O Mapa Mental
Por: Ana Raspante • 11/7/2022 • Trabalho acadêmico • 1.598 Palavras (7 Páginas) • 137 Visualizações
MEMORIA SOCIAL- A disciplina memória social se instituiu a partir da oposição entre lembrança e esquecimento.
Do ponto de vista prático, podemos compreender a memória como um dispositivo, fonte de nossa subjetividade. O dispositivo ou positividade é carregado de crenças, normas, ritos impostos ao indivíduo. Do mesmo modo, só podemos articular fatos, fenômenos e atos/ações a partir do movimento relacional da memória
estudar o contemporâneo, que é também o campo da memória social. a. Entender a memória como relação, como rede, vem sendo a perspectiva adotada nos estudos contemporâneos que trazem luz ou atualizam tempos mais arcaicos ou obscuros. A obra é produto das pesquisas e reflexões realizadas no Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Enquanto campo de estudos, a memória social já existe desde o início do século XX; contudo, apenas nos anos 1990, foi alçada a um lugar importante nas pesquisas acadêmicas, a partir da valorização das relações com o passado que passou a habitar a vida social e cultural e para a qual não devemos endereçar um olhar isento de qualquer perspectiva crítica.
Enquanto disciplina, a memória social foi criada por Maurice Halbwachs como uma área derivada das ciências sociais. A partir dos anos 1990, emerge, diferentemente, como resultado de um complexo atravessamento de diferentes discursos e disciplinas, tornando-se um campo transdisciplinar. Essa foi a proposta que serviu de base em 1995 à criação do Programa de Pós-Graduação em Memória Social. Em 2005, num momento em que o programa dispunha de um número bem maior de alunos e considerável massa crítica de professores, mas que as investigações ainda não tinham se consolidado, organizamos O que é memória social?, livro que se tornou uma referência para essa área de estudos em todo o território nacional, onde existam programas de pós-graduação sobre o tema ou aqueles que o abordem em uma de suas linhas de pesquisa.
Persistência da Memória Social
A primeira é que um conceito costuma nos dizer o que alguma coisa é, no presente, no passado e no futuro, a despeito de qualquer mudança. A memória, contudo, nunca é: na variedade de seus processos de conservação e transformação, ela não se deixa aprisionar numa forma fixa ou estável. A memória é, simultaneamente, acúmulo e perda, arquivo e restos, lembrança e esquecimento, não pode ser definida de maneira unívoca por nenhuma área de conhecimento. Mesmo no interior de cada disciplina, ela é um tema controverso.
Primeira proposição: o campo da memória social é transdisciplinar
A memória social é habitualmente caracterizada como polissêmica. Essa polissemia pode ser entendida sob duas vertentes: de um lado, podemos admitir que a memória comporta diversas significações; de outro, que ela se abre a uma variedade de sistemas de signos. o conceito de memória social é, além de polissêmico, transversal1 ou transdisciplinar. já que, em razão de sua própria condição transversal, sofre um permanente questionamento
Segunda proposição: o conceito de memória social é ético e político
Temos aqui outro ponto capaz de trazer mais um complicador quanto à questão da diversidade de significações que a memória comporta.
O conceito de memória, produzido no presente, é uma maneira de pensar o passado em função do futuro que se almeja. Seja qual for a escolha teórica em que nos situemos, estaremos comprometidos ética e politicamente
Terceira proposição: a memória implica o esquecimento
o. Subentende- -se aqui o lamento pelo esfacelamento das tradições, assim como a crença de que devemos ser ressarcidos dessa perda, de alguma forma: nesse sentido, os lugares de memória são uma tentativa de contrabalançar o que foi destruído, “lugares salvos de uma memória na qual não mais ha- Morpheus: revista de estudos interdisciplinares em memória social, Rio de Janeiro, v. 9, n. 15, 2016. 27Revista Morpheus bitamos” (NORA, 1993, p. 14).
Porém, se valorizamos também a dimensão criadora do tempo, podemos atribuir uma função positiva ao esquecimento, concebendo as perdas enquanto indispensáveis à transformação da memória.. Desconsiderar, excluir, la- Morpheus: revista de estudos interdisciplinares em memória social, Rio de Janeiro, v. 9, n. 15, 2016. 29Revista Morpheus mentar ou tentar escapar do esquecimento – enfim, vê-lo enquanto um mal a ser evitado – implica a manutenção de uma dicotomia fundante da nossa cultura, dicotomia essa que neutraliza e elide a dimensão política de toda memória. Pois esquecer é um ato que se encontra invariavelmente presente em qualquer construção mnemônica.
só tememos o esquecimento quando o pensamos como um inimigo da lembrança, supondo a memória, necessariamente, como um lugar de permanência de inscrições. Mas é justamente essa concepção que se encontra hoje em xeque, exigindo a mudança de nossas teorias.
Anne Withehead (2009, p. 157) conclui seu livro Memory, afirmando que “o esquecimento, paradoxalmente, constitui um elemento crucial, se não essencial, na direção e trajetória futura dos estudos da memória”.
Quarta proposição: a memória não se reduz à identidade
Reduzir a memória à identidade conduz um pesquisador a uma dificuldade: quando a identidade é algo a ser preservado, a memória se encontra a serviço da manutenção do mesmo.
Quinta proposição: a memória não se reduz à representação
A memória, nesse caso, via-se reduzida a um arquivo de representações, não sendo levados em conta os movimentos reais que essas representações representam. Se reduzirmos a memória a um campo de representações, desprezaremos as condições processuais de sua produção. A memória, contudo, é bem mais que um conjunto de representações; ela se exerce também numa esfera irrepresentável: no corpo, nas sensações, nos afetos, nas invenções e nas práticas de si. e glutinum mundi.
Memória social: itinerários poéticos-conceituais:
Primeiro itinerário: a memória se produz numa relação com a alteridade
No livro de Mem Fox, a memória só é possível porque é produzida numa relação afetiva, em que os indivíduos se afetam mutuamente. Só há memória quando existe a relação com o diferente, ou seja, com aquele que faz estranhar, relativizar, tomar distância, ver de outro modo, o eu só existe na relação com o outro
“admitindo que não teremos uma resposta segura para essa questão, mas apenas caminhos indicativos, sempre numa perspectiva relacional.”
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