REPRESENTAÇÕES DE ALUNAS DO ENSINO SUPERIOR SOBRE O FUNK CARIOCA: UM OLHAR SOBRE A QUESTÃO DOS GÊNEROS
Por: nubnub • 18/8/2015 • Pesquisas Acadêmicas • 1.956 Palavras (8 Páginas) • 433 Visualizações
KELTON PEDRO DOS SANTOS GONÇALVES[pic 1]
REPRESENTAÇÕES DE ALUNAS DO ENSINO SUPERIOR SOBRE O FUNK CARIOCA: UM OLHAR SOBRE A QUESTÃO DOS GÊNEROS
Trabalho apresentado como requisito à admissão ao programa de Mestrado em Estudos Linguísticos da Universidade Federal De Goiás.
GOIÂNIA
2013 [pic 2][pic 3]
SUMÁRIO [pic 4]
Problematização .................................................................................................. | 02 |
Justificativa............................................................................................................ | 03 |
Objetivos da pesquisa........................................................................................... | 05 |
Metodologia ......................................................................................................... | 07 |
Cronograma .......................................................................................................... | 08 |
Referências ....................................................................................................... | 09 |
PROBLEMATIZAÇÃO[pic 5]
Som, ritmo e movimento, homens e mulheres, no embalo da noite ou do dia ao som do funk, nas favelas e/ou subúrbios do Rio de Janeiro, uma mera consequência da indústria cultural ou de autenticidade voltada para os suburbanos e/ou subalternos? E mais, qual o papel das identidades “desenhadas” graficamente nas músicas que escondem o seu teor/identidade através das batidas e movimentos linguístico-corporais?
Algumas pessoas ao ouvirem ou aderirem a este estilo musical, decodificam ou fazem uma simples análise de conteúdo, outros, naturalmente, estão preocupados com o tom, o ritmo ou com o contexto em que se insere. Entretanto, é preciso interpretar e entender os elementos linguísticos que existem nas músicas, as relações semânticas, que fazem com que seja trabalhada a ideologia no homem.
Será o funk um discurso para ser trabalhado com estudantes mulheres do ensino superior em sala de aula? Mesmo aquele sendo alvo de discriminação e preconceito por parte de uma grande demanda da sociedade?
As músicas de funk, assim como outros estilos e outras músicas, são discursos que trabalham com fenômenos mentais, isto é, ideologias, valores, crenças e desejos. E representam muito mais do que a dança e movimentos corporais. Essas representações discursivas quase sempre estão relacionadas à figura feminina ou masculina.
Compreende-se discurso aqui como a linguagem em uso. Ela (a linguagem) é o meio pelo qual se constrói o sentido e ele (o discurso) é como as formas de ação social, de como as pessoas estão agindo no mundo, portanto as músicas de funk são práticas sociais e discursos que circulam na mídia e na sociedade.
Pelo discurso como prática social entende-se que “implica compreendê-lo como um modo de ação historicamente situado, que tanto é constituído socialmente como também é constitutivo de identidades sociais, relações sociais e sistema de conhecimento e crença.”. (RESENDE E RAMALHO, 2009, p. 26).
Já pelo discurso como um momento de práticas sociais entende-se “refletir sobre a mudança social contemporânea, sobre mudanças globais de larga escala e sobre a possibilidade de práticas emancipatórias em estruturas civilizadas na vida social.” (RESENDE E RAMALHO, 2009, p. 36).
Cabe então distinguir, o “discurso como prática social” são as músicas de funk carioca e o “discurso como um momento de práticas sociais” é a proposta de refletirmos sobre as representações das alunas em relação às músicas, que acabam por influenciar na mudança social contemporânea, nos papeis do masculino e feminino e as suas formas de agir no mundo através do discurso.
É importante que as alunas percebam como em seu cotidiano, na formação de sua identidade se mistura aspectos que podem ser alvos de preconceitos e discriminação, aspectos esses constituintes de relações de poder, em que há o ser dominante e o dominado, relacionados à identidade de gênero, raça e etnia.
JUSTIFICATIVA
Entender as manifestações linguísticas que se ouve é essencial, não tem como não estar sujeito a elas, graças a essas manifestações e por conta da complexa diversidade cultural que marca o mundo hoje, tem-se efeitos positivos e negativos em diferentes espaços em relação à etnia, sexualidade, gênero e raça. (CANDAU E MOREIRA, 2011).
A Universidade, e a sala de aula em particular, é um desses espaços em que se podem observar esses efeitos, seja através da pesquisa ou através do próprio trabalho com as alunas a partir das análises de determinadas músicas, por exemplo.
Para Candau e Moreira (2011), não adianta a escola tentar esconder o universo simbólico da realidade dos alunos, é certo que ela sempre teve dificuldade em lidar com a pluralidade cultural e as diferenças, entretanto, distanciar os alunos das diferenças culturais e da realidade deles, a instituição escolar corre o risco de se distanciar das inquietudes e mentalidades dos jovens de hoje.
Propiciar às alunas refletir sobre as identidades culturais que as formam é fundamental, uma vez que a imagem cultural delas se constrói pelo discurso. Além do mais, as estudantes podem e são capazes de se posicionar em relação a preconceitos, discriminações, desigualdade cultural e social entre determinados grupos ou indivíduos. (CANDAU E MOREIRA, 2011).
Vindo do Norte da América (hip hop da Flórida) e originada do soul music, e visto até então como música de uma cultura negra, pelo menos em sua grande parte, o funk foi, e ainda é, alvo constante de preconceito e repercussão no Brasil a cultura veio com a diáspora Africana, isto é, a chegada dos africanos no nosso litoral brasileiro, e sua fixação na cidade carioca.
O ato linguístico discursivo, nesse bojo, exerce poder sobre os sujeitos nas construções de ideologia e significados, bem como as especificidades das relações de poder nessa relação. Para Foucault (1995), aliás, a questão do subjetivismo das relações de poder e sujeito não devem ser confundidos com relações de comunicação cujo objetivo seria apenas o de transmitir a informação, o que não é o caso do funk, mas ele está presente na comunicação. A produção e a circulação de elementos significantes podem perfeitamente ter por objetivo ou por consequência efeitos de poder, passando pelo sistema de comunicação.
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