Trabalho e Educação

Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos*

Dermeval Saviani, Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 34 jan./abr. 2007.

- Qual o objetivo do texto?

O objetivo do artigo é buscar compreender e reconhecer como se deu, historicamente, a separação entre trabalho e educação. Essa compreensão se dará através de indicação de linhas básicas dos fundamentos históricos-ontológicos da relação trabalho-educação. Mostrando também como a referida separação se manifestou na história.

- Quais as ideias principais do autor?

De que a existência humana não é dada pela natureza, não é uma dádiva natural e sim produzida pelo homem. A essência humana é um produto de trabalho do homem, a produção do homem é ao mesmo tempo a formação do mesmo, é um processo educativo, que está estreitamente ligado a origem da educação. Daí a origem da educação coincide com a origem do homem.

O autor diz também que a apropriação privada da terra, foi o que gerou a divisão de classe de proprietários e não proprietários. E essa divisão de classe, provocou uma divisão na educação. A partir daí temos duas modalidades de educação: educação dos homens livre e educação dos escravos e serviçais.

- Quais os argumentos apresentados pelo autor?

O autor argumenta que a relação entre trabalho e educação é uma relação de identidade. Os homens aprendiam a produzir sua existência no próprio ato de produzi-la. Eles aprendiam trabalhar trabalhando.

Argumenta também que a apropriação de terras gerou a segregação de trabalho-educação. A educação da classe proprietária deu origem a à escola, pois era o lugar onde iam os que dispunham de tempo livre, diferentemente dos escravos e serviçais. A partir daí, desenvolveu-se um processo educativo diferente daquele ligado ao processo produtivo. Pela especificidade desse tipo de educação, esta passou a ser a educação propriamente dita, causando assim a separação entre educação e trabalho.

A partir da sociedade moderna, com desenvolvimento da indústria, contrato social que gera a generalização da escrita, faz com que a o contato escolar seja o contato com a escola, então surge a necessidade de generalizar a escola para todos.

- Qual a conclusão do artigo?

O desenvolvimento da sociedade de classe, especificamente nas suas formas escravistas e feudal, consumou a separação entre trabalho e educação. No entanto, isso só foi possível a partir da própria determinação do processo de trabalho. A maneira com que os homens produzem seus meios de vida é que permitiu a organização da escola como um espaço separado da produção. Essa separação entre escola e produção, reflete a divisão que foi se processando ao longo da historia entre trabalho manual e trabalho intelectual. Após o surgimento da escola, a relação entre trabalho e educação assume uma dupla identidade. No trabalho manual continuamos a ter uma educação que se realizava concomitantemente ao processo de trabalho. Na educação intelectual, passamos a ter uma educação do tipo escolar destinada a educação para o trabalho intelectual.