A Abordagem Sistêmica

Abordagem Sistêmica

 A Teoria Geral dos Sistemas foi formulada pelo biólogo e filósofo austríaco Ludwig Von Bertalanffy entre 1967 e 1968. O objetivo dessa teoria era constituído em estudar os princípios universais aplicáveis aos sistemas em geral, podendo ser de natureza física, biológica ou sociológica. Sistema é conceituado como um complexo de elementos em estado de interação, e essa torna os elementos mutuamente interdependentes e caracteriza o sistema e o diferencia do aglomerado de partes independentes (Vasconcellos, 2010).

Os conceitos básicos dessa teoria são: globalidade, onde todos os sistemas funcionam como um todo coeso e mudanças em umas das partes provocam mudanças no todo; a não-somatividade, que afirma que o sistema não é a doma das partes, devendo-se considerar o todo em sua complexidade e organização, ou seja, apesar de o individuo fazer parte de uma família, ele mantém sua individualidade; homeostase, processo de autorregulação que mantém a estabilidade do sistema preservando seu funcionamento; morfogênese é a característica dos sistemas abertos de absorver os aspectos externos do meio e miudar sua organização; a circularidade diz respeito à relação bilateral entre elementos, sendo que esta relação é não linear e obedece a uma sequencia circular; equifinalidade, refere que em um sistema aberto, o resultado de seu funcionamento independe do ponto de partida, ou seja, o equilíbrio é determinado pelos parâmetros do sistema; diferentes condições iniciais geram igualdade de resultados e diferentes resultados podem ser gerados por diferentes condições iniciais. Desta forma, nos sistemas fechados o estado de equilíbrio é dado pelas condições iniciais (Barcellos & Moré, 2007; Osorio, 2002; Vasconcellos, 2010).

O foco da Teoria Geral dos Sistemas é deslocado da constituição das entidades para a organização dos sistemas e para o conceito de interação. Essa interação gera realimentações (feedbacks) que podem ser positivos ou negativos, criando uma autorregulação regenerativa onde cria novas propriedades as quais podem ser benéficas ou maléficas para o todo independente das partes, essa interação é chamada de sinergia. Já a entropia é a desordem ou ausência de sinergia, um sistema para de funcionar quando ocorre uma entropia interna. Os organismos onde as alterações benéficas são absorvidas e bem aproveitadas sobrevivem, por outro lado, os organismos onde as qualidades maléficas resultam em dificuldade de sobrevivência, tendem a desaparecer (Vasconcellos, 2010).

Na década de 1940, duas outras teorias influenciaram a Teoria Geral dos Sistemas: a Cibernética criada por Norbert Wiener no final da década de 1940. O proposito desta teoria era de desenvolver uma linguagem e técnicas que permitissem abordar o problema da comunicação e do controle em geral. Considerava a mensagem como elemento central de comunicação e de controle, essa mensagem é enviada durante a comunicação sendo transmitida por meios elétricos, mecânicos ou nervosos e é considerada uma sequência de eventos mensuráveis, distribuídos no tempo (Vasconcellos, 2010). Essa teoria se dividiu em primeira cibernética com uma visão focada na homeostase do sistema psicossocial, e a segunda cibernética, que consolidou o enfoque circular sistêmico por meio do questionamento circular e da mudança adaptativa (retroalimentação positiva). A segunda teoria influenciadora foi a Teoria da Comunicação desenvolvida pelo antropólogo inglês Gregory Bateson e a sua origem engloba três dimensões: A sintaxe se refere à transmissão da informação; a semântica que está relacionada ao significado dos símbolos; e a pragmática que diz respeito aos aspectos comportamentais da comunicação. Essa teoria também engloba cinco axiomas que são: 1) É impossível não comunicar; 2) Toda comunicação tem aspecto de relato (conteúdo) e de ordem (relação); 3) A natureza de uma relação está na contingência da pontuação das sequências comunicacionais entre os comunicantes (cada comportamento é causa e efeito do outro); 4) Os seres humanos se comunicam de maneira digital (comunicação verbal) e analógica (comunicação não-verbal); e 5) Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares, e estão baseadas na igualdade ou na diferença.

O pensamento sistêmico foi formulado a partir de três critérios, o primeiro deles se refere à mudança das partes para o todo, sendo que as propriedades essenciais pertencem ao todo, portanto nenhuma das partes as possui, pois estas propriedades surgem justamente das relações de organização das partes para formar o todo. O segundo critério diz da capacidade de deslocamento da atenção de um lado para o outro em níveis sistêmicos. O ultimo critério diz respeito à mudança da ciência objetiva para a epistêmica, onde o método de questionamento se torna parte integral das teorias cientificas (Vasconcellos, 2010). O pensamento é contextual e ambientalista. Contextual, pois a analise das propriedades das partes não explica o todo, e ambientalista, pois considera contexto. A ênfase é dada nas relações e não nos objetos, sendo os objetos as redes de relações (Vasconcellos, 2010).