Síntese Seis Estudos de Psicologia - 2ª parte (Jean Piaget)

SÍNTESE - SEIS ESTUDOS DE PSICOLOGIA (Jean Piaget)

O PENSAMENTO DA CRIANÇA

O pensamento da criança pode ser abordado sob três perspectivas: verificando aquilo em que a criança difere do adulto, mostrando como se constroem as estruturas cognitivas, prolongando-se em “epistemologia genética”.

Tendo a criança uma estrutura “pré-lógica”, a diferenciação entre o pensamento da criança e do adulto não é uma diferença fundamental, mas sim na necessidade de uma construção progressiva das estruturas lógicas.

A lógica se constrói através das “operações”, que são ações internalizadas que se tornam reversíveis. (Um exemplo de operação reversa é o de conferir operações de soma e subtração utilizando a operação inversa, esse mecanismo se aplica à lógica cotidiana).

As operações se dividem entre a fase ‘concreta’ (7 - 11 anos) e ‘formal’ (após 11 - 12 anos).

Pode-se dizer que a característica mais geral da lógica inicial da criança é, portanto, a irreversibilidade, causada pela centralização, que conduz a não-conservações. A conservação está ligada à noção de permanência de um objeto mesmo quando em outra forma ou quando mudado de lugar.

A LINGUAGEM E O PENSAMENTO DO PONTO DE VISTA GENÉTICO

A linguagem é interindividual e constituída por um sistema de signos. A criança na fase anterior aos 7-8 anos desenvolve seu próprio jogo simbólico individual.

O jogo simbólico é a representação corporal do imaginário, aparece aproximadamente junto da linguagem mas de forma independente. Cumpre o papel de representação e esquematização representativa individuais.

A formação das operações lógicas na criança ocorre em duas etapas: Operações proposicionais (estruturas de conjunto) e Operações concretas (operações somativas e multiplicativas). As operações concretas são coordenações entre ações  antes de poderem ser transpostas para a forma verbal. A linguagem não é, portanto, a causa das operações, mas um ampliador destas que confere generalidade.

As operações proposicionais se dividem em duas principais transformações: Inversão ou negação e reciprocidade, sendo a correlatividade um recíproco inverso desses dois.

É mais correto dizer que existe uma interação entre os mecanismos linguísticos operatórios do que uma preponderância de um sobre o outro. Quanto mais refinadas as estruturas do pensamento, mais a linguagem será necessária para complementar a elaboração elas.

O PAPEL DA NOÇÃO DE EQUILÍBRIO NA EXPLICAÇÃO PSICOLÓGICA

O equilíbrio das estruturas cognitivas deve ser concebido como compensação das perturbações exteriores por meio das atividades do sujeito, que serão respostas a essas perturbações.
As perturbações podem se apresentar de duas maneiras:

Na forma senso-motora, consistindo em alterações reais do meio, cuja resposta ocorre sem sistema permanente.  

Na forma operatória, as perturbações podem ser modificações virtuais, imaginadas ou antecipadas. Nesse caso as atividades compensatórias consistem em imaginar ou antecipar as transformações no sentido inverso.

O equilíbrio psicológico se confunde com a reversibilidade das operações, pois as operações inversas compensam as transformações diretas.

PROBLEMAS DE PSICOLOGIA GENÉTICA

A psicologia genética estuda os processos mentais, tais como o pensamento, percepção, memória, atenção, resolução de problemas e linguagem.

A lógica na criança se apresenta na forma de estruturas operatórias, essas estruturas se constituem pela elaboração de noções de conservação.

O desenvolvimento da lógica ocorre em quatro estágios:

Nascimento a 1-2 anos:

Período senso-motor, as ações se organizam segundo estruturas que preparam a reversibilidade e constituição de invariantes. Ausência de lógica e operações propriamente ditas

2 a 7-8 anos:

Princípio do pensamento com linguagem, jogo simbólico, imitação e a imagem mental. Interiorização das ações ainda sem a noção de conservação e reversibilidade.