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A CIENTIFICIDADE DA PSICANÁLISE COMPARADA COM OS PRESSUPOSTOS DA CIÊNCIA POSITIVISTA E POPPERIANA

Por:   •  25/7/2016  •  Projeto de pesquisa  •  1.443 Palavras (6 Páginas)  •  381 Visualizações

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A CIENTIFICIDADE DA PSICANÁLISE COMPARADA COM OS PRESSUPOSTOS DA CIÊNCIA POSITIVISTA E POPPERIANA

RESUMO

Mesmo Freud tendo uma formação intelectual positivista e cientificista típica do século XIX as relações da psicanálise com a ciência nunca foram fáceis. Em todos os seus textos Freud nunca abandonou seu propósito de fazer com que a psicanálise fosse reconhecida como ciência Este artigo tem como seu principal objetivo fazer uma discussão a respeito da cientificidade da teoria psicanalítica de Freud. Para tanto vai abordar a Psicanálise no seu contexto histórico-científico e fazer um contraponto com as premissas da ciência positivista e realista Popperiana. No final é feita uma articulação conclusiva a respeito dos fatores que atuam nessa proposta e também é levantada a hipótese da necessidade ou não de ser a psicanálise balizada como ciência.

Palavras-chave: ciência; cientificidade; positivismo; psicanálise, contexto histórico-científico.

Aluna do curso de Psicologia da UFF – Campus Volta Redonda


INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é promover uma discussão sobre a cientificidade da teoria psicanalítica de Freud em contrapartida aos preceitos da ciência positivista e realista popperiana. Para tanto, faremos de início uma resumida abordagem sócio histórica que levou ao surgimento do conhecimento científico e as tentativas de Freud para tentar adequar sua teoria aos padrões de exigências científicas da época.

O conhecimento humano até o século XV se baseava na filosofia religiosa da Igreja Católica e nas tradições sociais da época. No final desse século, o homem abalado pelas guerras, as novas descobertas e as reformas sociais se sente impelido a procurar novas fontes de conhecimento, pois as que possuía não o satisfaziam mais.

A busca por novos saberes resultou na formulação do “cogito” cartesiano. Estabelece-se a separação mente-corpo e para se alcançar a verdade deve-se priorizar a razão em detrimento dos afetos e paixões. Sobre essas premissas se estruturou o que conhecemos hoje em dia como ciência.

No final do século XIX Freud, respeitando as regras da ciência cartesiana, trabalhava na construção de uma nova teoria. Estava encontrando problemas para tornar compreensível, diante do paradigma científico vigente, os conceitos referentes ao fenômeno que ele chamou de inconsciente. Esse inconsciente constituído como objeto, não era nada do que a ciência do tempo de Freud pudesse conferir legitimidade científica.

FEUD CIENTISTA POSITIVISTA

Freud buscou na biologia sua base epistemológica de estudo sobre o aparelho psíquico. Tenta fazer uma relação entre os fenômenos psicológicos com o sistema neurofisiológico numa tentativa de resumir a estrutura psíquica a um componente biológico. Não teve sucesso nessa tentativa.

Kuhn descreve a “ciência normal” como “a pesquisa firmemente baseada em uma ou mais realizações científicas passadas expostas e relatadas em manuais científicos elementares ou avançados” (1970, p. 101). Esses manuais serviram para definir os problemas e os métodos legítimos de um campo de pesquisa para uma geração de praticantes da ciência daquele tempo.

Freud tem uma formação intelectual positivista e cientificista típica do século XIX e a guardou por toda a vida. Ele jamais abriu mão de seu projeto de tornar a psicanálise uma ciência. Em seu manuscrito “Projeto para uma Psicologia Científica”, no primeiro parágrafo, apresenta sua intenção: “a finalidade deste projeto é estruturar uma psicologia que seja uma ciência natural, isto é, representar os processos psíquicos como processos quantitativamente determinados de partículas materiais específicas” (Freud, [1895] 1976, v. I, p. 403)

REVOLUÇÃO NO PARADIGMA CIENTÍFICO

A Psicanálise promoveu uma revolução científica quando deixa claro que o paradigma científico da época não funciona adequadamente para dar conta dela. Os pressupostos da psicanálise indicam que ela se ocupa do sujeito, da sua subjetividade, da sua história e a ciência vigente exige um conhecimento objetivo e generalista. Os dados objetos de estudo da Psicanálise não poderiam servir como critério de credibilidade e legitimidade científicas.

A invenção da escuta do inconsciente proposta pela psicanálise rompe com a Medicina da época, que propunha uma correspondência exata do “corpo” da doença com o corpo do homem doente. Era esse o modelo da Medicina que vigorava no século XIX, aquele que concedia todo privilégio à anatomia patológica.

CRÍTICAS

Freud recebe críticas radicais sobre a cientificidade da psicanálise. Elas são feitas por epistemólogos que se preocupavam com a “lógica da explicação”. Esses críticos sustentam suas abordagens partir do empirismo lógico e do racionalismo crítico de Karl Popper e indagam se a psicanálise poderia constituir uma teoria propriamente científica se apresentando por um conjunto de proposições que sistematiza, explica e prevê, em certos fenômenos observáveis, e se pode satisfazer às regras lógicas de uma teoria científica. Afirmaram os empiristas: “parece que não podemos deduzir nada de preciso das noções ‘energéticas’ do freudismo, posto que são vagas e metafóricas. São noções sugestivas, mas não suscetíveis de validação empírica” (Japiassu, 1989, p. 26).

ROMPIMENTO COM A CIÊNCIA

Quando publicou em 1900 A Interpretação dos Sonhos Freud apresentou o conceito de inconsciente demarcando o nascimento da psicanálise. Apresenta o seu sujeito, radical em sua construção, pois subverte aquele oriundo do cogito cartesiano por ser pulsional por excelência. Coloca a razão como consciência em questão. Ele mesmo apontou para esse rompimento quando declara ser a psicanálise a terceira grande ferida narcísica sofrida pelo saber ocidental. A teoria psicanalítica construiu um objeto cujo vigor e verdade se sustentam na destruição dos conceitos de objetividade e controle que a ciência defende, e provocando assim uma obrigatoriedade de revisão no paradigma científico vigente. Houve uma imensa de resistência à sua teoria.

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