O Pinóquio às Avessas
Por: Mikafarias • 21/11/2017 • Trabalho acadêmico • 2.134 Palavras (9 Páginas) • 335 Visualizações
INTRODUÇÃO
No presente trabalho, apresentaremos três abordagens de aprendizado, sendo elas: abordagem Tradicional, abordagem Comportamental e a abordagem Humanista. Nos baseamos no livro Pinóquio às Avessas, do autor Rubem Alves.
O nosso objetivo é refletir sobre como as abordagens foram usadas e seus efeitos na vida do personagem Felipe.
PINÓQUIO ÀS AVESSAS
O pai de Felipe sempre contava uma estória na hora de deitar. A de Pinóquio o impressionou muito: o boneco de madeira que só depois de ir a escola virou menino de verdade.
Felipe era uma criança curiosa e perguntava sobre muitas coisas. Seu maior interesse eram os pássaros. Seus pais respondiam grande parte das perguntas com outras estórias como a de Ícaro e São Francisco de Assis e fazia o menino observar os pássaros no jardim e ilustrações de artistas.
Um dia seu pai perguntou o que ele iria ser quando crescesse. Ele naturalmente respondeu que não queria mudar, continuaria sendo Felipe.
A explicação de seu pai de que criança brinca e adultos trabalham, que ele iria para a escola aprender as coisas, tirar boas notas para passar no vestibular, fazer faculdade e ter uma profissão criou muitas expectativas em Felipe. Ele não entendeu muito bem como um número iria medir seu conhecimento e se ele iria ganhar dinheiro cuidando de pássaros que era o que ele gostava.
Quando finalmente chegou a idade de ir para a escola ele se deparou com uma casa grande, corredores com muitas portas, fila para ir para a sala de aula e sinal para marcar a hora da troca de professores de diferentes matérias.
Felipe lembrou o que seu pai dissera: “na escola os professores responderão as perguntas que nós não sabemos responder”. Então Felipe perguntou à professora de português qual o nome do pássaro azul que tanto gostava, mas ele disse que não era hora de pensar em pássaros e que isso não fazia parte do programa. Felipe questionou sobre o programa, quem o fez, se todas as crianças aprendem na mesma velocidade e para que servem as coisas que eles aprendem na escola. Ele gostaria que fosse como a corrida do pássaro Dodô (Alice no País das Maravilhas) onde todos correm de maneiras diferentes e todos ganham. Mas ele chegou à conclusão que era como o controle remoto da TV, ao soar o sinal, muda o canal do pensamento. Também aprendeu que é preciso ver as coisas como elas são, do jeito que os professores ensinam e que eles não gostam quando se faz perguntas.
Seu interesse pelos pássaros foi diagnosticado pelo psicólogo como distúrbio de atenção. Após conversar com os pais sobre a importância da escola e os sacrifícios que eles faziam, Felipe decidiu não mais pensar nos pássaros.
O menino tinha boa memória, decorava todos os nomes que os professores ensinavam. Assim ele foi bem nos estudos, passou no vestibular em primeiro lugar e formou-se. “Tinha uma profissão. Seria o orgulho para os seus pais”. Tornou-se um profissional respeitado, pós-graduado e especialista em linguiça de frango. Ficou rico.
Como não era feliz, procurou um psicanalista para entender seu sonho que se repetia. O pássaro azul que comia mamão e dizia: “lembre-se do meu nome e será feliz”.
Depois de muitos anos, Felipe viu a Fada Azul em seu sonho que revelou o nome do pássaro azul e ele voltou a ser feliz como um menino.
Abordagem Tradicional
A abordagem tradicional é caracterizada pela centralização do ensino no professor, onde este detém o saber e é imprescindível na transmissão dos conteúdos. Nesta abordagem o aluno torna-se apenas um mero receptor de informações prontas e engessadas.
No livro de Rubem Alves, conseguimos observar claramente a prática desta abordagem e também as suas consequências. Felipe era uma criança muito curiosa e tinha grande interesse pelos pássaros e suas características. Assim que ele ingressa na escola, cheio de expectativas em aprender mais sobre o assunto é barrado pela professora que lhe diz que só pode ensinar aquilo que está no programa de ensino e que a escola não é um lugar para aprender o que queremos mais sim, o que se deve aprender. Toda a sua curiosidade e ânsia pelo conhecimento vai se transformando através do processo educacional adotado.
Felipe chega a diversas conclusões em relação à escola. Uma delas é que existe hora certa para pensar sobre as coisas e que cada professor só sabe ensinar uma matéria especifica, ele também conclui que os professores não gostam de ser questionados com coisas que não sabem responder e que na escola ele não aprende as coisas por serem uteis, mais sim, porque irão cair na prova. Identificamos no livro que quando Felipe questiona o sistema, ele é respondido de forma comum, como se as pessoas ao seu redor estivessem programadas para agir daquela maneira de forma inconsciente. Esta mensagem é reforçada pela frase: “As escolas existem para transformar as crianças que brincam em adultos que trabalham.”.
Observamos também, que não é apenas através da escola que se dá esse processo tradicional de aprendizado, mas através dos próprios pais que acabam por ignorar o desejo do filho de ser um "cuidador" de pássaros para que ele seja alguém de futuro. Ao longo do livro, o autor propõe, através da interação de Felipe com os outros personagens, que na cultura dissipada pela abordagem tradicional, todos pertencem a este sistema pré-existente e que se alguém não seguir às regras deste, estará condenado ao fracasso.
Felipe então adota esse sistema que lhe foi imposto. Deixa de pensar em pássaros, algo que lhe chamava atenção e que ele gostava, para prestar atenção e aprender tudo que seus professores lhe propusessem. Tornou-se um dos melhores alunos, foi o primeiro colocado no vestibular e se tornou um profissional extremamente bem sucedido, contudo infelizmente não se sentia feliz.
Abordagem Comportamental
Anteriormente vimos que a abordagem Comportamental enfatiza ao conhecimento e Felipe para tornar-se gente precisaria obter este conhecimento na escola.
A Sociedade é quem troca os objetivos dos indivíduos, para que estes a mantenham, e no livro, fica claro que os pais de Felipe traçam planos para o seu futuro. O indivíduo deve ser condicionado a aprender o que a sociedade determina e Felipe ao entrar na escola percebe que aprenderia aquilo que estava no ‘programa’, não o que ele tinha interesse em aprender.
Na escola, Felipe teve seu comportamento moldado para que atingisse os objetivos traçados não por ele, mas pela sociedade, tanto que se tornou especialista em Frangologia. Nota-se ainda, que as notas são o fim que o indivíduo terá, por aprender ou não o que lhe foi proposto, sendo assim, aprovado ou não.
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