A Condições necessárias para aprender
Por: ana thalita tenorio • 5/6/2018 • Trabalho acadêmico • 2.029 Palavras (9 Páginas) • 903 Visualizações
A aprendizagem é uma função integrativa, onde se relacionam o corpo, a psique e a mente para que o individuo possa apropriar-se da realidade de uma forma particular.
Levando em consideração este fato, entendemos que o ser humano faz, sente e pensa. Por isso é importante não somente focalizarmos as funções cerebrais e suas relações com os processos cognitivos, mas também entender que cada individuo terá sua forma particular de processamento de informação, que não depende somente do cerebral, mas também está arraigado no psíquico. A estrutura psíquica é aquilo que habitualmente chamamos de efetividade. Para entendermos melhor, podemos mencionar o caso dos meninos lobo. Foram realizados muitos estudos com esses meninos e através de exames post mortem foi constatado que a base anatômica cerebral permanecia intacta e normal. No entanto, neles não haviam sido formados os complexos sistemas cerebrais funcionais, ou dito de outra forma, as estruturas neuropsicológicas que constituem a base das funções cognitivas, ou seja, da linguagem, gnosias, praxias, atenção, que conformam a base do psiquismo humano. Haviam desenvolvido exclusivamente as funções cujos circuitos tinham sido mantidos durante seus primeiros anos de vida. Vemos, pois, que embora possuíssem a base morfológica cerebral, não tiveram a possibilidade de que esta se desenvolve com bas na organização e reorganização funcional em virtude d aprendizagem prática e linguística que foram adquirindo durante a vida.
O desenvolvimento cognitivo é entendido então como um processo que permanentemente se transforma, como resultado de contínuas reestruturações que ocorrem nas diversas interações que a pessoa estabelece.
O funcionamento do cérebro e da mente depende e se beneficia da experiência. O desenvolvimento não é meramente processo biológico, mas também um processo ativo que utiliza informação essencial da experiência. A presença dos outros seres humanos ao seu redor permite-lhe algumas manifestações simbólicas como a linguagem e o pensamento.
Gnosias ou processamento perceptivo:
As gnosias se referem ao reconhecimento de um objeto por meio de uma modalidade sensorial. Ao estimularmos um órgão sensorial, surge um registro nos centros corticais e logo ocorrem elaborações psicocognitivas que permitem compreendê-lo e reconhece-lo com base A organização cognitiva está subordinada às capacidades gnósicas. Quando um estímulo visual, auditivo, olfativo ou tátil é captado por um receptor específico, localizado no órgão sensorial correspondente, é interpretado, pelo sistema nervoso.
Segundo a modalidade sensorial que seja utilizada, estaremos falado de diferentes tipos gnosias; Gnosias visuais. Gnosias auditivas, Gnosias táteis.
São diferenciadas gnosias simples e gnosias complexas. Podemos considerar como simples, algumas gnosias visuais como o reconhecimento das cores ou algumas gnosias táteis, como a diferenciação entre o duro e o mole. Também estão compreendidas as gnosias auditivas, como a diferenciação e o reconhecimento dos sons. Entre as gnosias complexas podemos citar as visomotoras, as espaciais e as visomotoras-auditivas entre outras. As gnosias visoespaciais têm grande importância na aprendizagem da leitura e escrita.
Praxias ou processamento psicomotor:
São movimentos organizados, produto de processos de aprendizagem prévios que detem a determinado objetivo. Referem-se à execução de atos voluntários complexos aprendidos durante a vida como, por exemplo, caminha, comer, vestir-se, cumprimentar, pentear-se ou escrever.
A análise e síntese dessa informação proprioceptiva levam à formação de esquemas ou padrões funcionais dos movimentos, que tendem a se consolidar mediante a repetição dos mesmos.
O bebê se desloca em direção a algum ponto do espeço com determinada finalidade. Isto é o que chamamos de psicomatricidade e é baseada em conceitos gnosopráticos. Assim, podemos entender que “apsicomatricidade integra as interações cognitivas emocionais, simbólicas e sensório-motoras na capacidade de ser e expressar-se em um contexto psicossocial.
Para compreendermos mais claramente a psicomotricidade faremos sua análise em três dimensões
- Dimensão motora
- Dimensão cognitiva
- Dimensão emocional
A dimensão motora:
Evolução da tonicidade muscular.
Desenvolvimento do controle e dissociação de movimentos.
Desenvolvimento da eficiência motora (velocidade e precisão).
Desenvolvimento das possibilidades de equilíbrio.
Definição e afirmação da lateralidade.
Estas aquisições motoras permitem a existência das aquisições dinâmicas gerais como correr, escalar, saltar, etc. Por sua vez permitem também as coordenações dinâmicas manuais imprescindíveis para a leitura e escrita como a coordenação óculo-manual ou visodigital.
A dimensão cognitiva:
Refere-se ao desenvolvimento das funções cognitivas que permitem ao individuo realizar os movimentos, ou seja, o domínio das relações espaciais, temporárias e simbólicas.
A noção de espaço: o conceito de espaço não é nato, mas é elaborado por meio da ação e da interpretação de dados e estímulos sensoriais. A compreensão do espaço tem origem do próprio corpo.
- Dois primeiros anos: a criança vai dominando progressivamente primeiro a cabeça, em seguida o tronco e depois as extremidades inferiores.
- Dos dois aos três anos: há uma predominância dos elementos motores e cinestésicos sobre os visuais e espaciais.
- Dos cinco aos sete anos: a criança já é capaz de ir tomando consciência do seu próprio corpo e de representa-lo.
- Dos oito aos nove anos: transpõe com segurança sua imagem aos demais, já pode transferir progressivamente esta orientação aos objetos, o que permite uma estruturação do seu espaço de ação e disponibilidade global do seu corpo como conjunto organizado, chegando assim a um controle acabado da sua mobilidade segmentar.
E assim vai construindo o espaço ao seu redor. O único ponto de referência que tem é o seu próprio corpo, ou seja, as atividades que realiza com ele e é em relação a ele que o espaço externo é estruturado.
Ao falar da noção espacial é importante diferenciar três aspectos que a integram:
- A orientação espacial
- A estruturação espacial
- A organização espacial
A orientação espacial: refere-se à possibilidade de manter a localização constante do próprio corpo, tanto em função da posição dos objetos no espaço como para posicionar esses objetos em função da sua localização. As dificuldades que podem surgir na orientação espacial têm sua manifestação nas seguintes áreas: na escrita tem confusões entre letras de grafia similar e no cálculo números com grafia similar.
A estruturação espacial: é a capacidade para estabelecer uma relação entre os elementos escolhidos para formar um todo. Segundo Piaget, a estruturação espacial é composta por três categorias fundamentais que deverão ser manipuladas pelas crianças. Estas são:
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