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Relacão de aprendizagem infantil

Por:   •  30/4/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.268 Palavras (6 Páginas)  •  360 Visualizações

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Na contemporaneidade a introdução da criança ao mundo escolar é complexa. Segundo Pereira e Jobim e Souza (1998), a infância, de acordo com um projeto iluminista, foi caracterizada nas culturas ocidentais como um período da vida imperfeito, incompleto, passageiro e preparatório, tendo a escola com um importante locus dessa preparação. Nessa concepção, a criança é vista como passiva em seu processo de aprendizagem, com pouco espaço para participação e criação no ambiente escolar e o ensino como um processo único baseado em conteúdos e metodologias universais.

Como contraponto, novos debates sobre educação e sobre infâncias, promovidos por várias áreas do conhecimento, entre elas a Psicologia Histórico-Cultural, apontam a criança como agente em seu processo de aprendizagem, estando ele diretamente atrelado ao seu contexto de vida, a seus interesses e as condições concretas de aprendizagem, o que exige que o ensino leve em conta as características da realidade da qual a criança participa. Para Pereira e Jobim e Souza (1998) é necessário superar a visão idealista do desenvolvimento psicológico, considerando as condições concretas envolvidas em sua constituição.

Segundo Facci (2004) é pertinente abordar o desenvolvimento psíquico, não só como um mecanismo adaptativo, mas compreender que ele ocorre mediante a relação da criança com a sociedade que a rodeia, isto é, é a partir da internalização do que a criança vive na sua cultura que as funções intrapsicológicas se constituem. Diante disso, no referente a educação escolar, é importante que a criança compreenda o significado da escola e do conhecimento formal transmitido nesse espaço.

Para que a aprendizagem escolar de fato se concretize, numa concepção de Vygotsky (1991), é necessário que a criança possa fazer uma relação conceitual entre os conhecimentos, apropriando-se de fato deles e percebendo sua aplicabilidade ou relação com o mundo em que vive. Zanella (1994), baseada na perspectiva vygotskyana, afirma que é no ambiente escolar que a criança se encontra diante da tarefa de entender as bases dos estudos científicos eu ocorre num sistema de concepções. A diferença entre reprodução dos conhecimentos e apropriação destes será decisivo e contribuirá para a capacitação de futuros cidadãos questionadores, responsáveis, ativos, produtivos, independentes e acima de tudo, autônomos.

Nesse sentido, segundo Zanella (1994), a finalidade da educação é fazer com que as gerações mais novas se apropriem do alcançado culturalmente por outras gerações, é permitir a apropriação dos conhecimentos e promover o desenvolvimento das funções psicológicas sobre o meio físico e social e não apenas reproduzir o que foi aprendido. Com isso, torna-se importante diferenciar a reprodução do conhecimento aprendido e a apropriação do mesmo tendo em vista, segundo Temple (2010), o aumento progressivo de alunos copistas e a falta de interesse pela apropriação de conhecimento na contemporaneidade. Aluno copista, para essa autora, é definido como um novo analfabeto funcional, atingindo um terço da população nos dias de hoje. Este tende apenas a reproduzir (copiar) o que lhe é ensinado, não compreendendo o real significado dos conceitos trabalhados, ou seja, “são crianças que não se apropriam dos significados” (DUARTE, 2011), não sendo capazes de inter-relacionar os conceitos aprendidos com a realidade (o que é próprio da apropriação de conhecimentos).

Desta forma, objetiva-se nessa pesquisa compreender como as crianças percebem o seu processo de aprendizagem escolar buscando elementos que apontem as condições para uma relação diferencial de aproveitamento entre esses dois polos presentes, reprodutores e apropriadores do conhecimento, em nosso sistema educacional. Investiga-se o aluno reprodutor como alguém desinteressado e que consiga realizar poucas relações entre o que aprendeu e a realidade em que vive, diferentemente do aluno apropriador, cuja aplicação de conhecimento aprendido deve estar mais evidente, havendo a presença do interesse por aprender na escola.

Acredita-se que essa problematização possa contribuir para a compreensão da aprendizagem escolar, da motivação das crianças em relação a escola e como o próprio conhecimento sobre o desenvolvimento psicossocial das crianças. A partir disso, os resultados da pesquisa podem dar subsídios a projetos de intervenção junto às crianças e aos professores no âmbito da escola, tendo implicação, portanto, tanto na área da educação como da psicologia.

A natureza da pesquisa é exploratória e qualitativa. Assume este viés porque possibilita a aproximação com a temática em questão, levando em conta que a realidade e o sujeito são indissociáveis, constituindo uma experiência única. A população a ser pesquisada será composta por crianças cursando o 5º (quinto) ano do ensino fundamental, em uma escola pública localizada na cidade de Palhoça. Essa graduação escolar foi escolhida por pressupor, no currículo educacional, conteúdos científicos mais complexos, exigindo das crianças maior elaboração conceitual e reflexiva.

Tendo a autorização da escola, dos pais, das professoras e o consentimento das próprias crianças, o processo de levantamento de dados será realizado através de observações realizadas em duas turmas em suas salas de aula (esperara-se a média de 25 a 30 alunos por turma) e de um questionário

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