Recursos de modalização

MODALIZAÇÃO

A modalização pode ser definida como o efeito pelo qual o locutor manifesta determinada atitude em relação ao conteúdo do enunciado por ele formulado.

Sua importância na narrativa jurídica está relacionada ao fato de ser imprescindível que o relator esteja sempre consciente de que as marcas linguísticas presentes em seu texto (seleção lexical, posição das palavras na frase, uso da pontuação, emprego dos tempos verbais, etc.) produzem sentidos, que deverão ser exatamente aqueles que deseja transmitir.

Recursos de modalização:

a) Seleção lexical

“A autora detém o grau de bacharel em administração de empresas, cujo diploma foi conquistado com esforço.” (empenho, dificuldade)

- O uso de elementos lexicais valorativos:

(...) De modo particular, no mundo ocidental a cultura européia tem sido considerada natural e racional, erigindo-se como modelo da cultura universal. Desse ponto de vista, todas as outras culturas são consideradas inferiores, menos evoluídas, justificando-se, assim, o processo de colonização cultural. (...)

b) Posicionamento dos termos na frase

“Deixou-a ir finalmente.

“Finalmente, deixou-a ir.

“Sua atitude o obrigava a inventar mentiras constrangedoras para sua velha mãe.” (mãe velha)

c) Associação entre um termo e outro

“A seriedade do réu, contudo, era apenas hipócrita máscara, atrás da qual se escondia um verdadeiro e imoral sátiro, um autêntico maníaco sexual.”

d) Uso de recursos estilísticos

“O constrangimento era total e invencível. No silencioso hotel de fim de semana, todos estavam recolhidos.” (Personificação)

e) Pontuação

“Na segunda-feira, a autora apresentou-se ao trabalho ainda desconfiada, mas pronta a iniciar esforço consciente para relegar ao episódio merecido esquecimento.”

“Na segunda-feira, a autora apresentou-se ao trabalho, ainda desconfiada, mas pronta a iniciar esforço consciente para relegar ao episódio merecido esquecimento.”

f) Idéias implícitas

Pressupostos: Pedro parou de bater na mulher.

Subentendidos: “A autora não sabia o que fazer; aceitar não podia, não queria envolver-se com o réu, um homem casado e, ao que se dizia bem casado; por outro lado, a recusa significaria para a autora a demissão do emprego.”

g) O uso de pronome enclítico "se", com o conseqüente efeito de indeterminação do sujeito:

Pode-se falar do trabalho humano desde os primórdios da humanidade, contudo, Antunes (1995) esclarece que embora seja “ineliminável” da própria condição humana, o trabalho não é um objeto natural, mas uma ação essencial para estabelecer as relações entre o homem e a natureza, e entre as sociedades e a natureza. (...)