A Atuação Profissional do psicólogo
Por: giorgiamonteiro • 17/11/2017 • Trabalho acadêmico • 1.722 Palavras (7 Páginas) • 356 Visualizações
Universidade do Sul de Santa Catarina
Curso de Psicologia
Unidade de Aprendizagem: Atuação Profissional em Psicologia
Professora: Ana Maria Pereira Lopes
Acadêmicas: Giorgia Monteiro e Paola Porto
Psicologia Clínica
a) Como se dá a prática (o que faz o psicólogo, como faz sua atividade nesse campo, possibilidades de atuações).
Historicamente a psicologia clínica esteve por muito tempo relacionada ao modelo autônomo, hegemônico e elitista da profissão, por meio do atendimento individual, com principal objetivo de resolver os problemas de “ajustamento” do sujeito. Mais recentemente, passou-se a dar ênfase ao papel do psicólogo clínico na promoção do bem-estar subjetivo e psicológico, mais preocupado com seu papel social e com as demandas coletivas; mais fortemente focado na intervenção social. (Bastos)
As atividades do psicólogo clínico focam-se em dois campos principais: Primeiro o atendimento psicológico por meio de psicoterapias (individual, de casal e de grupo) com ênfase no aconselhamento ou assistência psicológica. O segundo campo refere-se a elaboração de psicodiagnósticos e pareceres psicológicos, com base em testes psicológicos. Tradicionalmente, ambos os campos atendiam a uma clientela abastada.
As práticas clínicas, de uma maneira geral, são vistas sob óticas diversas e de acordo com o campo epistemológico que as fundamentam. Seria de tamanha ingenuidade definir a atuação clínica como uma única psicologia. Todas as escolas psicológicas podem e devem contemplar a clínica. Essas práticas têm lugar sempre que o sofrimento cria uma demanda, mas não necessariamente quando se instala uma patologia. Dentro do consultório, o profissional consegue trazer à tona a questão do fenômeno psicológico, a subjetividade ou mundo interno. As práticas têm como objetivo o acolhimento do sofrimento constituinte da existência humana, naquilo que pode ser cuidado e apreendido enquanto vivência subjetiva e reveladora de sentidos. Passa, então, a representar a acolhida, através do aconselhamento e do olhar que possa contemplar e alcançar a singularidade das existências, que se vão construindo nos caminhos traçados pelos desejos humanos e seus quereres, e reveladores da sua condição de ser-no-mundo. E acima de tudo, considerar as subjetividades como constituindo-se num mundo em que as dimensões históricas, sociais e culturais exercem o seu papel no processo de subjetivação. O que caracteriza a prática clínica não pode reduzir-se nem ao lugar, consultório, muito menos ao número de sujeitos ou a sua classe econômica. A escuta clínica representa uma determinada postura diante do outro, entendendo-o como sujeito que pensa, sente, fala e constrói sentidos que se expressam, se criam e se modificam nessa relação de subjetividades, num determinado mundo e num certo momento das suas histórias.
Felizmente, o caráter preventivo tem ganhado destaque na Psicologia Clínica, deixando de ser focada no indivíduo intrapsíquico e voltando-se para a intervenção centrada em contextos. Lo Bianco e colegas (1994) demonstra que a clínica não é consultório; é Psicologia de qualquer lugar que necessite de promoção de saúde, sendo caracterizada não por uma área de atuação e sim pelo olhar do psicólogo sobre o fenômeno.
b) Principais grupos atendidos.
A psicologia clínica é voltada para qualquer pessoa, esteja ela passando por problemas ou não.
c) Identificar o fenômeno psicológico envolvido.
Na clínica psicológica tradicional, o enfoque intrapsíquico priorizava os processos psicológicos e psicopatológicos do indivíduo, norteada por uma concepção de sujeito abstrato e descontextualizado historicamente. Embora não se possa negar que as teorias psicoterápicas, na sua maioria, trazem a consideração da dimensão social, ao conceber a subjetividade como constituída através dos vínculos com o outro, ainda se constata a prevalência do olhar que enfatiza os processos internos, subjetivos e intrapsíquicos. Segundo Bastos (2010) o ser humano não é mais analisado apenas na sua dinâmica intrapsíquica, mas considerado como sujeito situado na história e na cultura, o que requer uma abordagem multidisciplinar bem mais complexa da oferecida nos cursos de formação em psicologia. A concepção sobre o fenômeno psicológico passe de centrado no plano individual (indivíduo a-histórico, isolado de seu contexto social) para um fenômeno visto na sua interdependência com o contexto sócio-cultural.
d) Implicações éticas da prática apresentada.
“A análise empreendida confirma a importância do compromisso social do psicólogo na sua prática e sugere que a postura clínica repousa não só na formação teórico-técnica, mas, sobretudo, na ética da escuta do não-dito e do interditado. ” (DUTRA, 2004)
O ato clínico se pautará muito mais por uma ética do que por referenciais teóricos fechados. É nessa direção que Figueiredo (1996), propõe um sentido diferente para a ética, para esse autor, a ética, neste sentido, remeteria para a dimensão humana do eu, tal como pensado por Heidegger (1999), ou seja, para a dimensão da experiência, do conhecido e do não-conhecido, o qual não poderá ser previsto, conhecido na sua totalidade e que se apresenta ao homem na sua condição de existência.
No entanto, existe uma dimensão ética, tal como já sugerida por Figueiredo (1996), que não se adquire somente no estudo da ética, enquanto disciplina que compõe os currículos ou códigos de ética; ou seja, no âmbito do conhecimento teórico-técnico. Esta dimensão ética, que envolve as relações do homem com o mundo, e que implica valores, princípios e visão de mundo, repousa nas atitudes, no modo de ser de cada um.
e) Mercado de trabalho na área.
De acordo com Bastos (2010), em 1988, 61,7% dos psicólogos que atuavam em clínica e outras áreas, 39,3% (representando 63% do total) atuavam exclusivamente nela. Área clínica permite mais autonomia e maior flexibilidade dos horários de trabalho, favorecendo sua combinação com as demais áreas e atividades profissionais, sendo elas do campo psicológico ou não. Mesmo que o psicólogo atue na clínica e em outra área ao mesmo tempo, os seus trabalhos demandam de modo mais expressivo atividades de natureza clínica. É na clínica que o profissional se percebe realizando mais plenamente o ideal de atuação psicológica.
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