A CULTURA RELIGIOSA: FENÔMENO RELIGIOSO
Por: julimcarvalho • 5/12/2019 • Abstract • 1.228 Palavras (5 Páginas) • 199 Visualizações
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Júlio C. S. Carvalho
CULTURA RELIGIOSA: FENÔMENO RELIGIOSO
Psicologia - Manhã
Belo Horizonte
2017
Resumo do Livro – “O que é Religião” – De: Rubem Alves
No livro “O que é Religião”, Rubem Alves busca apontar caminhos, sejam eles filosóficos, antropológicos ou sociológicos para o que é religião. Com o desenvolvimento da tecnologia e da ciência, Deus passa a não ser mais necessário “como hipótese de trabalho” para o mundo. Ele também leva o leitor a questionar se a religião está desaparecendo ou não, para logo em seguida afirmar que ela permanece viva, pois o avanço da ciência não conseguiu fazer a religião desaparecer totalmente. Ele acrescenta que não é difícil identificar, isolar e estudar a religião como o comportamento exótico de grupos sociais, mas que é necessário reconhecer a sua presença em nosso dia a dia.
No capítulo “Os símbolos da ausência” ele faz menção dos animais e sua biologia pronta em contraste com o ser humano “inventor do mundo”, ser de desejo e privação. Ele descreve como os animais conseguiram sobreviver ao longo de milhares de anos, suas adaptações ao meio ambiente e como, diferentemente do homem, eles conseguem transmitir informações para a sobrevivência das suas gerações, sem a necessidade de palavras e mestres. Pela via psicanalítica aponta que o homem faz cultura a fim de criar os objetos de seu desejo. É a busca do ego para encontrar um mundo passível de amor. A religião nasce com o poder do homem de dar nome às coisas, e com os símbolos sagrados o homem protege seu mundo do caos e do medo. A religião transubstancia coisas inertes como a pedra e a transforma em algo sagrado, o altar. A analogia situa-se em torno da seguinte pergunta: “Poderão os símbolos, entidades tão débeis e diáfanas, nascidas da imaginação, competir com a eficácia daquilo que é material e concreto”?
Na Idade Média os símbolos haviam alcançado tamanha importância na vida dos homens, a ponto destes não mais os discernirem da realidade concreta. O que aconteceu foi uma fusão entre a visão de mundo dos hebreus e cristãos, com as dos gregos e romanos. Todo o universo era compreendido como se fosse dotado de um “sentido humano”. Aconteceu, entretanto que aos poucos, mas de forma constante, progressiva e crescente, os homens começaram a fazer coisas não previstas no receituário religioso fazendo perecer as coisas inúteis. Como consequência o mundo não passou a ser mais guiado pelo sagrado. Rubem Alves então apresenta seus comentários sobre a trilogia; riqueza, economia e religião.
A cosmovisão do povo na Idade Média era enriquecida pela significação que se dava as coisas. Estudava-se o universo buscando entender seu significado, mas, no entanto, ressalta o autor: o avanço científico surge a partir do momento em que a ênfase é dada ao que as coisas são de fato. Segundo Durkheim a religião é um fato, por isso os julgamentos de verdade e falsidade não podem ser aplicados a ela. Ao afirmar: “considere os fatos sociais como se fossem coisas”, Durkheim instaura um novo mundo de compreensão da religião e quando ele buscava explorar a religião, na verdade ele estava procurando investigar e chegar a conclusões sobre as próprias condições para a sobrevivência da vida social.
Fazendo referências à Durkheim e Marx, Rubem Alves inicialmente mostra um Durkheim fascinado com o sagrado e em busca das origens da religião mais simples e primitiva. Para tentar compreender o presente, Durkheim mergulha no passado em busca de respostas do mundo sacral. Diferentemente de Durkheim, Marx desconhecia esse mundo sacral. Desconhecia os valores morais e espirituais e somente conhecia a ética do lucro e da riqueza. Para alguns filósofos, a religião era a principal culpada por todos os problemas sociais da época. Marx entendeu que a religião não tinha culpa alguma e que a culpada eram as falsas idéias que atormentavam as cabeças dos homens, fruto da alienação. Marx não estava preocupado com isso e sim com as forças que realmente movem a sociedade. Marx considerava a religião como “um ópio do povo”, ou seja, “felicidade ilusória do povo”.
Rubem Alves nos mostra um Durkheim preocupado na exploração do universo religioso e um Marx preocupado com as mazelas sociais, mas relacionando-as ao lucro obtido pela burguesia em detrimento do operariado. Vale ressaltar o que declarou Albert Camus: “Marx foi o único que compreendeu que uma religião que não invoca a transcendência deveria ser chamada política”.
Os filósofos do movimento empiristas/positivistas acreditavam que a religião não ia além de um discurso sem sentido. Porém outros pensadores, como por exemplo, Marx e Durkheim, achavam que podiam analisar a religião através de um ângulo sociológico. Segundo Feuerback, “a religião é um sonho da mente humana” e deveríamos compreendê-la da mesma forma como analisamos os sonhos. Os sonhos estão relacionados com os desejos de todos nós. E é nessa turbulência que nasce a religião. As religiões são ilusões que tornam a vida mais esperançosa, mais suave, mais prazerosa, os mais fortes e urgentes desejos da humanidade. A religião afirma a divindade do homem.
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