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Resenha do Livro Educação, Convivência e Ética Audácia e Esperança

Por:   •  2/4/2017  •  Resenha  •  1.690 Palavras (7 Páginas)  •  11.719 Visualizações

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O livro Educação, Convivência e Ética: Audácia e Esperança, de Mario Sergio Cortella, aborda as questões éticas de um modo global em relação a convivência com o outro e também buscando refletir de forma bem exemplificada a educação que estamos oferecendo para nossos alunos e filhos. A parte referente a audácia e a esperança, acredito que esteja ligado a forma como o autor aborda o assunto, sempre pensando de forma positiva e audaciosa esperando o melhor para o futuro.

Na introdução do livro, deparamo-nos com uma reflexão profunda sobre não só fazer bem, mas fazer para o bem. Não basta que nós, seja como pais, educadores, filhos ou qualquer outro papel social que exercemos, só façamos bem determinada coisa, mas que possamos fazer para o bem, a fim de que todos sejam beneficiados. Além disso, outra parte importantíssima que foi abordada de forma singular por Cortella é o sentido de comunidade, onde só podemos afirmar que temos algo se todos nós tivermos, pois vivemos na coletividade, e ter algo que o outro não tem é privilégio apenas.

Ao longo dos capítulos, Cortella, vai desmembrando o tema e fazendo reflexões sobre cada parte que engloba este todo. No primeiro e segundo capítulo refletimos sobre a liberdade que está atrelada a ética, portanto, nós podemos ser levados ao benefício como ao malefício. Somos seres em formação e nossas escolhas nos farão quem seremos futuramente, e mais ainda, nossas escolhas influenciarão no coletivo, portanto, é preciso ser ético e conseguir fazer escolhas que reflitam de forma positiva na comunidade. Pois, mesmo que sejamos um corpo individual, somos, como nos define de forma clara o autor, animais gregários, ou seja, vivemos em comunidade e precisamos disso. Baseado nessa afirmação, o autor recorre de uma ilustração perfeita para o momento que é a narrativa de uma cena do filme Náufrago.

No terceiro capítulo, o tema em questão é a acomodação que desencadeamos ao longo da vida e permitimos muitas coisas que não deveriam acontecer serem feitas. Neste capítulo, o autor nos explica de forma simples que chegamos a acomodação através do hábito, definindo-o como um atitude que vai sendo feita repetidamente e acaba se tornando norma. Portanto, nós como seres éticos não podemos nos acomodar com situações que fogem a norma, e principalmente, como educadores não podemos mais usar a desculpa de as coisas são como são, pois desta forma, nossa prática estará comprometida.

A abordagem do capítulo quatro foca-se na prática docente, onde a reflexão consiste nas condições adversas encontradas pelos professores e em como eles reagem em face disto. A reação pode ser definida em duas opções: aqueles que desistem, pois acreditam que aquilo é o que é e não há nada que se possa fazer, e aqueles que reconhecem os obstáculos e estão prontos a enfrenta-los. Esse segundo tipo de professor, são aqueles definidos de forma sensível pelo autor de docentes valentes, heróis persistentes os quais não desistem do que encontram e não se acomodam com a situação arranjando desculpas, são esses os que assumem uma postura ética, pois sabem que se acomodar pode até parecer resolver algo no campo do discurso, mas no campo prático não há nenhum efeito. Além disso, os obstáculos encontrados pelos educadores são divididos em dois: fatores extraescolares, os quais estão relacionados com tudo que se externa a escola, por exemplo, o governo. E os fatores intraescolares, que são aqueles que dependem das decisões feitas por todos que se encontram na escola, por isso, é importante que todos sejam heróis da persistência, que adotem uma postura ética para que consigam reverter alguns quadros e ter efeito na vida de todos envolvidos.

No capitulo cinco, notamos a importância do tema ser disseminado não só entre os docentes, mas também entre os pais, pois essas questão da responsabilidade é algo muito forte em nossa sociedade que, as vezes, está se perdendo, pois os pais vem aceitando qualquer postura dos filhos. De forma bem direta, Cortella, consegue ilustras a importância do amor na formação da responsabilidade do indivíduo, mas esse amor não é um amor incondicional que aceita tudo, mas sim um amor definido, de forma excepcional, como um amor exigente, ou seja, por amar você não irei aceitar qualquer atitude sua, isto também não quer dizer que estou te abandonando, pelo contrário, quer dizer que não aceito e estou aqui caso queira se redimir. Esse é o papel do amor nessa formação ética da responsabilidade e ele precisa ser colocado em prática para que tenhamos uma sociedade mais responsável.

Os capítulos seis e sete possuem estreita ligação, pois ambos tratam de assuntos delicados relacionados ao “criar meu filho para ser forte”, “criar meu filho para sincero”, mas até que ponto ser forte e sincero é não ser agressivo com os outros? Esse é o ponto abordado nos dois capítulos, sendo no primeiro, citado um valor que devemos cultivar em nossas crianças, jovens e em nós mesmo que é a piedade, mas como foi explicado pelo autor, mais uma vez de forma clara e simples, não é sentir pena, mas sim conseguir conviver em sociedade, sabendo até que ponto eu posso falar o que eu acho sem agredir ao outro, ninguém está falando de ensinar a mentir, mas em ser uma pessoa autentica sem que se ultrapasse o limite do outro. Além disso, no sétimo capítulo, o foco se da sobre a importância de não sustentar a fama do que é mal, infelizmente, temos que admitir que pessoas maléficas existem, mas quanto menos importância atribuímos a isso, cada vez mais o maléfico perde o valor, portanto, é importante na formação do indivíduo que possamos mostrar o quanto o maléfico é fraco, pois, como foi ilustrado pelo autor, se render as drogas é um sinal de que não foi forte o suficiente para viver sem ela. Portanto, formar indivíduos fortes é uma questão de ensiná-los a respeitar o outro, ser autentico sem passar pelo limite alheio, ser sincero sem ofender, ser forte, mas não para bater e sim para resistir a tudo que for maléfico na vida.

Nos capítulos oito e nove se foca muito na relação família e escola para que se alcance uma boa formação para o indivíduo. No primeiro, o ponto central refletido consiste em formar indivíduos autônomos, os quais possam perceber que sempre que agem estão de alguma forma atingindo o coletivo, portanto, preciso compreender que nem tudo que quero posso, pois não sou uma pessoa isolada e sim, alguém que vive em uma comunidade. Ao trazer este assunto para o âmbito educacional, o autor de forma excepcional, consegue ilustrar o que nós, professores, presenciamos em diversos momentos de nossa vida profissional, ele descreve alunos violentos, os quais pensam que são autônomos, entretanto, são autoritários e acabam desorganizando um espaço coletivo. Neste momento, é importante que a escola se una a família para intervenções na vida deste sujeito, entretanto, é necessário que ambas as partes não se culpem ou culpem as outras para que dê certo.

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