Resenha do livro "Como aprender matematica" de Sergio Lorenzato
Por: Carolina de Moraes • 18/7/2017 • Resenha • 1.322 Palavras (6 Páginas) • 2.939 Visualizações
Lorenzato, Sergio. Para aprender matemática. 3ed. rev.- Campinas, SP: Autores Associados,2010. (Coleção Formação de professores)
Neste livro, Lorenzato apresenta 25 princípios educacionais e vários exemplos de atividades, adquiridos de sua experiência desde o magistério até o Pós-doutorado, permitindo aos professores e formandos uma melhor compreensão da didática e da metodologia do ensino de matemática, e consequentemente ajudando a torná-la, mais compreensível, e agradável aos alunos.
Ele começa suas instruções destacando a diferença entre dar aula e ensinar. Entendendo que ensinar é dar condições para que o aluno construa seu próprio conhecimento, numa relação de ensino aprendizagem. Ele ressalta a importância de o professor conhecer o conteúdo sempre mais do que irá ensinar, e também, o modo como irá ensinar, onde um é indissociável a outro. Ressalta que o professor não tem a obrigação de responder a todas as indagações na hora, mas deve reconhecer que não sabe e ter a disposição de trazer as respostas aos alunos.
Por isso, segundo o autor, é importante que o professor invista em sua formação continuada, através de leituras e especializações na área, que são essenciais para aumentar o conhecimento do professor, que muitas vezes teve uma formação inicial defasada. Mas, no entanto, ressalta também a importância da saberia construída na experiência do magistério, sendo segundo ele, insubstituível, pois através dela é possível vivenciar diversas situações, que aumentarão, (através da reflexão de sua prática) a criticidade e autonomia quanto a dosagem dos conteúdos, ritmo das aulas, pontos de aprendizagem difíceis, escolha dos livros didáticos e outros, que não são encontradas em livros.
Refletir a pratica docente e manter-se atualizado possibilita também ao professor adquirir uma lucidez critica quanto as modas que se apresentam no ensino de matemática, que apesar de terem outros olhares, nem sempre representam mudanças significativas para o ensino.
E, para propor aos alunos uma aprendizagem de matemática que sirva não apenas a um fim, mas como um instrumento de transformação, o professor deve conhecer os conceitos matemáticos e as estratégias para aplica-los, buscando interliga-los a sua realidade, para uma real compreensão, sendo assim essencial ultrapassar as barreiras de uma possível formação de baixo nível de qualidade, sem a qual se torna algo inalcançável.
Em se tratando do aluno, para que o ensino de matemática possa ser proveitoso e fazer sentido à sua vida, precisa estar vinculado a sua realidade, tendo em vista a identificação cultural do grupo, respeitando suas especificidades e compreendendo suas realidades. E não mais importante que considerar a identidade grupal é considerar também a individualidade de cada aluno, como sujeito histórico que já traz um conhecimento consigo. Ele ressalta, no entanto, que é preciso o professor auscultar os alunos, ou seja, analisa-los e interpreta-los em suas diferentes manifestações (fala, escrita, gestos, olhares e até mesmo o silencio), para que possam compreender seus modos de pensar, agir e interpretar o mundo. Pois somente assim o professor poderá respeitar as diferenças entre seus alunos e identificar os conhecimentos já adquiridos, para prosseguir o ensino de onde parou, sem correr o perigo de saltar etapas.
Lorenzato considera que antes do conhecimento matemático, o aluno precisa conhecer o concreto, o físico, o que é palpável para que haja melhor compreensão e abstração do conhecimento. Ele afirma que deve- se iniciar o conhecimento pelo concreto, usando várias formas de representação, como o próprio corpo humano, os materiais manipuláveis (que permitem aos alunos usarem o tato, a visão e a fala), aliados as imagens e desenhos do mesmo assunto, possibilitando ao aluno, uma vivencia real do assunto, que deve ser registrado por ele e somente a partir disto o professor deve introduzir a linguagem matemática. Ele adverte que a linguagem matemática por conta suas características próprias (como símbolos, tabela, gráficos e etc.), não são simples de aprender e devem ser registradas em sala conforme forem aparecendo, para que tanto o professor quanto o aluno possam compreender e se associar do novo repertorio linguístico.
Para que se torne mais interessante, realista e significativo é importante que o professor se utilize das várias aplicações matemáticas no processo de ensino, instigando seus alunos a observarem as situações praticas do dia a dia para refletir como o conhecimento matemático está relacionado a eles, sendo significativas na resolução de problemas e nas respostas dos porquês. Mas ressalta que não deve ser tornar uma panaceia, pois não haverá aplicação para todas as especificidades matemáticas.
Lorenzato afirma também que a aritmética, a geometria e a álgebra devem ser ensinados de modo integrado, para facilitar a relação entre ambas e a percepção dos significados, conceitos e símbolos, devendo ser ilustrada com figuras para melhor compreensão, possibilitando assim uma visão matemática aos alunos que se relacione como um todo, facilitando sua aprendizagem.
A experimentação e a redescoberta também são um diferencial no ensino de matemática. É um processo que permite ao aluno se envolver com o assunto estudado, usar a intuição, investigar, socializar-se com os colegas, construindo seu processo de conhecimento, descobrindo as respostas esperadas e também novas soluções. Neste processo além de o professor favorecer a descoberta ele deve valorizar o processo como um todo e não somente o resultado, tendo bastante conhecimento no assunto para definir as estratégias adequadas a cada nível de ensino.
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