SURDOS E SUA HISTÓRIA NO MUNDO
O Judaísmo, que é uma das religiões mais antigas do mundo, surgiu na antiguidade no seio do povo hebreu e sua principal característica era o monoteísmo. Sua base parte da existência patriarca de Abraão, sendo que, conforme os escritos de Moisés ganhou uma forma mais elaborada e definitiva. Esses escritos consistem num conjunto de normas e leis para orientar e disciplinar a vida daquele povo, as quais devem ser seguidas com a finalidade de alcançar a paz celestial.
Para os seguidores desta cultura religiosa, “tanto a doença crônica, quanto a deficiência física ou mental, e mesmo qualquer deformação por menor que fosse, indicava certo grau de impureza ou de pecado” (SILVA, 1986). Um bom exemplo dessa concepção pode-se encontrar na Bíblia, no livro de Moisés, chamado de “Levítico”, compondo o Antigo Testamento. Nesses escritos fica clara a personalidade histórica judaica, onde se cita abaixo:
“Homem algum de tua linhagem por todas as gerações, que tiver um defeito corporal, oferecerá o pão de seu Deus. Desse modo, serão excluídos todos aqueles que tiverem uma deformidade corporal: cegos, coxos, mutilados, pessoas de membros desproporcionados ou tendo uma fratura do pé ou da mão, corcundas ou anões, os que tiverem uma mancha no olho, ou a sarna, um dartro ou testículos quebrados. Homem algum da linhagem de Abraão, o sacerdote, que for deformado, oferecerá os sacrifícios consumidos pelo fogo sendo vítima de uma deformidade, ele não poderá apresentar-se para oferecer o pão de seu Deus. Mas poderá comer o pão de seu Deus, proveniente das ofertas santíssimas e das ofertas santas. Não se aproximará, porém, do véu nem do altar, porque é deformado. Não profanará meus santuários, porque eu sou o Senhor que os santifico” (BÍBLIA SAGRADA, Levítico, 21:17-23)
Fazer um retrospecto histórico da Educação de Surdos é necessário para que se compreenda o percurso dessa caminhada até os dias de hoje. Há muito tempo, as pessoas que possuíam algum tipo de necessidade especial como surdez, cegueira, paralisia ou alguma anomalia que as fizesse diferente das demais, não eram aceitas pela sociedade. Grande parte dessas crianças era sacrificada ainda recém-nascida, pois se acreditava que ter uma pessoa com deficiência traria algum tipo de maldição.
Diversas crianças surdas não tiveram a chance de sobreviver. Nessa época, acreditava-se que surdos não podiam ser educados, nem mesmo terem algum tipo de fé ou herdar o reino dos céus, já que a fé viria pelo ouvir a Palavra de Deus.
Ter aceitado crianças com necessidades educativas especiais nas escolas regulares foi um avanço, porém as escolas não estavam preparadas para recebê-las, muito menos para ensiná-las. Não foi criada uma metodologia que atendesse as necessidades desses alunos. Muito pelo contrário, o aluno deveria se adaptar à metodologia e não a metodologia se adaptar ao aluno. Os alunos surdos sofreram com isso, pois nem todos conseguiam acompanhar o nível dos demais. Nesse caso, grande parte ia para a escola (e ainda vão) apenas para marcar presença, pois a maioria não conseguia acompanhar as aulas dadas pelo professor, principalmente pela falta de uma metodologia que melhor os atendesse.
...