O Ofício de Mestre
Por: lc71 • 25/9/2019 • Resenha • 3.818 Palavras (16 Páginas) • 118 Visualizações
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Título: Ofício de Mestre imagens e autoimagens
Autor: Miguel G Arroyo
Local: Petrópolis
Editora: Vozes
Ano: 2011
Sobre o autor
Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (1970), mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (1974) e doutorado (PhD em Educação) - Stanford University (1976). É Professor Titular Emérito da Faculdade de Educação da UFMG. Foi Secretário Adjunto de Educação da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, coordenando e elaborando a implantação da proposta político-pedagógica Escola Plural. Acompanha propostas educativas em várias redes estaduais e municipais do país. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Política Educacional e Administração de Sistemas Educacionais, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, cultura escolar, gestão escolar, educação básica e currículo. (18/06/19)
Resenha
1-) Conversar sobre o ofício de mestre
O autor inicia fazendo uma abordagem sobre memórias, que muitas coisas mudaram os penteados, uniformes etc. Porém a instituição escola, continua a ser do tempo de outrora. “Por que repetimos traços do mesmo ofício?” (p.19).
O termo ofício remete a artífice, um fazer qualificado, profissional. Os ofícios referem a um coletivo de trabalhadores qualificados, que só sabem fazer, o que lhes pertence.
Destaca a imagem do professor em greves, congressos e seminários, aflorando o espírito de ser professor. Muitas vezes o que resta é a ressaca da reinvindicação não atendidas e com relação aos congressos e seminários, as falas, anotações. O desejo torna-se autoimagem.
Há constantes no fazer educativo que não foram superadas, mantidas pela moderna concepção de práticas educativas. A educação escolar tem ainda muito de artesanal. Salienta a importância, a perícia dos mestres não são coisas do passado, descartável pela tecnologia.
Educar é um diálogo de gerações, saberes aprendidos ao longo da nossa formação. O trabalho é a relação educativa entre alunos e professores, traz marcas de outrora, pois muitos setores apoiam tal prática, pois é vantajoso numa escola centralizada na racionalidade empresarial. Outro ponto relevante está relacionado com a mobilização e participação da família e da comunidade, associando ao currículo e saberes sociais, como a busca de seus direitos na sociedade.
É necessário SABER (fazer, planejar, intervenção, educar). A educação enquanto direito é uma empreitada que não é tarefa apenas dos educadores. Lembrando que o mesmo não é descartável. E que a escola não é terra de ninguém, facilmente invadida por aventureiros “amigos da escola”.
O trabalho do professor passou a ser um cata-vento, que gira a mercê da última vontade política.
É necessário dialogar, participar sobre o “ofício de mestre”.
2-) Um modo de ser
Muitas vezes odiamos e amamos o profissional que há em nós mesmos, que carregamos diariamente, necessitamos nos libertar de tais conceitos. O tempo da escola invade todos os outros “tempos” que temos, precisamos separar esses tempos.
Representamos um papel, uma imagem social que carrega traços marcantes, misturados a incômodos, que a profissão carrega. Podemos relacionar competência com reconhecimento, longe de ocorrer em nosso ofício que ocorre através de titulação e mérito.
Somos professores e classificados por graus de qualificação, aparências, status educacional (alfabetizador, especialista, mestre, doutor...). A figura docente fica fechada a suas competências específicas, esperando seu status social se aproximar. O que de fato ocorreu foi o distanciamento.
Magistério ficou condicionado ao termo vocação, difíceis de pagar do pensamento comum. A educação é um dever do Estado e um direito do cidadão, logo magistério é um compromisso, uma produção social com idas e vindas. Os próprios governantes colocam em seus discursos, a pouca importância do trabalho dos professores “para professor esse salário não está ruim”. Nossa imagem é de amor e ódio.
Nosso ofício traz uma construção social, cultural e política. Necessitamos criar uma nova cultura, um novo perfil. Os encontros de professores têm temática definida: conteúdos, currículos, reorganização.
3-) Um Dever-Ser
A sociedade cobra do magistério e valoriza a bondade, amabilidade, sendo a competência incorporada a segundo plano. O imaginário confirmou o ofício de mestre como éticos, morais, comportamento impecável. Onde se enquadra e eficiência e competência.
Podemos ser íntegros e competentes, mesmo diante dos crônicos problemas do fracasso escolar e das novas exigências, temos que assumir este compromisso, como um dever-ser.de cuidado e atenção
A infância é um projeto de educação e deveres e valores de cuidado e atenção que se estende até o fim da Educação Básica. Logo ser educador e ser mestre do projeto arquitetado que não se esgota com o percurso escolar.
É mais cômodo terceirizar o fracasso escolar. De qualquer maneira devemos desenvolver potencialidades, através
- Textos sobre o desenvolvimento humano;
- Leitura de práticas pedagógicas, vivência, textos literários (música, pintura, charge música…:
- Formação diferente da tradicional, transmissão de conhecimento;
- Pedagogia da escuta;
- Aprender sempre
- O ato educativo exige reflexão, leitura, teoria, método;
- Refletir sobre o que é realmente necessário;
- Constante aperfeiçoamento;
- Muitas tentativas de desenvolver o cognitivo, aspectos afetivos, empatia;
Menciona o trabalho de Paulo Freire, sempre atento a desumanização, pois não estamos caminhando para o progresso (visão burguesa). Sem paixão, empatia e indignação não aprendemos a ser educadores numa sociedade desumanizada.
A educação é um permanente dialogo sobre o que acontece, dentro e fora da escola, educar a sensibilidade. “O ofício de mestre, um dever incomodo”.
4.) A Humana Docência
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