Portifolio pedagogia

Universidade Federal do Rio Grande – FURG[pic 1]

Pró-Reitoria de Pós-Graduação – PROPESP

Instituto de Educação – IE

Curso de Especialização em Educação de Jovens e Adultos na Diversidade

Disciplina: Histórico, Legislação e Políticas Públicas da EJA

A EJA que todos queremos.

Rudissara Figueiredo Fernandes

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por finalidade fazer um parâmetro entre as Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Básica e texto das autoras Joelma Carvalho Vilar e Isa Regina Santos dos Anjos, Currículo e Práticas Pedagógicas de Jovens e Adultos. Em resumo, a lei e a prática nas suas falhas e respostas para melhor compreender a EJA numa relação histórica de sucessão de erros onde as respostas estão na continuidade do trabalho do mestre Paulo Freire, iniciado lá na década de cinquenta e podado pelo regime militar, acima de qualquer poder ou política pública.

Nas diretrizes curriculares nacionais de educação básica estão estabelecidas questões de discussão sobre a idade correta de ingresso na EJA, tanto para o ensino fundamental quanto para o ensino médio, na relação de comparação com o ECA e os quesitos maioridade e minoridade de consciência dos próprios atos, também estão inseridos o currículo, as horas mínimas de aulas e questões de avaliação.

No texto currículo e práticas pedagógicas de jovens e adultos, as autoras muito bem esclarecem através de pesquisa e linguagem formal três pontos fundamentais para o funcionamento da educação EJA e que devem ser fundamentalmente levados em conta: a questão do currículo para a EJA que deve levar em conta a realidade dos alunos; as questões de leitura e da escrita para a boa compreensão das outras disciplinas; e os direitos do EJA que devem ser respeitados.

Essas questões sendo levadas a sério, tendo um bom entendimento do que o EJA dentro da realidade local de seu funcionamento são peças chaves para a educação de qualidade que todos almejam nesta modalidade.

2 DESENVOLVIMENTO

O texto currículo e práticas pedagógicas no ensino de jovens e adultos explicita claramente os três grandes fatores que devem ser levados em conta para o pleno funcionamento da EJA e que se qualquer um deles falhe, o restante desta modalidade fica comprometida.

O currículo, segundo as autoras, deve ser elaborado de maneira especial. Não podemos deixar de levar em conta que os conteúdos básicos tem que serem mantidos, mas a forma de coloca-los e fundamental para que o aluno faça uma correlação com seus anseios e necessidades e a partir dos seus próprios conhecimentos fazer o currículo necessário para que a cada aula eles consigam transporem lições para as suas próprias vidas.

A carga horária das disciplinas deve ser repensada e elaborada de acordo com o que realmente a região onde a escola está localizada precisa. A avaliação tem que ser mais flexível, se pregamos o construtivismo com método, por exemplo, temos que ver o  resultado final da construção interdisciplinar dos conhecimentos e não fazer uma avaliação que avalie numericamente o aluno.

Segundo Cipriano Luckesi a avaliação tem que ser diagnóstica “A avaliação é constituída de instrumentos de diagnóstico, que levam a uma intervenção visando à melhoria da aprendizagem. Se ela for obtida, o estudante será sempre aprovado, por ter adquirido os conhecimentos e habilidades necessários. A avaliação é inclusiva porque o estudante vai ser ajudado a dar um passo à frente. Essa concepção político-pedagógica é para todos os alunos e por outro lado é um ato dialógico, que implica necessariamente uma negociação entre o professor e o estudante.” Ela só deve ser levada em consideração para que saibamos onde devemos insistir com nossos alunos em suas dificuldades.

A questão da leitura e da escrita deve ser prioridade, levando-se em conta que é a partir da compreensão e interpretação de conteúdos, os alunos poderão realmente construir conhecimentos nas outras disciplinas. Para Paulo Freire "Ler não é caminhar sobre as letras, mas interpretar o mundo e poder lançar sua palavra sobre ele, interferir no mundo pela ação".

É ler para libertar-se, somente como uma boa leitura e compreensão o sujeito alcança a liberdade, para isso, principalmente no ensino fundamental, essa habilidade tem que ser reforçada porque proporcionará ao aluno uma melhor compreensão de mundo sem prejuízo de outras habilidades, no caso da geografia, história e matemática, por exemplo.

De maneira alguma devemos esquecer que, mesmo contemplando os aspectos anteriores, o público do EJA tem sobretudo direitos como os referidos por Comênio em 1992, tudo a todos. Parece simplista e muito vago, mas se analisarmos o que nos leva a história massacradora em que nosso país tem o dever de resgatar-se com a imensa massa excluída passou anos à margem de políticas públicas voltadas para o interesse de poucos sobre a necessidade de muitos que não tinham nada para oferecer além da necessidade de melhorar para contribuir para o país.

Já as diretrizes curriculares nacionais de educação básica passam primeiro por esclarecer o quem realmente tem direito de acesso ao EJA, dentro de uma concepção de consciência e de não obrigatoriedade do ensino regular, estipulando os quinze anos para o ensino fundamental e dezoito para o ensino médio. Depois passa para a quantidade de horas de mil e seiscentas horas para o fundamental e mil e duzentas horas para o médio, estipula o currículo com algumas flexibilidades para cada região.

As diretrizes em suma dão suporte a algumas ações que devem ser tomadas em cada região e, talvez, seja aí o grande problema da educação de EJA, nas brechas que devem ter complementação a partir de cada região, ficam as autoridades na espera dos profissionais e os profissionais na desmotivação de achar que este público não tem muito que oferecer sem vontade de aprender. Um jogo de empurra onde o mais prejudicado é o próprio educando que consequentemente acaba evadindo.