Resenha do livro Os Herdeiros
Por: Felícia Fernandes • 20/11/2015 • Relatório de pesquisa • 720 Palavras (3 Páginas) • 1.747 Visualizações
Resenha do livro Os herdeiros: os estudantes e a cultura
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. Os Herdeiros: os estudantes e a cultura. Trad. Ione Ribeiro Valle e Nilton Valle. Florianópolis: Editora da UFSC, 2014.
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Pierre Félix Bourdieu foi um importante sociólogo francês nascido em agosto de 1930, tornou-se referência na Antropologia e na Sociologia publicando trabalhos sobre educação, cultura, literatura, arte, mídia, linguística e política.
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Jean-Claude Passeron Jean-Claude Passeron é um professor de sociologia da École des hautes études en sciences sociales nascido em 1930. Escreveu em parceria com Pierre Bourdieu a obra La Reproduction, publicada em 1970. A primeira tradução desta obra no Brasil recebe o título de A reprodução: elementos para uma teoria geral do sistema de ensino, publicada pela editora Francisco Alves em 1975.
Os Herdeiros completou em 2014 cinquenta anos desde sua primeira publicação na França. O livro chega agora ao Brasil vertido para o português pelas mãos de Ione Ribeiro Valle e Nilton Valle. A obra traz a escola como reprodutora das desigualdades ocorrentes na sociedade sendo denominada de Teoria da Escola como Violência Simbólica.
Os autores atentam eficácia de se constatar as desigualdades no ensino, questionam se realmente esta desvantagem de uns se refere somente a questão econômica.
É nítido o favorecimento dos filhos dos burgueses no ensino, mas existem muitos outros fatores sociais que contribuem para esse favorecimento, a desigualdade de gênero é um exemplo de que existem outros fatores de seleção para o ensino.
A cultura, os gostos e os ensinamentos exigidos e considerados normais na classe burguesa também têm grande influência na desigualdade entre os estudantes. Conhecimentos culturais que os filhos dos trabalhadores só conhecem através de livros.
O segundo capítulo nos mostra o estudante ideal estudado por Bourdieu e Passeron, que se caracteriza pela liberdade do tempo, um estudante separado do trabalho que se configura em um futuro que não está ligado à atividade presente.
Os estudantes desfavorecidos, dentro da vida acadêmica, não são privados das conquistas oferecidas pelo curso, como diploma da pós graduação por exemplo, mas estão sujeitos a desqualificação para exercer cargos específicos e podem acabar por exercer cargos com pouco prestígio.
No terceiro capítulo os estudantes são caracterizados como criadores e recriadores do saber e da cultura. Os autores nos mostram que o meio acadêmico usa o “socializar” para integrar os estudantes, transformando as normas adotadas pela universidade na personalidade dos estudantes, pois, como já foi mencionado anteriormente os estudos são desvinculados do futuro sério que é o trabalho.
Podemos concluir que a escola cria uma ilusão de igualdade, mas mascara a reprodução da desigualdade e o favorecimento da origem social que ocorre na sociedade. A méritocracia exercida pelas instituições escolares e acadêmicas esconde o favorecimento de filhos de burgueses através de exames ditos igualitários, mas nos quais a desigualdade ocorre de forma secreta.
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