Trabalho de conclusão de curso
Por: talitaazevedo • 12/5/2017 • Trabalho acadêmico • 4.624 Palavras (19 Páginas) • 244 Visualizações
UNIUBE
TALITA KELER BORGES DA SILVA
SOCIOLINGUÍSTICA: CONCEITO DISTANTE DA PRÁTICA DO PROFESSOR DOS ANOS INICIAIS.
FRANCA
2017
TALITA KELER BORGES DA SILVA
SOCIOLINGUÍSTICA: CONCEITO DISTANTE DA PRÁTICA DO PROFESSOR DOS ANOS INICIAIS.
Trabalho de conclusão do curso de graduação em Pedagogia apresentado à Universidade de Uberaba.
FRANCA
2017
Dedico este trabalho a minha família que sempre me apoiou nas minhas decisões e escolhas, e em especial a minha amiga Alessandra que foi a incentivadora da realização do mesmo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço:
- A Jeová Deus, em primeiro lugar, pois sem Ele nada somos e nada fazemos;
- Ao professor Joster Luis Lopes pela colaboração e empenho;
- A todo corpo docente que foi fundamental para minha formação, como profissional e como pessoa.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(Oswald de Andrade)
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 7
2. A “CLÁSSICA” GRAMÁTICA 8
2.1 Escrita X Oralidade 10
3. OS ANOS INICIAIS E A PRÁTICA DA VARIAÇÃO LINGUÌSTICA 13
3.1 Reflexões de Bagno 17
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 18
5. REFERÊNCIAS 19
1. INTRODUÇÃO
No contexto escolar, em especial nos anos iniciais, observa-se a importância de analisar porque a Língua Portuguesa é exposta no sistema de ensino como homogênea, com o empobrecimento da língua diante de palavras descontextualizadas, carregadas de regras, colaborando, assim, com a falsa ideia de que “português é muito difícil”. De acordo com Bagno (2004, p.36) “Se tanta gente continua a repetir que o português é difícil é porque o ensino tradicional da língua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português”. Desse modo, podemos dizer que o contexto escolar, ao valorizar a norma culta, desconsidera as variantes linguísticas, ou seja, a língua em uso.
Dessa forma, a concepção tradicional de língua vinculada no âmbito escolar tendo em vista os anos iniciais não entende a língua como social, uma vez que sempre faz observações das regras gramaticais, não as relacionando com o contexto, ou seja, não considera as modificações alteradas pelo falante de acordo com sua intenção comunicativa. Desse modo, por meio de uma pesquisa teórica que privilegie o olhar da linguística, nosso trabalho discute a ideia de que a língua é construída pelo homem com a função de se comunicar e questiona a posição preconceituosa da prática pedagógica normativa.
Um conteúdo intrigante que será abordado também nesse trabalho diz respeito aos professores persistem, muitas vezes, em prevalecer à distância entre a língua falada e a língua escrita, vista de forma dicotômica. E, só conseguimos minimizar essa prática com o estudo das variantes da língua e as duas modalidades (oral e escrita) tendo vista uma relação de complementaridade.
2. A “CLÁSSICA” GRAMÁTICA
“Os estudiosos da grande literatura clássica da Grécia (chamados filólogos), estavam muito preocupados em preservar na maior “pureza” possível a língua grega (...) resolveram descrever as regras gramaticais empregadas pelos grandes autores clássicos para que elas servissem de modelo para todos os que, a partir de então quisessem escrever obras literárias em grego. Foi assim que nasceu a gramática, palavra grega que significa exatamente “a arte de escrever’’. (BAGNO, 2004.15).
A partir da epígrafe acima, pretende-se discutir a origem da gramática normativa e sua influência sobre a Língua Portuguesa.
Desde a literatura clássica da Grécia, os estudiosos preocupavam-se em preservar a “pureza” da língua grega, que a minoria usava, ou seja, a aristocracia política e econômica. Ocorria uma separação entre a língua falada e escrita, o que demonstra o caráter elitista da gramática tradicional que desprezava a fala para prestigiar as poucas pessoas que sabiam ler e escrever.
A gramática normativa é a mais conhecida porque está presente na escola por meio de livros didáticos ou/e na própria didática do professor. De acordo com Mendonça (2004, p.234) “[...] ensinar gramática costuma ser entendido como ensinar regras para usar bem a língua. Atente-se para o fato que as chamadas ‘gramáticas tradicionais’ tomam por língua uma de suas variedades, desprezando as outras”.
E, também na origem da gramática tradicional o desvio do padrão estabelecido era considerado erro, que não é diferente dos dias atuais, pois, ao adentrar na escola o aluno deve aprender a norma culta sem levar em conta seu conhecimento prévio (gramática internalizada), ou seja, sua língua materna diferente das regras impostas pela tradição gramatical.
Segundo Geraldi (1996, p.28) “[...] a língua nunca pode ser estudada ou ensinada como um produto acabado, pronto, fechado em si mesmo”. Por essa perspectiva, a língua é um produto histórico, sim, mas que tem autonomia no presente em relação ao seu processo de construção que é contínuo e inacabado.
Saussure, ao conceituar língua, afirma seu caráter sistemático, objetivo, considera a fala, entretanto privilegiou os estudos linguísticos em relação ao sistema, à língua homogenia. Já Bakhtin questiona Saussure, porque entende que o discurso não é único, mas dialógico, heterogêneo e carregado de ideologia, pois se constrói na interação com o outro.
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