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A DERROTA DO SUJEITO.

Por:   •  10/9/2018  •  Resenha  •  543 Palavras (3 Páginas)  •  190 Visualizações

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RESENHA: A DERROTA DO SUJEITO.

A HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA NO BRASIL

Em um primeiro momento Roudinesco afirma que “sofrimento psíquico manifesta-se atualmente sob a forma da depressão”, neste contexto o sujeito já não acredita na confiabilidade da terapia. Vivemos numa era pouco reflexiva, em que não estamos satisfeitos em estar em apenas um lugar, e usamos da tecnologia para estar em vários ao mesmo tempo. A normatização aderida aos processos psicológicos, a subjetividade disposta no pensamento freudiano do aparelho psíquico está em progressivo desaparecimento, ou seja, tende a se apagar da organização mental atual. Deixamos de ser sujeitos e nos tornamos apenas indivíduos no meio de tantos outros, não nos preocupando com o que somos, mas sim como estamos. A depressão teria se transformado na epidemia psíquica do momento “ao mesmo tempo que se multiplicam os tratamentos para oferecer a cada consumidor uma solução honrosa”.

Na palestra “A História da Psicopatologia no Brasil” o psicanalista Benilton Bezerra faz uma análise através da história, mostrando a psicopatologia como um campo que percorreu importantes pontos de mudanças. Segundo o mesmo, o que para alguns foi uma evolução, para outros estas mudanças são consideradas como um retrocesso. Antes a psicopatologia, que é o estudo do sofrimento psíquico inerente a existência humana, baseava-se na psicanalise e fenomenologia, onde o mais relevante seriam os processos interiores do sujeito, ou seja, a tentativa de obter sentido naquilo que era considerado patológico. Passando para um olhar de cunho biologicista, sendo assim o sentido já não importa mais, dando lugar aos sinais, baseado na ideia de sintomas são sinais para um diagnóstico; melhor explicando, não se olha mais o sujeito e sim a doença. Fragilizados como somos, para acabar nosso sofrimento nos tornamos cada vez mais suscetíveis a práticas sedutoras, que oferecem uma solução para onde nem sequer existe um problema. Tais práticas não têm como objetivo tratar a doença, mas sim de eliminar seus sintomas. Afinal, não nos interessa saber o que causa nossa angústia, o importante é acabar com ela. A partir deste ponto de vista biologicista observa-se a queda de uma visão organicista e o fenômeno psicopatológico por conseguinte se aproxima aos medicamentos psicofarmacológicos.

Contudo é possível perceber o quanto essa nova visão traz consigo interesses econômicos, políticos e sociais. Onde surge um movimento cada vez mais crescente da classificação das doenças, e consequentemente a crescente indústria dos psicofarmacológicos. A sociedade é cada vez mais “seduzida” pela solução dos problemas através do oferecimento de uma ilusão de cura, ou seja, uma resolução mais rápida e confortante. Infelizmente, hoje em dia ter um transtorno mental se tornou “chique”, pois é a justificativa mais prática para não ter que lidar consigo mesmo e é uma das melhores desculpas para o comportamento de alguns. O deprimido do fim deste século XX é consequente de uma dependência viciada do mundo, onde condenado ao esgotamento o sujeito busca na religiosidade, na droga, no culto ao corpo, um ideal inexistente, uma felicidade impossível, “futuramente precisaremos mais do que medicamentos para tratar a dependências destes que se acharam “curados”.”

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