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A CRISE DOS TRÊS ANOS

Por:   •  1/12/2018  •  Projeto de pesquisa  •  2.868 Palavras (12 Páginas)  •  373 Visualizações

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A CRISE DOS TRÊS ANOS DE IDADE

Podemos analisar a crise dos três anos com três pontos de vista.

Temos de supor, em primeiro lugar, que todas as mudanças, todos os acontecimentos que tem lugar durante esta crise se agrupam em torno de uma nova função transitória. Por consequência, quando analisamos os sintomas da crise devemos determinar, embora que hipoteticamente, o novo que aparecerá em determinado período e o destino da formação nova que desaparece quando o período termina.

Não devemos partir de um simples esquema teórico quando estudamos a crise dos três anos. Nosso único caminho é o analítico, ou seja, as análises do material  a fim de conhecer nesse processo as teorias fundamentais que tratam estes dados. Para compreender o que sucede o período dos três anos devemos examinar em primeiro o termino da situação do desenvolvimento -  interior e exterior -, em meio ao transcorrer da crise. Convém iniciar o estudo pelos sintomas da idade. Os sintomas da crise, que se situam em primeiro plano, são chamados de primeiro conjunto de sintomas. Todos eles estão descritos em forma de conceitos cotidianos e precisam ser analisados para adquirir um significado cientifico.

O primeiro sintoma que caracteriza o início da crise é o negativismo. Devemos formar uma ideia clara do que isto se trata. Ao falarmos de negativismo infantil é indispensável diferencia-lo da desobediência habitual. No negativismo a conduta da criança é de se opor a todo custo do que os adultos propõem. Se a criança não quer fazer algo que o desagrada (por exemplo, quando está jogando e o obrigam a ir dormir mesmo sem ter sono), sua conduta não é negativista. A criança querer fazer tudo o que deseja, tudo que tem e lhe proíbem, apesar de tudo, sua conduta não será negativista, será uma reação negativa a exigência dos adultos, motivada pela intensidade de seus desejos.

Uma manifestação de negativismo é quando a criança não quer fazer algo pelo simples fato do convite ter partido de um adulto, quer dizer, não se trata de uma reação contra o seu próprio eu, apenas por vir de um adulto. A diferença do negativismo, aquela que diferencia da desobediência habitual, é que a criança não obedece porque lhe pediram. Por exemplo, a criança está jogando na rua e não quer voltar para casa, lhe chamam porque é hora de entrar, porém ela não obedece, apesar de sua mãe lhe reclamar. Se pedissem outra coisa, só faria aquilo que lhe agradasse. Na reação negativista a criança não faz algo porque a pediram. Se produz, neste caso, um peculiar deslocamento de motivações.

As observações realizadas na clínica forneceram outro exemplo típico do negativismo. Uma criança no quarto ano de vida, com uma crise dos três anos prolongada e um negativismo manifestado, quer que a levem a uma conferência que irá falar de crianças.  Se prepara para ir. Eu a convido. Porem, como  eu a convido, a mesma se nega a ir, Nega com todas as suas forças. “Então vá para seu quarto”. Não obedece. “Então vamos”. Se nega a ir. Quando lhe deixam quieta, chora, está chateada porque não terem lhe levado. Vemos, que o negativismo obriga a criança a se comportar contra o seu próprio desejo. A criança gostaria de ter ido, porém como lhe foi convidada por alguém, se negou a ir.

Quando o negativismo é muito marcado, é possível consegui uma resposta oposta/contraria quando lhe é feita em tom autoritário. Diversos autores descrevem interessantes experimentos neste sentido: um adulto vai até a criança e lhe diz autoritariamente. “Este vestido é preto” recebendo como resposta “Não, é branco”. Porém quando diz “Sim, é branco”, a criança responde “Não, é preto”.  A vontade de contradizer, o desejo de fazer o contrário do que lhe pedem é o negativismo no sentido mais autêntico da palavra.

A reação negativa se diferencia da desobediência habitual por dois tópicos essenciais. Se destaca em primeiro lugar a atitude social, a atitude em relação a outra pessoa. No caso dado, a reação da criança não se deve ao conteúdo da própria situação, de não querer fazer o que se pedem. O negativismo é um ato de índole social: se dirige principalmente a pessoa e não ao conteúdo apresentado. O segundo momento essencial é a nova atitude da criança com seu próprio afeto. A criança não atua a impulsos diretos de seu afeto, mas contra o seu desejo. Em relação com a atitude para o afeto, convém recordar a primeira infância anterior a crise dos três anos. O mais típico para a primeira infância, segundo a opinião de especialista, é a total unidade de afeto e atividade. A criança se encontra totalmente dominada por afeto, está toda dentro da situação. Na idade pré-escolar aparece mais um motivo: o contato com outras pessoas, derivada diretamente do afeto, relacionado com outras situações. Se a rejeição da criança, é o motivo a negação se deve a situação, se não obedece pelo simples desejo de não querer faze-lo ou porque quer fazer outra coisa, sua conduta não pode ser qualificada como negativista. O negativismo é uma reação, uma tendência, cujo motivo está à margem da situação dada.

O segundo sintoma da crise dos três anos é a teimosia. Se temos que diferenciar o negativismo da teimosia habitual, tem que saber diferencia a teimosia da perseverança. Por exemplo, a criança deseja algo e procura consegui-la a todo custo. Não se trata de teimosia, é um ato que geralmente produz antes da crise dos três anos. Por exemplo, a criança quer um objeto, mas não o consegue de imediato com a perseverança alcança o seu desejo, neste caso não se trata de teimosia. A teimosia é uma reação infantil quando a criança exige algo, não por deseja-lo intensamente, mas por tê-lo exigido. Insiste em sua exigência. Digamos que lhe chamam, e dizem para ir para casa, ela se nega, lhe dão razões para ir, porém, como já havia se negado, não obedece. O motivo de sua teimosia se deve ao sentimento de obrigação para sua primeira decisão. Isto se chama teimosia. Há dois momentos que diferenciam a teimosia da perseverança. O primeiro momento, comum com o negativismo, tem relação com a motivação. Se a criança insiste em seu desejo, essa atitude não pode ser considerada como teimosia. Se, por exemplo, se gosta de deslizar com um trenó, procurará estar sempre deslizando.

O segundo momento é o seguinte: se o negativismo se caracteriza pela sua tendência social, é dizer, a criança faz o contrario do que é pedido pelos adultos, na teimosia a característica é a tendência a si próprio. Não podemos dizer que a criança passa livremente de um afeto a outro, edota essa atitude por telo dito e, somente por esta razão, a mantém. Nos encontramos com outras motivações pessoais da criança que são anteriores a crise dos três anos.

O terceiro momento, geralmente é denominado pela palavra alemã trotz. Este sintoma é tão decisivo para a idade que toda esta fase de crise é chamada de trotz alter que significa a idade da rebeldia.

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