Os Alunos Superdotados
Por: bebadovirtual • 8/10/2015 • Trabalho acadêmico • 3.913 Palavras (16 Páginas) • 282 Visualizações
ALUNOS SUPERDOTADOS: EDUCADORES ESTÃO PREPARADOS PARA ATENDER A ESTA DEMANDA?
Fernanda Hellen Ribeiro Piske
Mestranda em Educação da Universidade Federal do Paraná amictba@hotmail.com
Tania Stoltz Professora do programa de pós-graducação da Universidade Federal do Paraná
tstoltz@ufpr.br
Resumo
Esta pesquisa busca enfatizar a importância do papel do educador no desenvolvimento das altas habilidades/superdotação (AH/SD). Muitos educadores ainda não se encontram preparados para atender às necessidades educacionais especiais de alunos superdotados e isto acaba causando frustração e falta de motivação no processo de ensino-aprendizagem destes jovens (FREITAS e NEGRINI, 2008). Neste contexto, as práticas educacionais apresentam fundamental importância a fim de proporcionar um ambiente estimulador, no qual motive os alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD) a desenvolverem suas potencialidades de acordo com a área de seu interesse e a ficarem satisfeitos com o seu próprio desempenho. A metodologia desta pesquisa é qualitativa e exploratória, respaldando-se na coleta de dados realizada por meio de entrevistas semi-estruturadas e observações realizadas com 8 alunos superdotados de 13 a 16 anos de idade. A análise privilegiou respostas às entrevistas cujo objeto de investigação concentrou-se na interação entre os alunos que apresentam AH/SD e seus professores da sala de recursos e de sala regular. Constatou-se que a maioria dos alunos entrevistados tem dificuldade de interação com seus professores da sala regular, porém têm um bom relacionamento com os professores da sala de recursos. Estes jovens apresentam indicativos de se sentirem frustrados e desmotivados por causa das práticas educacionais repetitivas e ineficientes. Conclui-se que estilos de aprendizagem, áreas de interesses de alunos superdotados estão relacionados às práticas pedagógicas que devem apresentar estratégias de diferenciação quanto ao currículo regular, para desta forma, adequar o processo de ensino-aprendizagem de acordo com as características e necessidades de cada aluno (RENZULLI e REIS 1997; ALENCAR, 2001). Em relação aos alunos com AH/SD, a educação é um investimento social, e se este talento for estimulado e desenvolvido produtivamente, poderá significar diversas contribuições para a própria sociedade (BRASIL, 1999). É preciso que educadores tenham uma boa formação na área das altas habilidades/superdotação para atender aos superdotados de forma que estes jovens consigam desenvolver seu potencial criador e se sintam motivados durante o processo de ensino-aprendizagem.
Palavras- chave: Alunos; Superdotados; Educadores.
Introdução
Esta pesquisa busca enfatizar a importância do papel do educador no desenvolvimento das altas habilidades/superdotação (AH/SD). Diversos estudos (CHARTIER, 1978; ALENCAR, 1986; GUSDORF, 1987; HOFFMANN, 1991; RENZULLI e REIS, 1997; GUENTHER, 2000; LUCKESI, 2001; VIRGOLIM, 2003; TEIXEIRA, 2007 e outros) apontam a importância da formação docente para exercer com eficiência as práticas educacionais no âmbito escolar.
Sabe-se que estas práticas vêm ocorrendo por meio de simples reprodução de conteúdo. Ou seja, o conteúdo é apenas realizado por uma transmissão e não há reflexão por parte do alunado que muitas vezes se sente frustrado por não entender o que aprende. Neste contexto, a escola se torna apenas uma instituição de reprodução, não havendo uma formação docente adequada e muito menos alunos que reflitam sobre o ensino-aprendizagem. Apple (1989, p. 30) expressa que
“[...] as escolas são meramente instituições de reprodução em que o conhecimento explícito e implícito ensinado molda os estudantes como seres passivos que estarão então aptos e ansiosos para adaptar-se a uma sociedade injusta (APPLE, 1989, p. 30)”.
O que os educadores deveriam entender é que o processo de ensinoaprendizagem envolve muito mais que um método repetitivo e cansativo. Este processo abrange ação, movimento, provocação na ação educativa. Ou seja, professor e aluno interagindo e confrontando suas idéias. Em relação a isso,
Hoffman (1991) cita a importância da “[...] ação, movimento, provocação, na tentativa de reciprocidade intelectual entre os elementos da ação educativa. Professor e aluno buscando coordenar seus pontos de vista, trocando idéias, reorganizando-as”. (HOFFMANN, 1991, p. 67).
Confrontar idéias é por em movimento o processo de ensinoaprendizagem. Neste sentido, o confronto surge entre a interação entre os sujeitos que pertencem ao cenário que envolve a escola, a sala de aula e seus personagens. Os protagonistas não são os professores e nem os alunos, mas todos os que participam deste processo. Então, o conteúdo desta aprendizagem deve envolver a relação professor-aluno que devem apropriar-se do conhecimento reciprocamente.
A Educação tem que ter por objetivo principal uma função emancipadora, onde os sujeitos possam produzir e construir e reconstruir o conhecimento. Desta forma a aprendizagem pode ser realizada de forma criativa e inovadora onde os sujeitos se envolvem e trabalham em conjunto. Gadotti (2000, p. 8) expressa que
Cabe à escola: amar o conhecimento como espaço de realização humana, de alegria e de contentamento cultural; selecionar e rever criticamente a informação; formular hipóteses; ser criativa e inventiva (inovar); ser provocadora de mensagens e não pura receptora; produzir, construir e reconstruir conhecimento elaborado. E mais: numa perspectiva emancipadora da educação, a escola tem que fazer tudo isso em favor dos excluídos, não discriminando o pobre. Ela não pode distribuir poder, mas pode construir e reconstruir conhecimentos, saber, que é poder (GADOTTI, 2000, p. 8).
É preciso rever as práticas educacionais que estão sendo exercidas durante o processo de ensino-aprendizagem, para que tanto os professores, bem como seus alunos se sintam satisfeitos pelo seu desempenho nesta interação, evitando assim a exaustão e monotonia de cada indivíduo envolvido neste processo.
Por uma escola reflexiva, dialógica e humanizadora
A aprendizagem deveria ser refletida pelos educadores como algo que tem o poder de transformar o âmbito escolar. Porém, não é desta forma que vem ocorrendo. Apesar da discussão sobre esta questão no cotidiano escolar, alguns professores ainda não a colocam em prática de forma que os alunos compreendam a sua verdadeira importância. Gasque e Tescarolo (2004, p. 36) citam que
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