A ANÁLISE DOS DADOS - TESTE DAS CORES - VYGOTSKY
Por: caiomazini • 7/12/2022 • Trabalho acadêmico • 959 Palavras (4 Páginas) • 118 Visualizações
ANÁLISE DOS DADOS - TESTE DAS CORES - VYGOTSKY
Para o teste, foram entrevistadas quatro crianças, todas com a idade de 06 anos.
Na primeira tarefa, foi determinado que a criança respondesse dezoito questões simples, envolvendo cores, nas quais existiam duas regras: duas cores eram proibidas de serem ditas e cores já ditas não poderiam ser repetidas. Nessa primeira etapa, a criança não contava com a ajuda do entrevistador adulto.
Para a segunda tarefa, mesmo número de questões e indicações parecidas: duas cores proibidas e a ordem de não poder repetir cores se mantinham, porém, para essa tarefa, as crianças possuíam cartões com as respectivas cores das respostas, nas quais eles poderiam usar para apoiar o processo de perguntas e respostas. Na segunda tarefa, assim como na primeira, o entrevistador adulto não podia ajudar.
Para a terceira e última etapa, outras dezoito questões e as mesmas regras: duas cores proibidas e uma cor já dita não poderia ser repetida. Porém, para a última etapa, as crianças contavam com a ajuda dos cartões coloridos, como estímulos externos e a ajuda do adulto entrevistador.
Isso, segundo Vygotsky, se caracteriza como sendo as três zonas de desenvolvimento infantil: A etapa 1 sendo a Zona de Desenvolvimento real, onde observamos a capacidade da criança em realizar tarefas sozinhas, sem ajuda, a etapa 3 sendo a Zona de Desenvolvimento Potencial, que é aquilo que a criança pode vir a desenvolver com a ajuda de outro, e a etapa 2 sendo a “ligação”entre os dois lados: a Zona de Desenvolvimento Proximal. Para Vygotsky, essa zona se situa entre o que já foi aprendido e o que está em processo.
“(…) a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto (...)”. (Vygostky, 2000, p. 112)
A criança 1, apesar de não se lembrar da regra de não repetir as cores, se lembrou em todas as tarefas quais eram as cores proibidas, mostrando que apesar da falha na memorização das regras, ela estava disposta a dizer todas as cores e responder todas as perguntas que a ela foram feitas.
Com o enfoque Vygotskiano, percebemos na criança 1 suas funções psicológicas superiores trabalhando no momento em que a entrevistadora faz uma pergunta sobre a cor da maçã.
Entrevistadora: "Qual é a cor da maçã?"
Criança enquanto pega os cartões de cores vermelha e verde: "Existem duas cores de maça né, uma dessa cor (aponta para o cartão vermelho) e outra dessa (aponta para o cartão verde)"
As funções superiores são aquelas que adquirimos durante a nossa vida, seja por meio de interações sociais, seja por meio da cultura. Essa interação, se dá por meio de signos e símbolos, sejam eles de elementos presentes no campo visual ou não.
Dentre as funções superiores estão o controle consciente do comportamento, atenção e lembrança voluntária, assim como a memorização ativa,a ação proposital, o raciocínio dedutivo e a capacidade de planejamento, sendo os três últimos como de grande importância na execução dessa tarefa.
A criança 1, em muitas respostas, tentou dar a tonalidade exata da cor que a ela era perguntada, como por exemplo nessa fala.
Entrevistadora: "Qual a cor da terra?"
Criança pegando o cartão marrom: "é dessa cor com um pouquinho de preto"
Entrevistadora: "Depende, né?"
Criança: "Sim, depende da terra."
Com a criança 2, já vemos a interação com o adulto tendo mais influência no desenvolvimento da mesma dentro da tarefa, como podemos analisar nessa fala.
A entrevistadora segura um lápis laranja: "Que cor é esse lápis?"
Criança: "Vermelho"
Entrevistadora: "Vermelho? Tem certeza?"
A criança olha bem para o lápis, e retificando-se do erro, fica em silêncio ao perceber que não poderia falar a cor certa (laranja) por ser uma cor proibida. Aqui acontece um processo de muita importância para Vygotsky: o discurso interior, que acontece quando fala e pensamento discursam em um processo mental que não necessita de externalização. Ou seja, a fala passa a proceder a ação, tendo uma função planejadora. A criança percebe o ambiente à sua volta e internaliza a questão.
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