O Diário de Bordo
Por: Daniel Jose DA Silva • 26/8/2021 • Ensaio • 2.768 Palavras (12 Páginas) • 107 Visualizações
Diário de bordo aula dia 15/04 – IDENTIDADE E DIFERENÇA
SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, Tomaz Tadeu (Org.) Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
O texto proposto para essa semana foi uma leitura muito agradável, mas ao mesmo tempo inquietante no sentido de fazer borbulhar as reflexões e questionar os conhecimentos formatados e consolidados até aqui concernentes a construção da identidade ou das identidades.
Tenho observado que a escrita de Stuart Hall é uma escrita de fácil entendimento, que não é densa no sentido teórico e filosófico, o autor consegue traduzir esses conceitos para uma linguagem acadêmica inicial.
Feitas essas considerações, transcrevo um trecho do texto que ainda preciso refletir para um entendimento apropriado.
Identidade e diferença como performatividade
“Remeter a identidade e a diferença aos processo discursivos e linguísticos que a produzem pode significar; entretanto, outra vez, simplesmente fixá-las se nos limitarmos a compreender a representação de uma forma puramente descritiva. Será o conceito de performatividade, desenvolvido, neste contexto, sobretudo pela teórica Judith Butler(1999), que nos permitirá contornar esse problema. O conceito de performatividade que nos permitirá contornar esse problema.”
“O conceito de performatividade desloca a ênfase na identidade como descrição, como aquilo que é - uma ênfase que é de certa forma, mantida pelo conceito de representação – para a ideia de “tornar-se”, para uma concepção de identidade como movimento e transformação.”
No livro de Butler – Problemas de Gênero feminismo e subversão da identidade, ela faz uma crítica a Simone de Beauvoir, quanto esta diz que: “a mulher não nasce mulher mas torna-se mulher” nesse sentido quando Hall destaca a palavra “ tornar-se” ele está concordando com Butler ou Beauvoir?
Diário de bordo aula Semana 7 – 22/04/2021 – A QUESTÃO MULTICULTURAL
HAAL, Stuart. Da diáspora: Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, 2003 (capítulo selecionado (Questão multicultural)
A leitura do capitulo foi agradável, como sempre o autor escreve de um lugar de pratica e vivência do tema.
Hall ao analisar a complexidade multicultural, aponta que escolhas sobre a identidade de grupos étnicos são balizadas por decisões políticas e de associações? Pois ao mesmo tempo em que são fiéis às tradições, se opõem ao grupo do qual desejam ser associados. O que significa que estas comunidades não estão presas em uma tradição imutável e seria um erro confundir suas formas diaspóricas com uma lenta transição para a assimilação completa. Na verdade tornaram-se comunidades cosmopolitas, pois tornaram-se os significantes mais avançados da experiência metropolitana do pós-moderno urbano.
Os efeitos transruptivos na abordagem política da questão multicultural tratam as categorias “raça”e “etnia”, a compreensão da cultura e o questionamento dos discursos dominantes da teoria política ocidental e as fundações do Estado liberal. Sendo assim, a categoria “raça” é vista em uma nova configuração com etnicidade. Raça está associada à cor (biologia) e é uma construção política e social, uma categoria discursiva em torno da qual se organiza um sistema de poder socioeconômico, de exploração e exclusão. O racismo tem, portanto, uma lógica discursiva própria de efeito de naturalização. Já a etnicidade está associada a características culturais e religiosas, pois articula a diferença com a natureza (o biológico e o genético) desde que se desloque pelo parentesco. Na verdade, são dois registros de racismo, onde os discursos da diferença biológica e cultural estão em jogo simultaneamente, ou seja, estão articulados e combinados de acordo com o momento multicultural.
A maneira como se compreende a cultura diante do binarismo tradição/modernidade é abordada de forma crítica por Hall, que menciona que o hibridismo é o termo mais adequado para caracterizar culturas mistas e diaspóricas. Já que, o hibridismo trata da lógica cultural da tradução, de um processo de tradução cultural, em que a ambiguidade (dentro/fora) define bem a lógica cultural da modernidade ocidental. Pois, na tradução cultural, é necessário negociar com a diferença do outro, algo que revela a insuficiência radical dos próprios sistemas de significado e significação.
Diário de bordo aula Semana 8 – 29/04/2021
MCLAREN, Peter. Multiculturalismo Revolucionário – Pedagogia do dissenso para o novo milênio. Porto Alegre: Artes Médicas do Sul, 2000. (capítulos selecionados: introdução e capítulo 8).
Assistir a palestra da psicóloga Lia Vaneur - A desconstrução da condição branca
A temática proposta para nosso encontro nesta semana realmente nos chama a uma profunda reflexão. As colegas Juliana e Vaneide apontaram em suas contribuições no fórum, a pergunta inicial “Quando raça foi um problema para você?” feita pela psicóloga Profa. Lia Verner durante a palestra no Evento: "Discriminações e Sofrimento Psíquico: Racismo, Sexismo e Homofobia". É uma pergunta chocante para os brancos. Para os negros pode trazer a memória tantas situações de problemas experienciadas ao longo da vida.
Eu mesmo na condição de negro de cor parda, posso relatar um dos muitos episódios que aconteceu comigo. Estávamos eu e meu filho naquela época com 17 anos, em um posto de gasolina calibrando os pneus de um veiculo, uma pick-up Pampa ano 86 bem desgastada pelo uso. Quando fomos abordados por dois policiais brancos que faziam uma ronda em suas motos, com a seguinte argumentação: “Existe uma queixa de roubo de celular por parte de dois adolescentes e as características do veículo e físicas dos autores coincidem com as de vocês, desbloqueiem os celulares de vocês que vamos averiguar.” Depois de muitas perguntas, questionamentos e muitos olhares dos clientes do posto fomos orientados pelos policiais a não ficarmos “vacilando” por ai.
Muito pertinente a observação da colega Vaneide “sobre o conceito e categorização de raça e as reais motivações do pensamento europeu sociológico do século XIX e por que foi reproduzido no pensamento social.”
Importante a distinção dos termo brancura e branquitude apontados pela palestrante que apresenta a brancura como cor da pele de uma pessoa a partir do fenótipo e branquitude quando a brancura se torna sua identidade social, subsidiada numa sociedade de dominação racial caracterizando-se numa identidade de poder e de privilégios. Sendo assim, ser branco, se torna um privilégio considerando a construção sócio histórica produzida pelo discurso de superioridade moral e intelectual da raça branca diante de quem não é branco. Contudo não existe superioridade de uma raça sobre outra.
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