Resumo processos e desenvolvimentos da aprendizagem
Por: vanicleidechagas • 29/7/2016 • Trabalho acadêmico • 4.154 Palavras (17 Páginas) • 885 Visualizações
PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM
RESUMO
No capítulo, “Estágios de desenvolvimento”, Jean Piaget discute sobre o desenvolvimento humano e certos estágios hierárquicos. O autor afirma que, os estágios hierárquicos ocorrem desde nascimento até por volta dos 16 anos. São eles: Estágio sensório-motor, Estágio pré-operatório, Estágio operatório-concreto e Estágio operatório-formal. O capítulo, “Estrutura e aprendizagem”, aborda a concepção piagetiana, de que a aprendizagem só ocorre mediante a consolidação das estruturas de pensamento. Com base nisso, na perspectiva de Piaget, para a construção de um novo conhecimento, é preciso que se estabeleça um desequilíbrio nas estruturas mentais. Em seguida, no capítulo “Princípios Básicos de Vygotsky sobre a Aprendizagem e o Desenvolvimento”, Vygotsky levanta a questão da relação entre ensino e a aprendizagem escolar e desenvolvimento cognitivo. Afirmando que os vários pontos de vista relativos a esta questão enquadra-se em três categorias. Os psicólogos pertencentes à primeira categoria afirmam, que a aprendizagem escolar deve seguir o desenvolvimento: as funções psicológicas da criança devem ter atingido determinado nível de amadurecimento antes que o processo de aprendizagem possa começar. Esta visão de que os processos de desenvolvimento da criança são independentes do aprendizado, Vygotsky atribuía, entre outros, a Piaget e Binet. O segundo ponto de vista sobre a relação entre aprendizagem e desenvolvimento afirmava que o desenvolvimento cognitivo não se baseia no amadurecimento e que a aprendizagem é a principal força que atua no sentido de promovê-lo. A consequência desta concepção é que o desenvolvimento é considerado como a sombra da aprendizagem. Por fim, Koffka e o movimento gestaltista representavam o terceiro ponto de vista, em que o desenvolvimento da criança baseia-se em parte nos processos de amadurecimento e em parte na aprendizagem. Entretanto, Vygotsky não estava satisfeito com os pontos de vista acima. Segundo ele, o aprendizado vem antes do desenvolvimento, ou seja, a aprendizagem é fundamental para o desenvolvimento desde o nascimento da criança. Dentro desse contexto, Vygotsky leva em consideração dois tipos de desenvolvimento: real e proximal. O desenvolvimento real consiste na solução independente dos problemas. É definido por testes que medem o nível de capacidade mental. Já a zona de desenvolvimento proximal caracteriza a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial determinado pela solução de problemas sob a orientação ou ajuda de um adulto ou crianças mais capazes. Dessa forma, a aprendizagem desperta processos internos de desenvolvimento que só podem ocorrer quando o indivíduo interage com outras pessoas. Segundo ele, na aquisição dos conhecimentos a criança deve ser ativa, assim como o professor possui também o papel ativo, uma vez que é capaz de desafiar o aluno para que este sinta-se cada vez mais hábil para realizar uma tarefa considerada, difícil. Com relação à deficiência visual e auditiva, é interessante notar que existe um método personalizado de ensino, onde o professor age de uma maneira diferente, de acordo com o problema que cada criança apresenta. Outro ponto muito importante é a compensação. Segundo Vygotsky, as crianças deficientes devem usar seus sentidos sadios para compreenderem o mundo, isto é, as crianças devem desenvolver seus sentidos normais para compensarem seus sentidos perdidos (visão, audição, etc.). Já o capítulo, “Sócio-interacionismo”, aponta que os estudos de Lev Vygotsky (1896-1934), postulam uma dialética das interações com o outro e com o meio, como desencadeador do desenvolvimento sócio-cognitivo. Para Vygotsky e seus colaboradores, a estrutura dos estágios descrita por Piaget está correta, porém diferem na concepção de sua dinâmica evolutiva. Contudo, enquanto Piaget defende que a estruturação do organismo precede o desenvolvimento, para Vygotsky é o próprio processo de aprender que gera e promove o desenvolvimento das estruturas mentais superiores. O capítulo, “Zona de desenvolvimento proximal”, reforça o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), este que é o ponto central da teoria de Vygotsky; afirmando que a aprendizagem acontece no intervalo entre o conhecimento real e o conhecimento potencial. Em outras palavras, a ZDP é a distância existente entre o que o sujeito já sabe e aquilo que ele tem potencialidade de aprender. Dessa forma, o conhecimento potencial, ao ser alcançado, passa a ser o conhecimento real e a ZDP redefinida a partir do que seria o novo potencial. Enquanto isso, o capítulo “Interacionismo e desenvolvimento”, defende a concepção de que, as interações têm um papel crucial e determinante, em que Vygotsky sugere que se avalie o que o sujeito é capaz de fazer sozinho, e o potencial daquilo que ele consegue fazer com ajuda de outro sujeito. Assim, quanto mais ricas as interações, maior e mais sofisticado será o desenvolvimento. Em seguida, o capítulo “O papel da linguagem no desenvolvimento intelectual para Vygotsky e Piaget”, relaciona a diferença mais nítida entre Vygotsky e Piaget, no que se refere ao papel da linguagem no desenvolvimento intelectual. Vygotsky trata a aquisição da linguagem do meio social como o resultado entre raciocínio e pensamento em nível intelectual. Já Piaget considerou a linguagem falada como manifestação da função simbólica, como facilitadora, mas não como necessária ao desenvolvimento intelectual. O capítulo, “As implicações do desenvolvimento para Piaget e Vygotsky”, trata que do ponto de vista educacional, as duas teorias divertem. Embora Vygotsky e Piaget considerassem o conhecimento como uma construção individual, para Vygotsky toda construção era mediada pelos fatores externos sociais. Dessa forma, a criança constrói o seu próprio conhecimento interno a partir do que é oferecido. Piaget considerou a construção do conhecimento como um ato individual da criança. Os fatores sociais influenciam a desequilibração individual através do conflito cognitivo e apontam que há construção a ser feita. Nas obras de Piaget, a criança pode utilizar as fontes e formas de informação no processo de construção. O processo não é o de recriar um modelo, mas o de inventá-lo. O capítulo “A interação social no desenvolvimento e aprendizagem escolar para Piaget e Vygotsky”, aborda que a aprendizagem não começa na escola, que toda situação de aprendizagem escolar se depara sempre com uma história de aprendizagem prévia, com base no que afirma Vygotsky (1998). Tanto para Piaget como para Vygotsky, o ambiente da sala de aula requer interação social, embora por circunstâncias distintas. Para Vygotsky, o ambiente social é a fonte de modelos dos quais as construções devem se aproximar. A aprendizagem, e o desenvolvimento são adquiridos por modelos e, claro, pela motivação da criança. Para Piaget, a interação com os colegas e adultos. Vygotsky afirma que a aprendizagem da criança se dá pelas interações com outras crianças de seu ambiente, que determina o que por ela é internalizado. A criança vai adquirindo estruturas linguísticas e cognitivas, mediado pelo grupo. Logo após, no capítulo “O desenvolvimento cognitivo para Vygotsky e Piaget”, Piaget (1987) tematiza que, a origem do desenvolvimento cognitivo dá-se do interior para o exterior, ocorrendo em função da maturidade da pessoa. No entanto, a abordagem de Vygotsky se contrapõe a de Piaget, o desenvolvimento é de fora para dentro, através da internalização. Vygotsky afirma que o conhecimento se dá dentro de um contexto, afirmando serem as influências sociais mais importantes que o contexto biológico. Resumindo, para a teoria vygotskiana, o desenvolvimento ocorre em função da aprendizagem, ao contrário do pensamento de Piaget que assegura ser a aprendizagem uma consequência do desenvolvimento. Assim, o desenvolvimento cognitivo para Piaget, é o de equilibração, existiria uma interação entre o indivíduo e o meio. Já o capítulo, “O Papel das Relações Sociais no Processo de Construção do Conhecimento”, discute que a educação escolar é capaz de produzir desenvolvimento e ampliar as potencialidades humanas de professores e alunos, todavia é preciso destacar que todo este processo se dá a partir das relações que se estabelecem na sala de aula. O primeiro aspecto a ser considerado é que, ao desempenhar sua função docente o professor não está apenas ensinando determinados conteúdos, mas também, está formando indivíduos. É preciso destacar ainda que relações interpessoais humanas e humanizadoras não emergem de forma espontânea ou natural no cotidiano das salas de aula, elas precisam ser intencionalmente construídas. Quando professores e alunos não se envolvem de maneira firme e consciente com a construção de relações recíprocas de respeito, cooperação e solidariedade, reforça-se o circuito de alienação, do qual todos participamos ainda que inadvertidamente, que tende a expressar-se na sala de aula das mais diferentes formas: a dificuldade de construir junto com os alunos regras e normas coletivas; o predomínio de climas defensivos, já que tanto alunos quanto professores se sentem ameaçados: a agressividade, a indisciplina, violência etc. O segundo aspecto a ser considerado é que as relações interpessoais também constituem-se em condições importantes que podem garantir a aprendizagem do aluno. Assim, o professor pode ajudar os alunos a desenvolverem seu pensar na medida em que compreende que cada um carrega uma série de possibilidades que podem ser continuamente ampliadas através das relações sociais que se estabelecem no interior do processo de construção do trabalho educativo. Desta forma, a educação enquanto um processo ao mesmo tempo social e individual, genérico e singular, é uma das condições fundamentais para que o homem se constitua de fato como ser humano, humanizado e humanizador. Para finalizarmos, gostaríamos de destacar que afirmar que não há humanidade sem educação, equivale certamente a concluir que não há humanidade sem professores. Se consideramos que a sala de aula é local de humanização, temos que colocar o professor antes de mais nada como um agente humanizador. Em síntese, é fundamental que nós professores nos vejamos como elementos sociais imprescindíveis, pois é através de nosso trabalho, que o sujeito humano se encontra com a educação. É notório que, no capítulo “Dificuldades de aprendizagem”, o termo dificuldade de aprendizagem começou a ser usado na década de 60 e até hoje na maioria das vezes é confundido por pais e professores como uma simples desatenção em sala de aula ou crianças desobedientes. Mas a dificuldade de aprendizagem refere-se a um distúrbio que pode ser gerado por uma série de problemas cognitivos; emocionais ou neurológicos; que podem afetar qualquer área do desempenho escolar. De acordo com Brandão e Vieira (1992), o termo aprendizagem e suas implicações (dificuldades e distúrbios) tratam de uma defasagem entre o desempenho real e o observável de uma criança. Já Kiguel (1996) afirma que dificuldades de aprendizagem seriam incapacidades funcionais ou dificuldades encontradas na aprendizagem de uma ou de várias matérias escolares. Dificuldade de aprendizagem específica significa uma perturbação num ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou na utilização da linguagem falada ou escrita. Desta forma, conforme Gusmão (2001), a dificuldade de aprendizagem representa uma falha no processo da aprendizagem que originou o não aproveitamento escolar. Ressalta-se, no entanto, que o desenvolvimento de uma criança começa no interior da família, por este motivo os pais têm como missão criar um ambiente saudável de confiança, pois é na família que deveria se perceber as primeiras dificuldades de uma criança, é nela que a criança forma o mapa cognitivo. Desde os primeiros momentos de vida a criança encontra-se dependente dos outros para sobreviver. No momento em que a criança começa a frequentar a escola, seus colegas e professores fazem parte de sua família; e esta fase de vida da criança que se pode perceber melhor se ela tem algum tipo de dificuldade de aprendizagem. É neste período que ela começa a ter novos desafios o que na maioria das vezes ela não tinha enquanto estava somente no convívio com a família. O capítulo “Algumas das principais dificuldades de aprendizagem”, lista as principais dificuldades de aprendizagem, tais como: Dislexia: é a dificuldade que aparece na leitura, impedindo o aluno de ser fluente, pois faz trocas ou omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, dá pulos de linhas ao ler um texto, etc.; Disgrafia: vem associada à dislexia, porque se o aluno faz trocas e inversões de letras, consequentemente encontra dificuldade na escrita; Discalculia: é a dificuldade para cálculos e números; Dislalia: é a dificuldade na emissão da fala, apresenta pronúncia inadequada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as confusa; Disortografia: é a dificuldade na linguagem escrita e também pode aparecer como consequência da dislexia; TDAH: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um problema de ordem neurológica, que traz consigo sinais evidentes de inquietude, desatenção, falta de concentração e impulsividade. Contudo, é importante que esse diagnóstico seja feito por um médico e outros profissionais capacitados. Neste sentido, a criança que apresenta dificuldade na aprendizagem em sua maioria apresenta sintomas diversos como à tristeza, a timidez e a perda de iniciativa agressividade, a ansiedade tem dificuldade em se relacionar com os colegas e muitas vezes o professor não percebe que aquela criança tem uma dificuldade de aprendizagem e acaba por titulá-la como aluno problema. Chega-se no momento que a escola não pode ser apenas transmissora de conteúdos e conhecimentos, muito mais que isso, a escola tem a tarefa primordial de “reconstruir’ o papel e a figura do aluno, deixando o mesmo de ser apenas um receptor, proporcionando ao aluno que seja o criador e protagonista do seu conhecimento. Levar o aluno a pensar e buscar informações para o seu desenvolvimento educacional, cultural e pessoal é uma das tarefas primordiais e básicas da educação. Para tanto é primordial que se leve em consideração as dificuldades de aprendizagem, não como fracassos, mas como desafios e serem enfrentados. Entretanto, a aprendizagem, em algumas instituições continua seguindo o modelo tradicionalista, onde é imposta e não mediada, criando uma passividade entre aquele que se sabe e impõe e aquele que obedece calado. Deve-se levar em consideração também os efeitos emocionais que essas dificuldades acarretam, sendo importante ressaltar a contribuição da psicopedagogia, promovendo uma análise acerca da aprendizagem, reconhecendo-se que essas dificuldades fazem parte de um sistema bio-psico- social que envolve a criança, a família, a escola e o meio social em que vive. Enfim, não se devem tratar as dificuldades de aprendizagem como se fossem problemas insolúveis, mas antes disso, como desafios que fazem parte do próprio processo da aprendizagem, a qual pode ser normal ou não-normal, em que se deve identificar e prevenir as dificuldades de aprendizagem ainda na pré-escola. No capítulo, “SALA DE AULA: espaço de construção da aprendizagem”, Gusmão (2001) afirma que, diante de tantos saltos e conquistas educacionais realizados ao longo da trajetória histórica, tem-se notado as atenções atribuídas ao espaço de sala de aula. Desse modo, surge um questionamento acerca do espaço de sala de aula, pois frente ao processo de globalização e modernidade, a sala de aula ainda pode ser considerada um ambiente propício à construção do conhecimento? Ou a sala de aula foi criada segundo ENGUITA (p.89,1990) ”para disciplinar, manipular e observar os movimentos e ações dos educandos e, desta forma, moldá-los para seguir padrões já estabelecidos”. Hoje, qual é a real concepção de sala de aula, ou ainda perdura a concepção tradicionalista e a mesmice? Questionamentos como estes, têm sido as preocupações constantes dos profissionais da educação na luta por possíveis soluções para reversão deste quadro. Assim, para que a sala de aula venha a ser um ambiente favorável à construção do conhecimento e equacionamento das Dificuldades de Aprendizagem é necessário que o educador seja comprometido, criativo, dinâmico e que respeite as individualidades de cada educando, valorizando a realidade e as vivências dos mesmos. É relevante a compreensão das dificuldades de aprendizagem tanto no nível escolar (para corpo técnico e docente), bem como no nível familiar. Em ambos contextos, a melhor compreensão das dificuldades apresentadas pela criança, auxiliam o processo de viabilização de soluções. No entanto, há de se perceber a interligação que deve existir entre escola e família, pois juntas poderão reconhecer e trabalhar as dificuldades de maneira a modificar o quadro que se apresente. Neste viés o capítulo, “Como lidar com crianças com dificuldades de aprendizagem”, traz novamente o termo 'dificuldade de aprendizagem' usado na década de 60 e até hoje. Em que, na maioria dos casos o professor é o primeiro a identificar que a criança está com alguma dificuldade, mas os pais e demais membros da família devem ficar atentos ao desenvolvimento e ao comportamento da criança. Segundo especialistas, as crianças com dificuldades de aprendizagem podem apresentar desde cedo um maior atraso no desenvolvimento da fala e dos movimentos do que o considerado 'normal'. Mas os pais têm que ter cuidado para não confundir o desenvolvimento normal com a dificuldade de aprender. Crianças com dificuldades de aprendizagem geralmente apresentam desmotivação e incômodo com as tarefas escolares gerados por um sentimento de incapacidade, que leva à frustração. Mas não se deve confundir dificuldade de aprendizagem com falta de vontade de realizar as tarefas. Maura afirma que problemas de aprendizagem podem ser causados por uma simples preferência por determinadas disciplinas ou assuntos. Nestes casos um professor particular pode, muitas vezes, resolver o problema", diz ela. Se os pais acreditam que seu filho apresenta dificuldades de aprendizagem, devem procurar um profissional para receber as orientações. Caso o diagnóstico da criança for dificuldade cognitiva, a criança deve ser encaminhada para um psicopedagogo que poderá ajudar no desenvolvimento dos processos de aprendizagem. E é imprescindível que os pais conheçam seus filhos e conversem frequentemente com eles para que possam detectar quando algo não vai bem. O capítulo, “Dificuldades de Aprendizagem: fatores intra e extras escolares”, enfatiza que apesar de vários estudos no Brasil, romper com problemas de aprendizagem escolar, ainda é preocupante. Fatores como falta de preparo de educadores, condições precárias de funcionamento de gestão administrativa, etc., da maioria das escolas; questões econômicas/ sociais e culturais das famílias, entre outros, têm servido de pauta para debates dentro e fora das escolas, responsabilizando estes fatores como causadores dos problemas de aprendizagem escolar, contribuindo assim com a falta de estímulo de alunos e professores. Na visão Scoz (2002) a realidade educacional brasileira ainda não conseguiu tornar a escola capaz de ensinar e contribuir com a superação de problemas de aprendizagem. No processo educacional o papel de quem ensina e de como aprende é fator importantíssimo para que professores e alunos criem vínculos indispensáveis para a aprendizagem. Este processo precisa ser construído de maneira sóciointeracionista, pois ensinar e aprender envolve o professor, o aluno e o meio onde se dá a aprendizagem. Nos encontros pedagógicos das escolas em geral ouvem-se queixas de professores, como forma de desabafo e também para tirar de suas costas, a responsabilidade da não aprendizagem, de grande parte de seus alunos. Muitas vezes a discussão é gerada apenas em torno do foco “alunos que não querem aprender” e “pais que não interessam pelos seus filhos e que não comparecem à escola”. Usam como estratégia de responsabilidade, o aluno, pelo seu próprio fracasso escolar. O problema de aprendizagem não tem origem apenas cognitiva e atribuir ao próprio aluno o seu fracasso, sem considerar as condições de aprendizagem, que a escola oferece para o aluno e outros fatores extras-escolares, é reforçar fracasso tanto do aluno como da escola. O professor precisa criar vínculo com seus alunos e atentar para diferenciar a forma de ensinar, principalmente interessar por trabalhar as dificuldades, que devem ser entendidas como desafios a serem vencidos, começando a partir do cotidiano dos alunos. Se o aluno percebe que tem dificuldades para aprender, começa a apresentar desinteresse, irresponsabilidade e às vezes torna-se agressivo, pois sente que algo está lhe causando sofrimento para aprender. A causa do sofrimento precisa ser identificada, para tratar o problema. Aí entra a ação da psicopedagoga, pois geralmente o aluno não aprende porque não quer. É uma questão muito mais complexa, onde muitos fatores podem interferir e causar transtornos de aprendizagem para muitos alunos, tais como os problemas de relacionamento entre professores e alunos, o tipo de metodologia de ensino utilizada pelo professor, conteúdos fora da realidade do aluno, outros. Consideramos que para a escola resolver problemas de aprendizagem, ela deve levar em conta a própria escola, a família, o ambiente fora da família e da escola, etc. Sabemos que os primeiros ensinamentos vêm da família, pois com eles os filhos aprendem a interagir e depois se desenvolvem e aperfeiçoam ao participar de outros ambientes. Afirma Scoz, 2002, p.22 que não há apenas uma única causa para os problemas de aprendizagem “[...] é preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos/ sociais“. Sabe-se que um aluno quando apresenta dificuldades de aprendizagem nem sempre tem deficiência mental ou algum tipo de distúrbio parecido. Na verdade, existem fatores fundamentais que precisam ser trabalhados para se obter melhor rendimento em todos os níveis de aprendizagem. O professor como mediador do processo de ensino-aprendizagem, precisa ser interventor na resolução de problemas e desenvolver um trabalho consciente, que promova aprendizagens. Sendo assim a escola é um dos lugares mais privilegiados para diminuir problemas de aprendizagem. Ela deve oferecer condições favoráveis, satisfatórias e ambiente adequado para que o aluno possa se sentir bem acomodado no modo da escola ensinar. Promovendo momentos de reflexão de ação psicopedagógica, e priorizar o papel de reconstruir a figura do aluno e do professor, onde o professor facilita a aprendizagem e o aluno seja o criador do seu processo pessoal, educacional e social/cultural. Quando a escola ensina a aprendizagem significativa, o conhecimento é aprendido e apreendido e passa a ter significado para a vida do aluno. Já o capítulo “Estratégicas Psicopedagógicas e Dificuldades de Aprendizagem”, aborda que a psicopedagogia é constituída a partir de dois saberes e práticas: da psicologia e pedagogia. Também recebe influência da psicanálise, porém diferencia- se da psicologia escolar nos aspectos: origem, formação e atuação. Quanto à origem, a psicologia escolar tem como foco compreender as causas do fracasso escolar e a psicopedagogia tem como função procurar as causas e tratar determinadas dificuldades de aprendizagem específicas. Quanto à formação, a psicologia escolar configura como uma especialização na área de psicologia, enquanto a psicopedagogia é aberta a todos os tipos de profissionais e áreas de atuação. A atuação da psicologia escolar configura especificamente como área psicológica e a psicopedagogia age de forma interdisciplinar, abrangendo a psicologia e a pedagogia. Nesta perspectiva, [...] A psicopedagogia além de dominar a patologia e a etiologia dos problemas de aprendizagem, aprofundou conhecimentos que lhe possibilitam uma contribuição efetiva aos problemas de aprendizagem, e a melhoria da qualidade do ensino oferecido nas escolas. (SCOZ, 2002, p. 34). Diante disso, a aprendizagem não se restringe apenas a aprender a ler e escrever. Porém muitos alunos não conseguem ler e escrever na idade/série que se supõe que deva dar a aprendizagem, que alguns professores atribuem a maioria de seus alunos, está com problemas relacionado ao grafismo e à leitura e que não conseguem assimilar o conteúdo programático. Sabe-se que alguns problemas de aprendizagem podem ser resultantes da interação da criança com o seu meio. O ambiente familiar do aluno, neste momento, se for acolhedor propicia a ele melhores condições para lidar com seus impulsos agressivos e emocionais. Sendo assim, a psicopedagogia contribui com o trabalho de minimizar alguns problemas de aprendizagem, tanto dos alunos que tem Dificuldades de Aprendizagem (DA), como também, daqueles que, na visão da escola, são considerados “normais” para aprender, ou seja, bastam dominar a leitura, a escrita e situações matemáticas. A capacidade de conseguir tolerar frustrações é um dos fatores importantes para ser levado em conta pelos professores dentro da sala de aula, pois o próprio ambiente escolar, quando não é capaz de supera desafios, pode tornar-se- se motivador para acontecer falhas no desenvolvimento da aprendizagem e leva à defasagem, desarmonia, ao baixo rendimento escolar, etc. Isto causa elevado nível de tensão e de frustração, e consequentemente, ocorre o desinteresse, por conta do baixo fator afetivo promovido pela escola e também pela família. O aluno precisa ter uma estrutura emocional controlada para ser capaz de tolerar as cobranças impostas pela escola, que muitas vezes não tem muito a ver com o momento, os anseios e suas expectativas. São atividades que não contemplam as necessidades que a vida requer para o aluno no diz respeito a um futuro promissor. [...]. Sentimentos básicos de alegria e tristeza, sucesso e fracasso experimentados em relação aos objetos e situações também serão experimentados, futuramente, em relação ás próprias pessoas, o que dará origem aos sentimentos interindividuais. (SISTO, 2001, p.102). O insucesso do aluno pode levá-lo ao fracasso e consequentemente ao abandono escolar. A manifestação de baixo desempenho e ou dificuldades de aprendizagem pode acontecer de forma momentânea ou duradoura, mas deve ser motivo de preocupação e alerta, tanto para a escola como para os pais. Neste momento a intervenção psicopedagógica é de suma importância acontecer, pois focaliza o sujeito na sua relação com a aprendizagem. A meta do psicopedagogo é ajudar aquele que, por diferentes razões, não consegue aprender formal ou informalmente, para que consiga não apenas interessar- se por aprender, mas adquirir ou desenvolver habilidades necessárias para tanto [...]. (RUBINSTEIN, 2001, p. 25). Defender a necessidade da existência de psicopedagogos dentro das escolas, para auxiliar no trabalho do pedagogo, é fazer opção por uma intervenção que reeduque a prática pedagógica dos professores, para acontecer a melhoria da aprendizagem. É contar com o sucesso do aluno, da escola e da família do aluno.
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