Resumo Livro Libras
Por: joyvandrade • 3/9/2018 • Trabalho acadêmico • 1.715 Palavras (7 Páginas) • 560 Visualizações
O surdo
Surdo, surdo-mudo ou deficiente auditivo?
Maior parte das pessoas desconhece a diferença entre estes termos, para muitos ouvintes o termo “deficiente auditivo” parece ser menos preconceituoso e correto, já a expressão surdo soa como preconceito.
O professor surdo tem como intenção ensinar os ouvintes sua língua de comunicação e também mostrá-los sua cultura, identidade e a como é a vida de um surdo. Os surdos não gostam de se intitular deficientes auditivos, pois a língua de sinais em que se comunicam representa sua voz, outros sentidos os fazem se expressar, para o surdo nada o falta.
A sociedade vem caracterizando o surdo com uma perspectiva exclusivamente filosófica (déficit de audição) alegando a normalização e a medicalização, cabe ressaltar que não é apenas a escolha de um termo, mas sim para eliminar preconceitos sociais. Peter McLaren diz que os termos de diversidade ou discurso de diferenças podem estar sendo usados melindrosamente utilizados nos tempos atuais para encobrir uma ideologia de assimilação que está na base do discurso do ”multiculturalismo conservador e corporativo”.
O intérprete é a ‘voz’ do surdo?
O intérprete tem uma grande importância na interação dos surdos com os ouvintes, no Brasil ainda não há tradição na profissão ou formação específica para estes profissionais da mesma forma que há para intérpretes de línguas orais de prestígio como inglês e francês.
A interpretação de libras ocorre de maneira informal, quando o surdo quer interagir com indivíduos que não dominam o uso da língua de sinais. Existe uma lei que afirma o uso de intérprete para surdos em espaços institucionais em que pessoas não falam sua língua, sendo assim escolas, universidades repartições públicas, tribunais, hospitais, etc. devem atender a esta população assegurando-lhes que o seu direito de poder ser assistido em sua própria língua. “O intérprete é a voz do surdo? Isto pode ocultar a crença de que surdo não tem língua, e isto, sabemos que não é verdade.
O surdo vive no silêncio absoluto?
Percebe-se que muitos ouvintes têm a crença de que estar em um contexto de surdos é entrar no mesmo silencio. Isso acontece porque a concepção de língua está, do ponto de vista dos ouvintes, culturalmente conjugada, ao som. Baseado em relatos de surdos a descrição da autora é de que eles possuem uma capacidade de observação muito grande, alguns deles que “ouvem com os olhos”. Além disso, outros alegam que conseguem perceber vibrações, expressões corporais e faceias, que é denominado por Gesser como “ruído visual”. Outros estudos como de Padden & Humphries (1988), mostram que a vida dos surdos está longe de ser silenciosa, mas muito cheia de cliques, zunidos, estalos.
Ainda segundo relato de uma experiência da autora, ela foi indagada a respeito da cultura musical e de gostos musicais brasileiras, como samba, sendo questionada como ela dançava tal ritmo musical, reportou então: ”Fecho meus olhos e imagino a música”, através da vibração da movimentação de outros indivíduos e o contato corporal com alguém que guie o ritmo, se dando assim a percepção sonora da música. Logo,os surdos dançam, apreciam e ouvem música de seu modo, têm sensações de barulho, constroem seus mundos e suas subjetividades na e através da língua de sinais, enfim, concebem e redefinem seu mundo através da visão. É uma crença equivocada pensar que a língua de sinais de surdos é uma língua silente, ou que os surdos vivem no silêncio total.
O surdo precisa ser oralizado para se integrar na sociedade ouvinte?
Não, a oralização deixou marcas profundas na vida da maioria dos surdos. Oralizar é sinônimo de negação da língua dos surdos. É sinônimo de correção, de imposição de treinos exaustivos, repetitivos e mecânicos da fala. A escritora cita um exemplo atual de dois irmãos que onde um foi oralizado e a outra não e sobre os impasses e preconceitos que os surdos tem sobre a oralização e a tentativa de imposição de uma cultura ouvinte. Portanto, nos discurso, quem defende a língua de sinais é recorrente ouvir a máxima, “surdo que é surdo defende e só usa a língua de sinais”, então, é papel de todos e ainda mais dos ouvintes, respeitar a língua de sinais e o direito do surdo a ser educado em sinais, devemos também respeitar o direito do daqueles surdos que optam por também falar a língua portuguesa. “O perigo está quando certas decisões são impostas e, as imposições e opressões, sabemos, vêm de todos os quadrantes”, mencionando a autora.
O surdo tem uma identidade e uma cultura próprias?
Sim. Os surdos possuem identidades e culturas como os ouvintes, embora num contexto histórico, vemos que a cultura surda foi marcada por muitos estereótipos, seja através d imposição da cultura dominante, seja das representações sociais, que narram o povo surdo como seres deficientes
Identificar uma cultura própria ao surdo é extremamente significativo no processo de afirmação coletiva de grupos minoritários, de modo a perpetuar uma sobrevivência cultural, entre os excluídos e desprovidos, portanto, do poder de voz. Além disso, os surdos têm características culturais que m arcam seu jeito de ver, senti e se relacionar com o mundo, e a cultura do povo surdo “é visual, ela traduz-se de forma visual”, segundo Quadros 2002.
O surdo não fala porque não ouve?
Uma crença segundo a autora, historicamente, a língua de sinais tem sido relegada a um estatuto de mímica, recebendo tardiamente, o reconhecimento linguístico na década de 1960. Além disso, a sociedade, de modo ampliado, concebe fala como sentido de produção vocal-sonora, sendo a verdade que o surdo “fala” em língua de sinais.
O surdo tem dificuldade de escrever porque não sabe falar a língua oral?
Essa é uma crença nociva que levanta vás questões sobre as quais é preciso refletir. A primeira passa fundamentalmente pelo ensino. A escrita é uma habilidade cognitiva que demanda esforço de todos (surdos, ouvintes, ricos, pobres, homens, mulheres..) e geralmente é desenvolvida quando se recebe instrução formal. Entretanto, o fato da escrita ter uma realidade fônica com a l íngua oral pode e de fato estabelece outro desafio para o surdo: reconhecer uma realidade fônica que não lhe é familiar acusticamente. Outra questão relevante, que se desdobra da crença de que “o surdo tem dificuldade de escrever porque não sabe falar a língua oral”, tem a ver com ideias linguísticas – ideais que rejeitam os vários falares das variedades desprestigiadas, dos imigrantes, dos indígenas e dos próprios surdos. Seguindo o viés dessa mesma crença há quem pregue que o surdo não aprende os conteúdos escolares porque tem mais dificuldade que os ouvintes. Não sendo, na realidade, uma questão de intelectualidade mas sim de oportunidade. A última de aceso a uma escola que reconheça as diferenças linguísticas, que promova acesso à língua padrão, que, no caso dos surdos, tenha professores proficientes na língua de sinais, permitindo a alfabetização, primeiramente em língua de sinais, a natural dos surdos.
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