O RECURSO A VIRILIDADE
Por: vilmaing • 6/6/2019 • Artigo • 944 Palavras (4 Páginas) • 217 Visualizações
O RECURSO A VIRILIDADE
Há pois uma espécie de alquimia social graças a qual o vicio e transmutado em virtude, alquimia que afinal se apresenta como totalmente incompreensível e como escândalo insuportável para a razão, acaso teremos, chegado não só além da ciência , mas também além da razão? Talvez não, ( critica a racionalidade da ação), acolhendo aí a racionalidade pscicoafetiva ou racionalidade pática ( perversa).
Podemos identificar com precisão o principal ingrediente dessa alquimia: chama-se virilidade, mede-se exatamente a virilidade pela violência que se é capaz de cometer contra o outro especialmente contra os que são dominados, a começar pelas mulheres, um homem verdadeiramente viril é aquele que não exita em infligir sofrimento ou dor em nome do poder sobre o outro, inclusive pela força esta claro que essa virilidade e construída socialmente, a qual se define precisamente pela capacidade de um homem de distanciar-se, de libertar-se, de subverter-se, de liberar-se, de subverter o que lhe prescrevem os estereótipos da virilidade ( Dejours, 1988).
No presente caso, fazer o trabalho sujo (repreender e demitir funcionários, negar pedidos de aumento de salários e de verbas, transferir colaboradores para trabalhos que não querem fazer, suspender e fechar departamentos), para os que exercem cargo de direção, “os líderes do trabalho do mal”, na virilidade, quem se recusa ou não consegue cometer o mal é tachado de “fresco”, “veado”, um frouxo , isto é incapaz , sem coragem, ou seja essa virilidade e considerada uma virtude .
No entanto quem diz não ou não consegue fazer o “trabalho sujo”, assim age precisamente em nome do bem e da virtude, na verdade a coragem nesse caso, certamente não é dar sua contribuição e sua solidariedade ao “trabalho Sujo”, e sim recusar-se energicamente a faze-lo em nome do bem, correndo o risco de ser denunciado punido e até demitido.
No sistema da virilidade, ao contrario, abster-se dessas práticas iniquas é prova de fraquesa, de covardia, de baixeza, falta de solidariedade.
Obviamente o líder do trabalho do mal é antes de tudo perverso, quando usa do recurso da virilidade pra fazer o mal passar por bem. É perverso porque usa o que em psicanálise se chama ameaça de castração simbólica como instrumento da banalização do mal, aqui como se vê a dimensão pscoafetiva e central e a abordagem clinica, esclarecedora, é por meio de ameaça de castração simbólica que se consegue inverter o ideal de justiça.
Essa virilidade e diferente do interesse econômico, pessoal, ou egoístico, que geralmente se acredita ser o motivo da ação maléfica, trata-se na analise aqui proposta de uma dimensão rigorosamente ética das condutas, manipulada por forças propriamente psicológicas e sexuais, a abolição do senso moral passa pela ativação da escolha em função da racionalidade pática (perversa), e não em função da racionalidade moral pratica, existe um conflito entre a racionalidade pática e a racionalidade moral prática , o qual possibilita a supresão , se não a subversão do senso moral em proveito de uma racionalidade paradoxal invertida em relação aos valores (inversão de valores).
A questão que se coloca é como a racionalidade ética pode perder seu posto de comando a ponto de ser, não abolida mas invertida, o senso moral é conservado mas funciona à base de um conflito dos valores que tem a ver com a ética.
Porque a filosofia moral não tratou do problema da virilidade?
É porque a filosofia desde hà muito tempo se preocupa com a violência, e jamais levou a sério o problema do sofrimento, desqualificado, e sem que se lhe tenha dado atenção em nome dessa virilidade incontestável , não se leva em consideração o sofrimento psíquico vivenciado, nunca foi identificada a relação entre o sofrimento e a virilidade.
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