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Os Impactos Da Pandemia Na Educação De Jovens E Adultos

Por:   •  4/10/2024  •  Artigo  •  5.544 Palavras (23 Páginas)  •  49 Visualizações

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OS IMPACTOS DA PANDEMIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

The impacts of the pandemic on EJA.

Aluna: Eliane Ribeiro do Prado

Katia Alves Campos

Resumo: O objetivo deste trabalho é compreender a exclusão escolar existente, dentro de um  cenário de crise permanente na educação acentuado durante a pandemia do novo coronavírus.  A modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) reflete historicamente a desigualdade  no acesso à educação permeado intrinsecamente pelas desigualdades socioeconômicas  existentes no Brasil. A EJA revela um panorama excludente, pois apresenta-se como um projeto pedagógico alternativo para corrigir a distorção causada pelo abandono ou evasão escolar. Este trabalho analisou os dados de matrícula, aprovação, retenção e abandono da EJA comparando este ano de 2020 com anos anteriores, considerando a duração semestral das séries escolares. Tal análise permitiu corroborar as informações dos autores citados neste trabalho e o argumento deste trabalho, revelando o impacto negativo da  pandemia na EJA. Os dados foram coletados de uma escola da rede pública do estado de São  Paulo. Com tais dados é possível compreender que o panorama de crise na educação impacta na EJA que em sua essência possui um duplo aspecto: o primeiro como reflexo das desigualdades presentes na educação e o segundo, tentativa de correção e resgate do direito à cidadania por meio da educação.

Palavras-chave: Políticas públicas; Crise; Educação; Desafios educacionais

1. Introdução.

O cenário atual, na educação, apresenta-se como crise e desafio. Crise no sentido de  que há rupturas paradigmáticas que são importantes, pois remontam ao conflito de visões  sobre como o processo de ensino-aprendizagem se faz. Há modelos em vigência,  metodologias, desde a tradicional até as inovadoras, com o uso da tecnologia e das novas  mídias. Este conflito pode ser entendido como a continuidade de um processo, a ruptura e a  inovação, ou a atualização do próprio processo, que é a busca de uma ou mais formas  (didática – método) que se adequem às dinâmicas sociais do presente. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) neste cenário complexo de crise, luta e desafio é ao mesmo tempo um  reflexo da desigualdade e oportunidade de transformação social.  

Este artigo, por meio da pesquisa bibliográfica e revisão sobre o tema, procurará  compreender, como objetivo principal, como esta modalidade de educação se transformou e  se caracteriza nos tempos atuais, em especial após março de 2020 com a pandemia do Novo  Coronavírus (Sars-CoV-2), o consequente distanciamento social e o fechamento das escolas.

Por meio da pesquisa, a experiência de trabalho procurará corroborar as conceituações teóricas realizadas pelos autores citados.

Foram utilizados dados de uma escola da rede pública do estado de São Paulo relativos à matrícula, aprovação, retenção e abandono do ano de 2020 (1º semestre) comparando-se com os anos de  2018 e 2019 (1º e 2º semestre), considerando os módulos semestrais do curso. Tais dados permitem compreender como o cenário da pandemia impactou na  EJA agravando as situações históricas e sociais a ela relacionada, como a precarização do acesso aos conteúdos materiais e digitais, o desemprego e suas implicações, e as questões de saúde.

Assim, pretende-se através desta narrativa analisar a interferência do isolamento social  pela pandemia na evasão escolar dos alunos da EJA do Ensino Médio e a falta de políticas  públicas do Governo do Estado de São Paulo ou de projetos específicos da Secretaria de  Educação do Estado de São Paulo para este grupo de alunos já excluídos do Ensino Regular  quando em idade inferior aos 18 anos por motivos socioeconômicos, culturais, psicológicos,  físicos ou até mesmo pedagógicos. Os adultos que regressaram aos estudos na EJA em 2020 motivados pela necessidade de escolarização enfrentaram a “exclusão da exclusão”, com a instalação do ensino remoto nas escolas, a partir do Decreto Nº 64.881, do governador  do Estado de São Paulo, João Dória, de 22 março de 2020, que determinou a quarentena no  Estado de São Paulo, no contexto da pandemia do COVID-19 (Novo Coronavírus), e dá  providências complementares, como a suspensão dos serviços educacionais de forma  presencial. A medida atendeu os dispositivos do Decreto Federal nº 10.282, de 20 de março  de 2020, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro.

1.1 Objetivos

O objetivo principal deste trabalho é analisar o impacto da pandemia do Novo  Coronavírus (Sars-CoV-2) na EJA. Os objetivos secundários e juntamente com o impacto da  pandemia na EJA, verificar e problematizar as situações históricas e pedagógicas que revelam  o panorama de exclusão e marginalização social que tal modalidade de ensino representa.

2. Referencial teórico

No cenário da educação nacional, e da própria EJA, os índices de evasão, as taxas de  desistência, o desinteresse pelas rotinas e conteúdos escolares interferem significativamente  na realidade escolar. Além de, evidentemente, impactar na estrutura social como um todo, e  no próprio combate contra a desigualdade social.

Os sujeitos que por um motivo ou outro abandonam ou evadem-se da escola farão  

parte de um grande contingente de cidadãos com má formação educacional, com  

dificuldades de assumir questões fundamentais de uma vida em sociedade tanto na  

esfera pessoal, profissional ou no que tange à cidadania. Em âmbito pessoal a baixa  

escolaridade pode comprometer a consciência de direitos e deveres.  

Profissionalmente podem encontrar limitações para assumir cargos que exigem  

formação acadêmica. A baixa escolaridade pode também dificultar ou comprometer a escolha com discernimento de governantes e a compreensão de que podem ter papel importante na estruturação da sociedade (AURIGLIETTI, 2014, p. 2).

No pensar de Auriglietti (2014) a educação e os processos escolares não podem ser compreendidos como uma rotina isolada de outros contextos sociais. Impacta não apenas em  índices e números, mas em políticas públicas e na qualidade de vida do cidadão. Se há  questões relativas à escola, que prejudicam o processo de ensino, é importante buscar  alternativas de enfrentamento. Ainda nisso, Auriglietti (2014, p. 3) destaca que há várias  causas que convergem na evasão ou desistência, entre elas a culpabilização do processo, ou  do “aluno” ou do “professor”. Também há uma “má relação” entre professor ou aluno, ou  ausência da mesma devido às rotinas sobrecarregadas do docente, que tem várias turmas, salas  lotadas e pouca manobrabilidade para a construção de relações afetivas. Outras questões  sociais como a “renda” interferem no processo, uma vez que o aluno, na procura por ocupação profissional, descontinua o processo de aprendizagem. Isto por sua vez, alimenta a interrupção  do processo escolar que terá na EJA o retorno ou o resgate. E, ainda, há outras questões  estruturais e metodológicas que não despertam no aluno o interesse pelos processos escolares  ou a percepção da relação deles com a realidade social.

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